Capítulo 11

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— Olívia... — Luíza cantarola irritantemente no pé do meu ouvido. Estávamos ajeitando uma cama improvisada no chão da sala para dormimos todas juntas. Tiramos a mesinha de centro da sala e agora estendíamos cobertores sobre o tapete fofo de pelinhos bege — Vai Olívia, responde só uma perguntinha. - Luíza diz exasperada, já aparentando estar completamente sem paciência das minhas tentativas de driblar essa conversa.

— Pergunta vai! — respondo num suspiro.

— Vocês se beijaram? — ela pergunta esperançosa.

— Que? É claro que não! — rebato apressada, minha face se revertendo em uma expressão abismada.

— Nem uma beijoquinha? — Sua expressão é decepcionada quando aceno negando.

— Espera! — exclamo alto imediatamente chamando sua atenção — Eu beijei ele sim. — completo misteriosa e convicta.

— Sério? — Luíza pergunta desconfiada com as sobrancelhas levemente franzidas.

— Uhum...

— E como foi? — ela pergunta afobada. Nesse momento nos sentamos todas em cima dos cobertores. Clara permanece em silêncio, mas percebo seu olhar atento em nossa conversa antes de alcançar seu celular que estava no sofá o ligando.

— Nós estávamos deitados sobre a grama conversando sobre alguma coisa que agora não lembro bem, mas sei que em um momento inclinei minha cabeça para cima pra poder vê-lo melhor. Foi aí que aconteceu, me prendi na imensidão daqueles olhos e não tive coragem de me afastar, não queria perder nenhum sequer detalhe daquele rosto. Se você acha que eu fiquei tímida? — pergunto de forma atrevida — Pelo contrário Luíza! Me aproximei mais e mais até capturar aquela boca na minha. Foi perfeito!

— Olívia eu tô é chocada! — ela grita não se contendo de empolgação — E daí? O que aconteceu depois que vocês se beijaram?

— Daí que acordei. — digo descontraída. Clara que até então observava tudo em silêncio, instantaneamente explode em uma gargalhada enquanto Luíza se mantêm em um silêncio mortal. Seu rosto ficando cada vez mais vermelho e a boca se formando um biquinho, até que ela saiu de sua bolha intocável e me lasca um tapa ardido no braço.

— Aí Lu! — grito sentindo meu braço queimar e ficar dolorido — Só tava brincando!

— Isso é por você me enganar! — ela faz uma careta reprovadora — E eu aqui pensei até nos filhos de vocês enquanto ouvia essa mentira.

— Não é mentira! Eu realmente sonhei com isso hoje no parque — me apresso em dizer — Quando acordei não sabia discernir a realidade do sonho, porque foi tão real e ter o Igor perto de mim me deixou mais confusa. Parecia um sonho dentro de outro sonho. — completo.

— Quer dizer que o Igor te observou dormir — Seu rosto vermelho se dissolve num sorriso abobalhado em questão de segundos sobre o efeito de seu devaneio — Mais que romântico!

— Romântico? Eu estava horrível, ele estranho, e não apaixonado. — rebato descartando suas palavras.

— Olívia — ela começa com ar pensativo — Se ele estava estranho como você bem disse, será que você não fez barulhinhos esquisitos enquanto sonhava?

— Barulhos? — pergunto chocada.

— É, tipo gato miando — ela responde maliciosa — Assim ó... — Luíza começa a emitir miados esquisitos e estrangulados, começando a me deixar vermelha e constrangida.

— Pelo amor de Deus! Luíza, você tá me deixando perturbada — digo numa voz vacilante — Clara! Manda ela parar — Olho na direção de Clara pedindo por ajuda, mas esta se encontra escondendo seu sorriso por detrás da tela do celular.

Não posso ser sua amigaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora