Capítulo 7

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Acordei com o estridente som do meu alarme, que anunciava o começo de um novo dia. Uma nova chance de recomeçar me fora dada, e é com esses pensamentos que levanto da cama e me dirijo para a janela.

O ritual que há muito tempo havia adotado, olhar todos os dias para o mundo lá fora, e observa-lo de longe. Como um narrador observador que presencia uma cena, ninguém sabe que ele esta la, mas só porque não o vemos, não significa que ele não exista.

Eu me sentia assim, e era com muita ternura que eu observava o sol ganhando seu espaço, convidando as trevas educadamente a se retirar, porque seu momento de iluminar a vida havia chegado. As árvores já se alongavam com a presença do vento, e os pássaros se reuniam para dar início a sua prestigiosa ópera.

As recordações da tarde de ontem me arrebatou, trazendo consigo um mix de bons sentimentos que me inundaram. Há muito não me sentia tão leve e completa. Primeiro meu momento à sós com o Igor, e depois o almoço descontraído que desfrutamos na companhia de nossas mães.

Nós divertimos muito e falamos de várias coisas, alguns interrogatórios constrangedores foram proferidos, que para defesa minha e do Igor sempre intervíamos para salvar um ao outro. Também salvei o Igor incontáveis vezes comendo as beterrabas que a mãe dele colocava em seu prato. Sempre que Lisa dirigia a atenção para outra coisa, ele empurrava uma beterraba no meu prato, me fazendo rir muito.

Minha lasanha foi muito bem aproveitada, todos repetiram e alguns mais do que deveria se levando em conta a etiqueta, mas fazer o que se o Igor amou minha lasanha. A verdade é que eu fiquei radiante sempre que ele comia minha comida com gosto, minha mente criativa já imaginava como em um futuro alternativo eu poderia cozinhar para ele, cozinharia qualquer coisa que ele pedisse só para vê-lo se empanturrar da minha comida.

Mas voltando a realidade de um novo dia que me espera e deixando as lembranças de lado, eu tinha que ir para a escola. Depois de me arrumar e comer mingau de aveia com canela, estava mais que pronta.

Abri a porta e dei alguns passos para fora, ficando alguns segundos parada no mesmo lugar absorvendo o calor do sol. Em seguida desci a rua já pronta para a caminhada até a escola, porém a voz do Igor me parou.

- Quer carona? - ele grita ao longe, a chave do jeep chacoalhando em sua mão.

- Não - grito colocando as mãos em formato de concha nas laterias da boca, para que o som da minha voz se amplie - Eu quero ir andando.

Igor retorna em direção a sua casa sem dizer mais nada, dou de ombros e volto a andar novamente. Minha rua era um corredor rodeado por várias árvores nas laterais, árvores tão altas que faziam eu me sentir como uma formiga. Mas eu tinha que admitir que era lindo, não me cansava de admirar sua grandeza e reparar em como tudo na natureza é perfeito e extraordinário.

Estava caminhando já algum tempo, quando escuto passos de corrida atrás de mim. Sou surpreendida quando alguém segura minha mão direita e me puxa também me fazendo correr. Depois de soltar um gritinho agudo e ver quem me puxava, me acalmei, mas corremos por um bom tempo até que eu o puxei para trás, fazendo com que ele brecasse e finalmente parasse.

- Porque você esta correndo Igor? - perguntei confusa.

- Vamos chegar atrasados - ele diz, sua respiração ofegante e a voz meio falha.

- Não vai não - arqueio minhas sobrancelhas e movo minha cabeça negando para enfatizar.

- Ok então. - Concorda e em seguida umedece o lábio inferior para em seguida pressiona-lo, ele estava levemente corado.

- Você é doido - começo a rir e não posso evitar gargalhar. Quando me recupero pergunto - Não ia de carro?

- Ia, mas faz bem caminhar um pouco - seu olhar se fixa na rua a nossa frente - Como você viu estou um pouco fora de forma sabe, por causa da lasanha - ele pisca, esfregando em círculo a barriga.

Não posso ser sua amigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora