LIVRO 1: A Civilização Esquecida
Islândia, meados do século XXI. Em um momento em que a fé é inexistente para muitos, um professor de Antropologia e Teologia sorteia, em uma de suas palestras, 13 jovens de uma Universidade para porem toda a sua cren...
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Bella havia começado a descer um pouco demais talvez.
"Ela está descendo ou caindo?"
Pensei meio preocupado e um pouquinho nervoso. Em instantes, encontramos o chão de forma rápida e dura, mas felizmente estávamos em uma altura bem baixa quando ela perdeu o controle. Bella começou a se transformar em humana durante a queda e eu me joguei para o lado, caindo sobre o meu flanco esquerdo. Girei sobre meus ombros, olhando o céu com a respiração irregular e ainda cheio de adrenalina do voo.
Quando levantei a cabeça, ao ouvir ela falar, vi ela também estirada no chão só que nua, soltei um pequeno assovio provocativo apesar de estar bem cansado, virei para o outro lado, até mesmo eu tinha os meus limites.
— Comi o equivalente à um quarto da ração individual, eu não estou gordo. — Relutei em um falso tom de protesto e indignação, a respiração pesada no final.
Ao virar para o lado notei alguns objetos metálicos ao longe que estranhamente aparentavam serem espadas e outros equipamentos, quando levantei os olhos procurando pelo fim daquele campo vejo uma nuvem pesada de chuva concentrada em apenas um foco no meio do céu limpo.
Mas algo mais perto chamou-me a atenção, em meio ao campo havia uma árvore absurdamente grande e tronco largo e de uma copa que parecia segurar o céu.
— Eu acho que mais uma parada estranha está acontecendo, querer ir lá ver? — Perguntei meio desanimado com a ideia de me levantar.
— Você podia me ajudar, te carreguei a floresta inteira. — Reclamou Bella arfante. — Parada estranha? Vamos lá, talvez sejam os outros. — Respondeu forçando seus braços no chão erguendo o tronco. — Cavalheiro, poderia jogar minhas roupas? — Brincou, mas o tom de sua voz entregava o esforço que fazia para se manter em pé. Contudo, isso não foi o suficiente para tirar o sorriso de seu rosto. — Está cansado do que?
Ao escutar seu pedido arfado, semelhante à um gemido, me esforcei para me levantar e um sorriso malicioso tomava meu rosto.
— Eu costumo tirar as roupas, mas posso lhe ajudar a botar também. — Falei com a voz propositalmente rouca e sensual, não custa nada tirar uma brincadeira. Fui até onde as roupas dela haviam caído no chão e com as roupas na mão me aproximei, estendi as roupas em sua direção.
— Você é terrível. — Afirmou com os olhos revirados.
Joguei a roupa na direção dela quando pediu, mas eu já estava perto o bastante para ela pegar estendendo a mão na realidade, não ia deixar barato sua brincadeira comigo.
— Depois desse tempo todo te montando, não tem quem tenha gás o bastante. — Acabei me segurando no início, mas no fim não conseguir deixar de rir. — Realmente queres ir até lá? Com uma tempestade daquelas, prefiro cavar um buraco e me enterrar logo, mas se quiser ir, daqui a pouco eu chego.
— Eu sei, consigo cansar qualquer um com uma montada. — Comentou piscando os olhos em seguida, mas logo suspirou cansada também. — Você vai me deixar ir sozinha? Grande cavalheiro você é.
— É isso que elas sempre dizem. — Retribuo sua piscada, mas voltei a encarar seu horizonte após seu pedido, apesar de não enxergar muito bem o que estava lá, não deveria ser coisa boa.
— Jo-Johan, você tem que ir comigo, há outro totem e uma garota lutando, deve ser uma das nossas. Precisamos ir agora. — Bella então disse ansiosa.
Sua voz hesitante me preocupa um pouco antes mesmo dela dizer a razão. Ao virar-me para ela, entendi como ela tivera aquelas informações, sua marca cintilava, mesmo que fracamente. Seus olhos encontravam-se amarelo e sua pupila tão escura como a de um predador, eram olhos de águia.
Ao escutar que havia um totem um entusiasmo floresce dentro de mim, meu corpo pedia por descanso, mas a perspectiva me dava energias. Pus um sorriso em meus lábios e animado falei.
— Vamos ao resgate! — Após alguns segundos adicionei. — Mas vamos de passarinho ou correndo mesmo?
— Tenho uma ideia melhor, eu vou de "cavalinho" em você. — Alfinetou-me.
— Ei! Eu não sou um "cavalinho". — Retruquei indignado sem saber muito como protestar, só que mal sabia eu que o pior estava por vim.
— Espero que haja um totem igual ao meu perto desse e que ele te transforme em algo legal, tipo um cupcake, eu adoraria um cupcake agora. — Brincou pensativa com a mão na barriga e pôs-se a frente. — Acho que os dinossauros não vão ligar se nos armamos.
— Cupcake, sério? — Fingi estar absurdamente ofendido. — Eu posso até ser fofinho e gostoso, mas as semelhanças com os cupcakes acabam aí.
Fora minhas palavras antes de segui-la até onde estava as armas, era realmente um cenário de guerra, ainda era possível sentir o sangue quente nas lâminas e tecidos em flechas.
— Não sei se as semelhanças ficam por aí, ainda não provei... — Foi sua vez de ousar maliciosamente.
— Podemos resolver isso, até porque não há ninguém em perigo nos esperando. — Ironizei com o mesmo tom que o dela.
Mexi em algumas espadas, a maioria estava um pouco torta ou desbalanceada, além de não conhecer bem aquelas lâminas, uma mistura de armas indígenas com matérias de forjamento, qual quer que tenha sido a civilização que neste lugar viveu, haviam conhecimentos muito avançado para seu tempo.
Após um tempo testando as lâminas acabei por escolher uma de gume duplo, mas assim como as demais, eram pesadas, o forjamento ainda deveria ser algo novo para eles. Mas surpreendi-me por seu cabo ainda estar firme e bem sólido.
Bella o mesmo fez, testou o equilíbrio de algumas espadas até chegar em uma menor que lhe agradou.
— Devemos apreçar nossos passos, ainda temos que andar muito. — Comentou seguindo a caminhada. — O que será que esse totem significará?
— Não sei ao certo, mas esperançosamente vai ser algo semelhante ao que foi o seu, depois de toca-lo que você começou a ter essas habilidades. — Disse tranquilo enquanto ajeitava a minha mochila nas costas e reiniciava a caminhada.
— Isto é real, depois do totem, surgiu a marca e pronto, coisas estranhas começaram a rolar comigo. — Concordou.
Sabíamos dos riscos que aquele totem poderia fazer, porém aquela marca significava uma balança de esperança para nós em que ela decidiria entre nossa morte ou nossa vida.
