Capítulo 18

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Peguei minha bandeja de comida e me dirigi para mesa que eu e as meninas costumam nos sentar, o refeitório ainda estava um pouco vazio e nem sinal de minhas amigas. Me sentei sozinha dividindo minha atenção entre meu prato e a pequena movimentação de alunos que entravam.

Tirei a sorte grande de minha terceira aula ser com a professora de português que não se incomodou e nem fez perguntas por eu ter chegado atrasada. O que para mim, foi um alívio, pois minha cabeça estava cheia demais para pensar numa desculpa cabível.

A aula toda passei revivendo o momento que eu e Igor tivemos naquela árvore, não parava de pensar em como as coisas teriam sido se não tivéssemos sidos interrompidos. A todo momento pensava em como seria a sensação de ter seus lábios tão unidos aos meus, ter o seu cheiro agarrado a mim enebriando meus sentidos e o seu toque quente marcando minha pele como uma trilha de fogo.

E agora no refeitório ainda não conseguia tira-lo da cabeça, era tão fora do meu controle que às vezes me sentia frustrada por não ter domínio algum sobre mim. Olhando algumas meninas do time de futebol entrarem em grupo no refeitório, permaneço com a consciência entre pensamentos imaginários e o mundo real, mas desperto quando vejo Giovana entre elas.

Ela trazia consigo um sorriso que exalava diplomacia, andava de forma lenta e bem calculada, como se cada passada fosse um movimento de uma dança invisível a qual só ela tinha o controle, porém quando aqueles olhos pretos que teimavam em manter a serenidade se focaram em mim, pude ver a centelha da aflição que ela se esforçava em esconder, ela estava sofrendo.

Tão rápido seu olhar veio como também se fora, ela estava me ignorando e por mais que minha curiosidade ansiava por descobrir o que se passava, resolvi dar o que ela queria, espaço, por isso voltei a atenção para o meu prato.

Não demorei avistar Clara e Luíza adentrarem o refeitório, às duas se encaminharam para fila da comida conversando animadamente entre si enquanto esperavam por sua vez. Pude ver a surpresa estampada em seus olhares quando se dirigiram para nossa mesa.

— Pensei que não tivesse vindo. — começa Luíza se sentando na cadeira vaga na minha frente e Clara ao meu lado.

— Cheguei atrasada.

— Aconteceu alguma coisa? — Clara pergunta.

— Não, nada, só dormi mais que a cama.

— Gente! — Luíza diz alto de mais assustando eu e Clara que damos um mini pulo na cadeira — Vamos sair domingo?

— Pode ser. — digo sem entender o motivo de sua euforia.

Luíza se aproxima de nós como quem quer contar um segredo — Desculpem, o Téo acabou de passar aqui por isso gritei desse jeito.

— E, porque você fez isso? — sorrio atrevida.

— Também não sei — ela da com os ombros — Talvez eu tenha sérios problemas na cabeça.

Clara e eu sorrimos — Mas aproveitando o que você disse, vamos sair sim.

— Vai ser legal. — Clara diz concordando.

— Ótimo! Depois a gente combina por mensagem. — Luíza sorri apoiando o queixo na mão esquerda.

Caio chega sorrateiramente em nossa mesa e todas viramos a cabeça para observa-lo puxar uma cadeira da outra mesa colocando na lateral da nossa.

— Bom dia, meninas! — ele diz sorrindo e nos cumprimentamos. Caio tinha um sorriso muito bonito, aquele tipo de sorriso que tem o poder de iluminar o dia nublado de alguém, tudo nele emana otimismo e a paz parecia transbordar de dentro dele.

Não posso ser sua amigaWhere stories live. Discover now