Capítulo 8

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Depois da terceira aula do dia o sinal do intervalo bateu. Caminhei rumo ao refeitório olhando atentamente para os corredores na esperança de encontrar minhas amigas. Avistei Clara alguns metros à minha frente e meu semblante logo se iluminou. Ela estava linda, seus rebeldes cachos dourados estavam soltos, livres para flutuarem conforme ela se movia.

Quando me viu logo abriu um sorriso acolhedor. A verdade era que eu podia ver todos os dias minhas amigas, mas, todas as vezes que nos encontrávamos era como se tivéssemos séculos distantes uma da outra.

Acho que amizade verdadeira é assim, você sempre anseia por estar entre as pessoas que te fazem bem, aqueles que podemos gargalhar escandalosamente sem medo do que vão pensar, aqueles que podemos estar confortáveis para sermos nós mesmos.

Não é preciso ter muitos amigos, porque só de você ter uma pessoa em que você realmente pode confiar e que te entende já é um grande tesouro. Quantidade não diz nada, porque pessoas entram e saem de nossas vidas. O que realmente importa são as qualidades nas pessoas que querem tanto nosso bem como desejamos para elas, almas que se ajudam.

- Oi Olivinha - Clara me cumprimenta assim que termino de me aproximar. Olivinha era um apelido carinhoso que usava comigo de vez em quando.

- Oi... - cantarolo suavemente - Você parece um pouco cansada.

- Ah eu tive aula com o professor / chato / arrogante / Álvaro. Acho que isso explica né - ela suspira melodramática.

- Tá explicado - sorrio complacente - O professor Álvaro pode ser um pouco insuportável as vezes, ou melhor, sempre!

Começamos a rir e mal noto Caio se aproximando ao meu lado. Agora que nos encontramos de dia, pude perceber o quando ele era bonito, seus olhos eram de um preto tão vibrante que fascinavam, detalhes que até então nunca havia reparado.

- Meninas - Caio nos cumprimenta com um leve aceno de cabeça.

- Oi Caio, como vai? - pergunto meio tímida.

- Bem, e você?

- Bem também - percebo que seu olhar se desvia com interesse para Clara que ainda se manteve quieta, decido então apresenta-los - Essa aqui é a Clara, minha amiga e Clara esse é... o Caio, conheci ele sexta-feira.

- Prazer Clara - ele estende a mão em saudação, para em seguida piscar.

- Prazer - ela sorri com cumplicidade.

Fico um pouco confusa mas, não tenho tempo para entender porque Luíza acabou de chegar com toda sua exultação. Ela só da uma boa encarada no Caio sem disfarçar, é difícil não rir com uma discrição dessa.

- Oi eu sou a Luíza, e você quem é? - Ela já chega falando.

Aí não deu, comecei a rir. Mas eu admirava essa ousadia, ela era tão confiante e audaciosa de um jeito único.

- Luíza esse é o Caio, conheci ele sexta-feira - digo me intrometendo.

- Na festa? Se soubesse eu tinha ido - ela diz descaradamente avaliando.

- Luíza! - advirto tampando sua boca com minha mão - Ela só ta brincando - digo sem graça para o Caio.

- Relaxa - Caio diz se divertindo com tudo aquilo - Vocês querem almoçar comigo?

- Almoçar? - pergunto surpresa com a proposta.

- A gente quer - murmura Luíza sobre minha mão que ainda continua sobre sua boca.

- Se a Clara for... - me dirijo a Clara lançando um olhar que rogava para que ela dissesse não. Sentar com Caio no refeitório significava sentar na mesa dos meninos do basquete, e eu não queria me sentar no meio de pessoas que eu não conhecia.

Não posso ser sua amigaWhere stories live. Discover now