E se... hoje o nosso teto fossem as estrelas?

559 19 4
                                    


– Me desculpa mesmo, meu amor... – Marcos se refugiara na biblioteca para poder falar com sua namorada – Eu sinto muito, mas eu não podia deixar a Nana aqui na mansão sozinha com o papai assim...

Mais cedo, naquele dia, o casal combinara de se encontrar no loft de Marcos para curtir uma noite a sós. Paloma planejara tudo, permitira que Peter fosse dormir na sua cunhada, deixara Gabriela e Alice na casa de Ramon, tudo para poder estar à noite toda com o amado. O telefonema dele, cancelando tudo, fora um balde de água fria, mas é claro que entendia os motivos do namorado, afinal a doença de seu Alberto piorava cada dia mais, fazendo com que os lapsos de memória fossem mais constantes e duradouros. Mesmo Marcos garantindo que, apesar de tudo, o pai estava bem, dormindo, ela entendia o porquê de ele querer continuar na mansão, pois Nana estaria sozinha, sem nenhum funcionário, já que todos haviam ganhado o dia de folga. Porém, fora inevitável não ficar tristonha. Ela tinha planejado tudo, arrumado a mesa, comprado um vinho e até arrumara tudo para cozinhar para ele e para depois curtirem a presença um do outro, daquela forma que só eles sabiam fazer.

– Mas eu prometo te recompensar, viu, dona Paloma da Silva? – a voz do amado foi ficando longe, longe, enquanto uma ideia surgia na mente dela.

– Amor? Cê tá me ouvindo? Paloma...?

– Oi, amor, tô ouvindo sim... – ela volta a si, com um sorriso no rosto – Eu sinto muito pelo seu Alberto e entendo completamente você ficar na mansão.

– Mas você vai ficar com saudade de mim? – a voz de Marcos é toda dengosa, o que faz a namorada sorrir ainda mais e responder num sussurro:

– Vou. À noite toda.

– Eu vou pensar em você o resto da noite – ele diz antes de desligar.

"Talvez não precise só pensar", Paloma murmura para si mesma enquanto se vira, toda elétrica e feliz, começando a pôr o seu plano em prática.

***

– Cê tá acordado? – a voz dela do outro lado da linha faz Marcos abrir um sorriso. Ele deitara no sofá da sala da mansão e lá ficou lendo. Nana e Sofia já haviam ido dormir e sua única companhia era o livro que lia, distraído. Por isso, ouvir a voz da namorada o deixara mais alegre.

– Tô, tava lendo no sofá...

– Ah, é? O que cê tá lendo? – Marcos nota que a voz dela está um pouquinho mais animada do que ele imaginara depois de cancelarem o encontro.

– Uma coletânea de poemas. Quer que eu leia até você dormir, meu amor? – pergunta ele, se colocando sentado.

– Não. – Marcos estranha a resposta dela, uma vez que Paloma ama que ele leia para ela. O rapaz não tem tempo nem para perguntar o porquê, pois a namorada logo complementa com uma pergunta – Sabe o que eu quero de verdade?

Ele sorri, já desconfiando de que algo está diferente. Um diferente bom, aliás.

– Paloma, Paloma... O que você quer, hein, minha sereia?

– Eu quero... – a voz dela soa tão sedutora pelo telefone que Marcos não para de sorrir – que o meu Peter Pan da praia saia e vá até o jardim buscar uma encomenda especial.

Marcos se põe de pé num instante, correndo para alcançar a porta e consequentemente o jardim da casa.

– Paloma, o que você tá armando? – ele pergunta com uma risada, girando a maçaneta da porta.

– Vem ver!

Ela desliga o celular ao mesmo tempo em que Marcos alcança o lado externo da casa. O que ele encontra faz seu coração bater mais rápido e seu sorriso refletir nos olhos: Paloma estava bem ali, parada no jardim, como o sorriso mais lindo e doce pra ele.

TERRA DO NUNCA MALOMAWhere stories live. Discover now