Capítulo Sete

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___ CAPÍTULO SETE___

Altos e Baixos

— CLARO QUE NÃO, REYES!

— Bom, então devia mudar essas regras! Primeiristas para o quadribol já!

— Porém, eu acredito que seria uma ótima apanhadora – Laiana espreguiçou e tomou mais um gole de seu chá –Ano que vem vou realizar os testes.

— Eu só queria poder jogar esse ano – Reyes continuou se lamentando.

O assunto começara quando Sophia citou o livro Quadribol através dos séculos de Kennilworthy Whisp devido às recentes notícias, isto é, de que as aulas de voo em breve começariam. Sophia jamais voara em uma vassoura antes e isso a fez procurar desesperadamente sobre macetes e dicas de voo. A preocupação de Sophia não era à toa. Voar parecia incrível, porém ao mesmo tempo assustador. Além disso, parecia que ela era a única da Casa da Serpente Mbae que reagira de tal modo com a notícia. Na noite anterior ela ouvira de Mirella, uma garota extremamente irritante e cheia de si que podia voar tão rápido que o pomo de ouro sequer se comparava com ela.

Mirella Scheidegger vinha de uma família razoavelmente nobre no sul do país. Seus olhos eram azuis acinzentados. Todas as noites ela, juntamente com Dinah Santos e Kamila Negrisoli – suas assíduas admiradoras – reuniam no sofá da sala comunal e contavam histórias extravagantes. Certa feita, Sophia ouviu Mirella gabar-se ao ser perguntada por Kamila a respeito de um dever da disciplina de Defesa Contra as Artes das Treves: "Eu sou a bruxa mais promissora de CasteloBruxo, faço o que eu quero e quando eu quero".

Mirella sempre estava aprontando com outros primeiristas de outras casas. Seus alvos eram especialmente os gringos. Reyes inclusive havia sido alvo de brincadeiras de mau gosto. Nesta ocasião, Reyes estava faminto e Mirella gentilmente ofereceu um pastelão de carne. Ocorre que, na verdade, tratava-se de um sapo venenoso transfigurado o que fez Reyes passar uma semana na enfermaria com a boca toda inchada. Por causa disto, Laiana Baleroni era declaradamente inimiga mortal de Mirella e, nos últimos dias, esta começara a caçoar de Sophia depois que a viu juntamente com Reyes e Laiana.

— Ei, estranha! Não fique perto de gente como esses ratos chafurdeiros não! – Mirella dissera a Sophia uma vez, se referindo à, principalmente, Reyes.

— Se eu fizer papel de otária na frente dela as coisas só vão piorar! – Sophia se lamentou e folheou mais uma página do livro que lia avidamente.

— Você não sabe se não vai conseguir voar! – Laiana comentou com Sophia – E mesmo se não conseguir, estamos aqui para aprender, não é mesmo?

Claro, era muito fácil para ela dizer aquelas coisas. Ela passara a maior parte da infância voando nos campos de girassóis que afirmava existir em sua casa. Até mesmo Reyes contava com seu acentuado sotaque da vez em que sobrevoou com sua família a Cordilheira dos Andes. Por que ela tinha que ser tão azarada a ponto de ter uma mãe trouxa e um pai aborto?

Como se não bastasse, Sophia vinha tendo problemas para dormir em razão de sonhos estranhos envolvendo o que vira na noite em que chegou em CasteloBruxo, isto é, o lampejo de uma luz verde com sombras de três pessoas em um lugar sujo e rústico. Várias vezes acordara com Olívia Melo a sacudindo.

— O que foi? – Sophia uma vez perguntara a Olívia.

— Você estava pedindo por socorro... – Olívia respondeu sonolenta.

Todavia, era inútil perder tempo com essas distrações. Ela serrilhou os olhos e pôs a reler o parágrafo que não entendera uma sequer palavra.

Sophia e o CasteloBruxo - Livro 01Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin