Capítulo 8: "eyes talk"

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Segunda-feira, 25 de março de 2030.

     Jaehyun levou um susto ao acordar com o despertador, que não estava tocando a música de sempre, sua música favorita, e sim apenas um sininho.
     "Acho que estava tão cansado ontem que esqueci de trocar a música" pensou.
     Seu fim de semana havia sido tranquilo, tirou-o para estudar, fazer lições atrasadas e pensar sobre a semana corrida e nada convencional. No dia anterior, ficou até mais tarde estudando, o que fez com que o menino dormisse menos naquela noite. Felizmente, não estava atrasado. Tomou um banho rápido para se preparar para o dia, colocou peças de roupa que gostava bastante, ainda bem que não precisava usar uniforme.
      Quando chegou à cozinha para preparar seu café da manhã, que na verdade seria apenas um pedaço de pão e o resto de suco que tinha na geladeira, sua mãe lá estava, sentada na bancada lendo algo em seu tablet. Achou estranho, a essas horas ela já estava no trabalho.
     — Oi filho, queria conversar com você antes de eu sair. — Sua mãe pediu que se sentasse. — Sei que já tem um tempo que seu pai não mora mais aqui, mas não havíamos nos separado ainda. Então vamos ao cartório hoje resolver tudo isso.
     Jaehyun preferiu não responder. Sabia que o inevitável aconteceria logo.
     — Você vai fazer 18 logo, então devo sair de casa em alguns dias.
     — Mas eu acabei de fazer 17---
     — Já é para você se acostumar. Não vai morar comigo pra sempre, e aqui é mais perto da sua escola então é melhor você não sair daqui.
     "Já moro meio que sozinho mesmo, ela passa o dia inteiro fora, vejo ela nem meia hora por dia" Jae sussurrou de forma quase inaudível. Não via problema em morar sozinho, mas depois de tanta coisa acontecendo no colégio novo, queria apenas um apoio. Não tinha mais. Nunca teve.
     — Que seja, mãe. Estou saindo. — Jaehyun respirou fundo e largou sua comida na bancada, pegando sua mochila, a chave e saindo para a escola.

     Já chegando em sua sala, viu Taeyong sentado. Logo que acenou para ele, o menino agora de cabelos loiros (trocava de cor de cabelo pelo menos uma vez por mês desde o ano anterior, não sabia como não estava careca ainda) disse que Sicheng havia se atrasado pois ficou até mais tarde jogando um jogo que estava tentando zerar. Jaehyun riu e isso melhorara seu humor, que não estava dos melhores.

     A professora de geografia era a primeira a dar aula no dia.
     — Bom dia alunos. Como vão? — ela parecia com um ótimo humor, o que era difícil de reparar em outros dias. — Bom, como vocês sabem, a escola criou um androide dançarino e blá blá blá, isso não tem nada a ver com a minha aula, mas a coordenação pediu para ele ser apresentado para os alunos na primeira aula. Então que seja.
     Taeyong e Jaehyun se entreolharam. Parecia um pesadelo sem fim.



     Jungwoo abriu a porta suavemente, depois de ver o sinal da professora pela espécie de janelinha na própria porta. Observou com cuidado a sala e entrou, se posicionando no meio da sala na frente da lousa digital.
     — Se apresenta aí robô. Você não tem aquelas apresentações automáticas não? — a professora disse de forma relativamente rude.

     — Ah, certo. — respondeu três segundos depois e, ao se virar para a sala, fez contato visual com um aluno que parecia já conhecer, ao lado de um loiro, na segunda fileira. Encorpado, parecia alto. Mas o outro desviou. Então desviou também. — Oi! Eu sou Kim Jungwoo, o tal protótipo dançarino. Será um prazer trabalhar com vocês futuramente e encontrá-los por aí. Espero poder aprender muito com vocês, afinal sou só uma máquina.

     — Mas androides não sabem muito mais que a gente? Ou pelo menos foram feitos pra saber — um aluno do fundo tirou coragem de só Deus sabe onde e perguntou.

     — Não importa quantas programações eu tenha, quantos tradutores eu tenha em mim, quantos passos de dança eu saiba realizar, não serei tão completo quanto um humano. — Jungwoo sorriu levemente. Mas logo notou a "besteira" que disse, e sua led ao lado de seus olhos ficou vermelha.

     Jaehyun queria muito comentar de seus olhos novos. Mas não teve coragem. Taeyong olhou para Jaehyun, que se sentia agoniado, e como se tivesse lido sua mente, soltou:
     — Seus olhos não eram castanhos?
     — Eram. Mas ocorreu um problema nas peças e tiveram que trocar. Eu gostei mais assim!
      Então era isso que Ten quis dizer com "ele é um robô gentil?"

     Novamente, os olhares de Jaehyun e Jungwoo se encontraram.
     E Jaehyun prometeu a si mesmo que isso nunca iria acontecer novamente.
     Logo o androide se despedia e saía da sala, continuava assim o dia com aulas normais, e com Sicheng chegando na segunda aula dizendo que tinha dormido demais, é claro.
     — Pelo menos eu consegui zerar! — comentou.

Love (Ro)bot (Jaewoo) Where stories live. Discover now