Capítulo Dois

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___ CAPÍTULO DOIS___

A menina que fugiu


Quase dez dias haviam se passado desde o dia em que os Strobbels começaram a agravar seus problemas por conta da filha que chegara em casa após um dia inteiro que passara fora de casa. Além dos olhares firmes e ameaçadores da Sra. Strobbel ao seu marido e as broncas em Sophia, quase nada mudara na Rua Antônio Nobre. O sol nascia monotonamente para as mesmas casas e para as mesmas pessoas que levantavam no raiar da manhã para cumprir suas obrigações.

Próximo ao armário onde ficava uma televisão antiga de duas cores que os Strobbels suaram duro para comprar havia alguns retratos da família, nos quais Mila Strobbel raramente aparecia. A menina vivia muito longe dali e voltava apenas ao final do ano letivo e no natal, quando não perdia seu trem.

— Acorde menina! – A voz da Sra. Strobbel ecoou por todo o quarto onde Sophia repousava. A menina mal se mexeu com o grito da mãe. Esta, desgostosa, foi até a filha e lhe puxou o cobertor: habitualmente, Sophia se encontrava enroscada com um livro e este último, era o que recebera de seu pai no dia de seu aniversário.

"Ainda vou queimar todos esses livros" pensou ela.

— Você vai ser atrasar novamente para ir à aula! – Ela gritou no ouvido da menina. Sophia levantou em um salto e olhou contrariada para a mãe.

— Pensei que poderia faltar hoje – Ela resmungou.

— Você diz isso todos os dias! Vem, o café está na mesa! Mila vai leva-la à escola.

— Consigo andar com minhas próprias pernas.

Sophia sentiu um tapa na cabeça.

— NEM MAIS UM PIO! Já estou farta de sua arrogância, menina! – Sra. Strobbel esganiçou.

O café foi como todos os outros dias na casa dos Strobbels. O marido andava de um lado para o outro procurando as chaves e discutindo com a mulher. Sophia bebericava o chá lentamente e uma vez ou outra pegava um pão de queijo. A única diferença era que Mila estava em casa, ainda assim, eles mal sentiam sua presença por esta permanecer trancafiada em seu quarto "estudando". Sophia ouvira sua mãe em uma de suas brigas com o pai dizendo que Mila devia ir a um psiquiatra. Achava que a filha estava deixando de ser razoável.

E apesar de Sophia saber consideravelmente sobre coisas incomuns, ela concordava que sua irmã estava agindo ultimamente de modo estranho, até mesmo para os padrões bruxos. Mila aparentava viver amedrontada ao ponto de assustar-se com a própria sombra ou seu reflexo no espelho. Além disso, sua irmã tinha a mania de parar e olhar para lugar nenhum, como se estivesse em um transe, sem falar nos ataques de pânico que a paralisava e fazia a dizer coisas sem sentido. Sophia não sabia deste último fato, até que Mila a levasse neste dia à escola. Após o café, Mila pegou o carro do pai a fim de levar a irmã à escola dos trouxas. Durante o percurso – onde ambas podiam ouvir a própria respiração devido ao incômodo silêncio – a irmã mais velha começou a acelerar o veículo inconsequentemente.

— Mila, não acha que estamos muito rápido... – Sophia começou a dizer, mas ao olhar para a irmã, viu-a balbuciando palavras sem sentido algum. Apavorada, ela tomou o controle do veículo e desviou-se de um grupo de crianças que atravessava a rua, porém chocou contra uma árvore.

— NÃO DEVIA TER SAÍDO DA CASA HOJE! – Sophia vociferou contra a própria sorte e olhou irritada para irmã. Ela estava com cara de espanto.

— O-oque a-aconteceu? – Mila perguntou em um sussurro.

Sophia e o CasteloBruxo - Livro 01Where stories live. Discover now