Capítulo 7 - Dorothy Stanley

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— Atenção, bipem o Doutor Avery, temos uma ambulância chegando com duas vítimas de incêndio. — Falei enquanto colocava a bata amarela de atendimento. — DeLuca e Edwards venham comigo.

Caminhamos depressa para a entrada das ambulâncias, enquanto esperávamos pela chegada do veículo. Jackson apareceu logo em seguida correndo. Nos cumprimentamos com um aceno, mas sem palavras. Desde a noite do jantar temos evitado a comunicação.

As duas ambulâncias chegaram uma atrás da outra, eu fiquei com a primeira.

— Dorothy Stanley, vinte e cinco anos, possui queimaduras de primeiro grau e um vergalhão atravessado na barriga. Segundo testemunhas ela se feriu quando estava tentando fugir do incêndio. Sinais vitais estáveis, por enquanto, mas ela está incosciente.

— Vamos levá-la direto para uma sala de cirurgia. Bipem a Doutora Grey agora!

Antes de sair arrastando a maca ouvi o paciente do Jackson gritando:

— Ela é minha namorada e está grávida, acabamos de descobrir!

Jackson me lançou um olhar preocupado e eu segui com o DeLuca e a Edwards empurrando a maca para dentro do hospital. Meredith nos encontrou no meio do caminho para a sala de operação.

— Meu Deus, como isso aconteceu? — Ela perguntou e naquele instante a paciente acordou afobada gritando de dor e tentando apalpar sua barriga

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— Meu Deus, como isso aconteceu? — Ela perguntou e naquele instante a paciente acordou afobada gritando de dor e tentando apalpar sua barriga.

— O meu filho, meu Deus, o meu filho.

— Dorothy, eu sou a Doutora O'live, nós vamos cuidar de você, precisa se acalmar. — Segurei em sua mão, ela a apertou com força e me olhou nos olhos. Eu podia sentir sua dor.

— Promete que vai cuidar do meu filho?

— Nós vamos fazer o nosso melhor. — Falei apertando sua mão de volta. — Eu preciso da Arizona na nossa sala de operação agora!

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Nos preparamos para entrar em cirurgia e a paciente já estava sedada. Edwards fez uma ultrassom no local atingido pelo vergalhão.

— O ferimento atingiu a placenta, mas não a penetrou. Porém, provavelmente vai quando mexermos o objeto. — Ela disse um pouco nervosa.

Nesse momento Arizona entra no local já com a vestimenta adequada.

— O que temos aqui, Camille? — Perguntou.

— Ela está grávida de 17 semanas e caiu contra esse vergalhão enquanto tentava fugir do incêndio. A placenta foi atingida, mas não rompeu. Estamos pensando em um jeito de retirar o objeto sem danificar as condições do bebê.

— Mas quando movermos o vergalhão corremos o risco de romper a placenta. — Arizona falou. — A não ser que ele não seja removido.

— O quê? Não, é muito arriscado, não podemos deixar ela mais cinco meses com um objeto dentro de si.

— Nós removeríamos as extremidades, mas não a parte interna. Isso salvaria a gestação e não precisaríamos esperar tanto. Eu posso fazer o parto no sétimo mês de gestação. O que acha? — Ela disse animada.

— Acho isso tudo um absurdo. A chance de sobrevida de um prematuro de sete meses é significativamente menor e então teríamos passado por tudo isso à toa.

Encarei a Doutora Robbins com apreensão. Sabia que, apesar de ser arriscado, poderia dar certo, mas nós não podíamos tomar uma decisão daquele jeito. Eu precisava conversar com o namorado da Dorothy.

— Grey, trabalhe na remoção das extremidades que eu vou conversar com o namorado e já volto.

— Pode deixar.

Saí apressada da sala para a área de queimados. Jackson estava com Patrick, cuidando de algumas queimaduras mais graves na perna. Bati na porta e logo em seguida entrei.

— Doutora, como ela está? — Ele me perguntou afobado.

— Eu vim aqui pra te fazer uma pergunta, Patrick. — Me aproximei dele. Jackson apenas observava, continuando seu trabalho. — Nós precisaremos fazer uma abordagem arriscada. O vergalhão atingiu a placenta, mas não a rompeu. O bebê está à salvo, mas se tentarmos remover corre o risco de rompimento e então ele não sobreviveria.

— Meu Deus... — Ele suspirou.

— A Doutora Robbins, especialista em cirurgia fetal, sugeriu que nós deixássemos a parte interna do vergalhão e removéssemos apenas as extremidades. Dorothy teria que ficar com esse objeto na barriga até o sétimo ou oitavo mês da gestação e então realizaríamos uma cessária.

— Isso é muito complicado. Deixar um objeto dentro da paciente, Doutora O'live? — Jackson pontuou.

— Nós sabemos disso e é por isso que estou aqui. Preciso da sua permissão para a retirada, que, infelizmente, implica na chance de interromper a gravidez.

O quarto ficou em silêncio por alguns segundos. Patrick estava aterrorizado e eu estava muito nervosa por fazê-lo tomar essa decisão, mas não tínhamos escolha. Jackson me olhava com uma cara de preocupado.

— Não, nós vamos tentar a sugestão da Doutora Robbins.

— Patrick, você tem certeza? — Avery questionou se aproximando.

— Tenho, é o que a Dorothy iria querer. — Concordei com a cabeça e saí em direção à sala de cirurgia.

— Pessoal, Patrick concordou com a sugestão da Arizona. Vamos deixar o vergalhão que atingiu a parte interna.

Eu entrei na cirurgia para realizar o corte mais próximo da placenta. Robbins também estava presente, sempre monitorando os sinais vitais do bebê. Quando retiramos o máximo que podíamos sem comprometer a bolsa, fechamos a paciente e a encaminhamos para a ala dos queimados, para tratar dos ferimentos mais leves que ela sofreu.

Depois da cirurgia procurei um dos quartos de descanso para me deitar. Estava emocionalmente cansada e com medo de que alguma coisa saísse errado durante esses próximos meses. Porém, iríamos garantir o monitoramento da saúde de Dorothy e do bebê.

Entrei no primeiro quarto e deitei, sem nem reparar que Link estava deitado na parte de cima da beliche. Apenas notei sua presença quando ele falou pela primeira vez.

— Dia difícil? — Perguntou.

— Mais ou menos, deu tudo certo, mas estou preocupada com o futuro.

— Ué, não é você mesma que diz que o futuro à Deus pertence?

Nós rimos e eu peguei no sono logo em seguida. 

A nova chefe do TraumaOnde histórias criam vida. Descubra agora