Um perdão incerto

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- Senhor Park, podemos desligar os aparelhos? - o enfermeiro pergunta receoso

- NÃO! VAMOS ATÉ O FINAL - novamente ouço o som do desfibrilador ecoando na sala, e mais uma tentativa falha de conseguir reanimar Minseok.

Sinto o aparelho ser tirado da minha mão com força e Nayeon assumir o controle, enquanto era levado para outro lugar da sala por alguma pessoa que eu não sabia distinguir por conta das lágrimas. Eu fracassei, como contaria isso a S/N ou para os tios do menininho ali fora? Como aceitaria que matei meu próprio na sala de cirurgia?

- Senhor Park - vejo o rapaz a minha frente - lave o rosto e relaxe, pode deixar que Nayeon assume daqui para frente! E uma dica, não fique se martirizando por conta disso, é apenas mais uma fatalidade das muitas que já aconteceram nesse hospital - ele sai me deixando chorando como uma criança na sala separada para o preparo dos médicos.

Com os olhos ardendo retiro minha touca, luvas e máscara vendo assim meu rosto inchado e desesperado no espelho. Não precisava dizer para notar o quanto abalado eu estava, e sim agora eu havia conseguido abrir meus olhos para o que estava óbvio a muito tempo, Minseok era meu filho e não precisava de um teste ridículo de DNA para comprovar, era como uma conexão entre pai e filho.

S/N pov.

Uma sensação ruim de bateu em cheio assim que entrei naquele maldito hospital, nunca estive prestes a desmaiar por conta de apenas estar em um lugar. Os corredores pareciam não ter fim e minha ansiedade parecia aumentar na medida que me aproximava da sala de espera, talvez alguma coisa ruim pode ter acontecido... NÃO!

Assim que vejo Jin e Taehyung sentados corro até ambos, eu precisava abraçar alguém e dizer o quanto eu estava angustiada e com medo de perder a melhor coisa da minha vida. Os olhos tristes dos garotos me diziam o quanto eles estavam na mesma situação.

- Alguma notícia? - pergunto já sentindo as lágrimas invadirem sem motivo algum - eu estou desesperada, desculpa...

- Sem notícias desde que eles entraram, me desculpe falar isso mas estou muito angustiado com algo ruim no peito - Jin me olha fazendo com que tudo se confirmasse

- Quando entrei aqui também senti isso, pode ser apenas medo ou.. - reviro minha cabeça espantando os maus pensamentos

- Seu pai veio junto? - aceno com a cabeça relatando que ele estava estacionando o carro e logo estaria entre nós.

O silencia prevaleceu na sala de espera, ninguém queria falar, ninguém queria chorar mais ou se desesperar por nada, até mesmo meu pai que falou a viagem inteira estava tenso ao meu lado. Nem mesmo uma única alma viva aparecia pelos corredores, até dar exatamente 3:15 da manhã.

- Vocês devem ser os responsáveis pelo Minseok! - a face cansada da médica nos observava apreensiva - me chamo Nayeon, e venho através do Senhor Park informar que.. Minseok não sobreviveu a operação.

Isso com toda a certeza era bem pior do que qualquer dor física já causada a minha pessoa, com todas as forças que me restavam apenas sentei novamente no banco sem ter condições mentais para assimilar aquela notícia. Só podia ser algum tipo de piada, não era possível que meu filho se foi e eu ao menos passei os últimos minutos dele a quilômetros de distância. Não havia lágrimas, apenas um vazio enorme que jamais será preenchido, eu não ouvia mais nada muito menos sentia alguma coisa.

Tudo desmoronou em questão de segundos, Minseok era tudo para mim, foi ele quem me ensinou a me amar e a dar amor, foi ele quem me fez desfrutar dos momentos mais lindos da minha vida que foi ser mãe de uma criança maravilhosa, e agora eu ao menos pude me despedir.

Apenas escuto um baque, como alguém caindo no chão e esse alguém era eu. Sem me dar conta do ocorrido, tudo escureceu e depois disso não me lembro de mais nada, apenas gritos histéricos de alguém que não conseguida distinguir.

Jimin pov.

Foram um total de 30 minutos tentando trazê-lo novamente a vida, sem sucesso algum. Todos os enfermeiros e Nayeon estavam fora do centro cirúrgico, provavelmente indo dar aquela notícia aos familiares, como isso me corroía por dentro. O peso da culpa estava em meus ombros, mas meus olhos não choravam como antes mas demonstravam tamanha decepção com minha "fatalidade".

Entrei novamente no centro cirúrgico vendo apenas o cadáver de meu filho sozinho na maca, sua pele estava mais branca que o normal, embaixo de seus olhos o roxo se encontrava extremamente destacado, as maquinas ainda estavam ligadas mas não demonstravam sinal de vida, eu tinha que aceitar que matei meu próprio filho.

Assim que encostei em sua mãozinha gelada, senti um arrepio na espinha mas não soltei-a nenhum momento. Lembrar daquele garotinho alegria me chamando de Doutor Jimin, ou até mesmo um sorriso sincero me fez perceber o quanto ele já era especial para mim mesmo eu não dando conta disso.

Passei minha mão por seus cabelos, tentando entender porque ele se foi tão cedo, na verdade eu não queria entender queria meu filho de volta. Nunca fui religioso, mas quando esse fato de aconteceu clamei aos céus para deixo-lo ficar. Eu precisava de mais tempo com Minseok, queria reparar os momentos perdidos, queria poder pedir desculpas.
Com a força que ainda me restava, me coloquei de joelhos e sussurrei ao garotinho o que eu deveria ter falado a minha tempo, um verdadeiro pedido de desculpas.

- Me desculpe filho, perdoe-me por ter te abandonado e simplesmente ignorado sua existência! Eu fracassei novamente com você e sua mãe, eu apenas quero que compreenda que desde que preguei os olhos em você, sentia a burrada que fiz. Eu te amo e sei que não mereço seu amor, porque você é um garoto extremamente especial! Me desculpe...

Lágrimas nasciam novamente em meus olhos, eu precisava fazer alguma coisa para tentar amenizar a situação, foi só então que me dei conta da gritaria na sala de espera, era S/N.

Don't Leave Me - Imagine Park Jimin Where stories live. Discover now