22. Desvio de percurso

3.6K 479 662
                                    

POV MINA 

Eu não sabia onde Sana estava, era claramente um tiro no escuro. Senti meu coração apertar quando me lembrei que tinha deixado Chaeyoung sozinha, e repensei mil vezes se nos separarmos teria sido uma boa idéia, mas agora não tinha mais o que fazer. Eu já estava a muitos quilômetros longe dela.

Peguei a estrada para o leste, era de lá que vinha a localização da chamada de Sana, graças aos equipamentos da delegacia que fizeram o trabalho por mim, identificando exatamente cinco hotéis naquela região, e minha amiga poderia estar em um deles.

Começou a chover e com a estrada molhada, tive que desacelerar o carro, seria perigoso demais continuar correndo do jeito que eu sempre fazia.

No rádio tocava Sweet Dreams do Børnse eu só conseguia pensar que se fosse antes, a letra daquela música serviria pra mim, mas depois que Chaeyoung apareceu na minha vida, eu não poderia me comparar a nada melancólico. Afinal, ela tinha me trago uma sensação doce e calorosa, eu acho que realmente era amor.

Nas inúmeras tentativas falhas de me comunicar com Sana mais uma vez, fui finalmente correspondida, quando a mesma me ligou dessa vez.

- Minari, eu já disse que estou bem, por que continua ligando?

- Sana, me escuta. Você precisa sair daí.

- Eu volto amanhã Mina, para com essa paranóia.

- Sana caralho, é sério! Eu tô indo buscar você agora. Me fala em que hotel você tá

- Você o que?? Mina! Eu tô viajando com a minha noiva, para com isso.

- Ela não é sua noiva Sana, eu não devia dizer isso pelo celular, mas foda-se!

- Você tá dirigindo? Para o carro agora! É perigoso, tá chovendo aí?

- Minatozaki Sana! Cala a boca e me ouve! - Eu estava completamente irritada agora. - Dahyun tem uma irmã gêmea e o nome dela é Ha-Yoon, quem está com você agora não é a sua noiva, porque ela foi sequestrada e você nem percebeu! 

- Você fumou? - Ouvi uma risada sarcástica. - Sério, o que tá acontecendo com você?

Comecei a acelerar o carro na rodovia. - Presta atenção. Eu tô na rodovia 69, me encontra na rotatória a dois quilômetros daqui. Você tá correndo perigo.

- Eu não vou a lugar nenhum com você. 

Não acredita em mim não é? - Suspirei. - Me fala, onde Dahyun está? - Eu sabia que se perguntasse da Ha-Yoon ela iria zombar de mim.

- Ela saiu pra comprar comida, faz algum tempo.

- Dá tempo de você me encontrar e voltar comigo. 

- Mina é sério, desliga o telefone, você tá dirigindo. 

Pensei em responder Sana, mas resolvi me conter pra não acabar xingando ela, já que a mesma parecia ter o cérebro do tamanho de uma barata.

Respirei fundo ainda com o telefone no ouvido, e escutei ela chamar meu nome mais algumas vezes, mas eu não a respondi. Continuei acelerando ainda mais o carro, quando estava em uma reta da rodovia, não tinha nenhum carro ali, o que facilitou para que eu não me controlasse.

Quando cheguei a meados oitenta por hora, vi a silhueta de uma mulher parada logo à frente, e comecei a buzinar desesperadame para que ela saísse do caminho, mas a mesma não o fez. 

Quando fui me aproximando ainda em alta velocidade, tentei buzinar por uma última vez sem êxito que ela correspondesse, então senti um dos pneus da frente passar por cima de um buraco, e virei bruscamente o volante fazendo com que o carro batesse de frente com a barra do acostamento e passasse por cima dela, virando de cabeça para baixo,  e chegando até a beirada de uma montanha.

- Minari, o que aconteceu? Minari! - Provavelmente ela ouviu o barulho dos freios.

Eu não... - Não conseguia sentir minhas pernas, pareciam estar presas nas ferragens.

Nesse momento, agradeci por ter lembrado de colocar o cinto, mas estava de cabeça para baixo quando percebi o sangue escorrendo do meu nariz. O carro havia capotado.

- Sa...na...- Minha voz saiu quase mínima.

Ouvi mais algumas vezes ela me chamar, mas depositei toda minha atenção em dois pés que andavam na lama envolta do carro, até chegar na janela ao meu lado. 

Quando se abaixou, era... 

- Você.... - Disse fraca quando a mulher fez um sinal colocando o dedo indicador nos próprios lábios para que eu não falasse nada.

Se abaixou para pegar meu celular que ainda estava na chamada com Sana, e o desligou com um sorriso largo.

- Me desculpa por isso detetive, mas você é um saco, e tinha que te tirar do meu caminho. 

- Você não é a Dahyun. 

- Como adivinhou? - Abriu a porta, e destravou meu cinto, me puxando pra fora.

- Não toca em mim! - Quando me colocou no chão, tentei me arrastar para longe, mas ela fez questão de ser mais rápida e segurar minhas pernas.

- Não tive o prazer de me apresentar. - Tirou uma faca do bolso. - Meu nome é Ha-Yoon. - Seus olhos pareciam trazer consigo um mar de horror que transpareciam a cada vez que mantinha contato comigo. - Sou a irmã gêmea de Dahyun.

- O que você quer comigo? - Yoon segurava minhas pernas com força.

- Com você? - Sorriu. - Nada detetive. - Colocou a faca próxima ao meu rosto fazendo menção de que iria cortá-lo. - Sou apenas uma serva.

- Você vai me matar? - Semicerrei os olhos esperando logo uma resposta.

- Não por enquanto. - Desceu com a faca lentamente pelo meu corpo, rasgando minha blusa. - Mas se tentar alguma coisa, já sabe onde vai parar. - Passou as mãos no meu sutiã que estavam à mostra, e colocou a ponta afiada em sentido ao meu coração. 

- Por que esta fazendo isso? Vá direto ao ponto. - Eu estava fraca demais para reagir, e os pingos de chuva caíam sobre meu braço que aparentavam estar cortados.

- É melhor não. - Ela sorriu e se levantou. - Vou esperar suas amiguinhas. Elas estão vindo certo? - Guardou a faca no mesmo bolso. - Será um belo show quando eu for matar uma por uma, com você vendo tudo, detetive.

- Eu vou acabar com você, tá me ouvindo? - Ha-Yoon se abaixou me puxando pelo braço. 

- Você não consegue nem andar. - Me encostou no carro.

- Não importa nem se eu estiver sem as pernas. - Ela se aproximou do meu rosto parecendo querer me ouvir. - Você vai pagar por todos os crimes que você cometeu!

- Quais crimes? - Arqueou a sobrancelha. - Tá falando daquelas mortes de antes? - Deu um tapa leve no meu rosto. - Acorda detetive, aquilo não foi eu.

- Acha que vou acreditar em você? - Segurei seu braço fortemente quando a mesma fez menção de levantar.

- Como você pode ser tão ingênua assim Mina? - Se soltou da minha mão. - A única morte pela qual posso ser julgada, será pela sua, e a das suas amigas.

- Se não foi você, quem foi então?

- Eu não deveria te contar isso e estragar a surpresa detetive. - Sorriu mais uma vez, porém mais cínica do que antes. - Mas o que mata as pessoas, são demônios da alma, os mesmos nos quais eu sirvo. E se alguém como você entra no cominho deles, é meu dever eliminá-la.

Nesse momento me lembrei da senhora que tinha ido falar comigo outro dia, e sua história se encaixava perfeitamente. 

- Demônios de almas? - Senti uma leve pontada no estômago, e o cobri com minha mão. - Por que iria acreditar em você?

- É sério que depois de tudo o que você viu, ainda não entendeu que não se trata de uma obra de meros humanos?

- Você chama assassinato de dezenas de pessoas de obra? - Falei ríspida.

- E você não? - Pegou uma corda que estava jogada no chão e veio em minha direção.

- O que tá fazendo? - Ela segurou minhas mãos amarrando a corda firme.

- Sinto muito dizer isso detetive, mas está na hora de fazermos um passeio.

TRICK IT - 1ª TemporadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora