X - A mestiça marcada pela lua

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— Não sabia que decidiste abrir uma estufa no teu escritório. — Comentou, depois de um assobio impressionado ao notar a quantidade de plantas ali.

Apesar de ser uma abençoada criadora ligada a terra, Kinara raramente tinha plantas nos espaços em que usava com frequência.

Ele aproximou-se de uma que se movia como se respirasse, e vertia em abundância uma estranha e gosmenta seiva negra. Ela era de cor roxa e verde, e parecia brilhar em um tom néon.

— Não toques nisso. — Advertiu. — É o resultado de uma experiência que não deu certo e ainda não faço a mínima ideia do que seja.

— Experiência?

— Estou a criar um novo composto. — Respondeu. — Preciso de uma planta rara, que não é vista há mais de onze mil anos, para poder mistura-la ao varkio líquido. Se eu estiver certa, a seiva dela possui um elemento que é capaz de potencializar as propriedades do varkio. — Explicou, referindo-se a rocha mineral que ela criou há alguns anos, e que era o componente secreto de todos os produtos das Industrias Ridwan. Apenas um pedaço dela era capaz de fornecer energia para uma cidade inteira por até seis ciclos.

Usando uma liana, Kinara entregou um livro antigo para Isran, que seu tio Erwin tinha oferecido para ela há alguns anos, para expandir seus conhecimentos sobre a terra e ajuda-la a desenvolver sua magia.

— E por quê precisas potencializar ainda mais as propriedades do varkio? Ele jánão é poderoso o suficiente?

— Não o suficiente para gerar energia para alimentar isto. — Apontou para as duas colunas estreitas de metal de frente para ela.

— O portal. — Murmurou, observando o projeto que Kinara trabalhava há maisde três anos. — E porquê as rochas? — Perguntou, indicando as inúmeras pedras esquisitas organizadas pelo chão.

— Me falta um terceiro elemento que só posso encontrar em um outro mineral que não sei bem onde procurar, não consigo encontrar nenhum registo recente sobre ele, por isso decidi recria-lo também. A combinação dos três é a chave para eu conseguir abrir uma brecha, permitindo que qualquer matéria passe por ela e possa ser teletransportada para qualquer parte do mundo em questões de segundos.

— Eu sempre acreditei que os protetores da terra têm tudo que nós consideramos impossível de encontrar.

— Eu já pensei neles, mas duvido muito que mesmo que eles tenham, aceitem partilhar comigo, já que eu faço parte do sistema que eles odeiam.

Isran deu um sorriso, e pousou o livro na secretaria de Kinara, colocando as mãos novamente nos bolsos.

— Deu tudo certo na conferência de hoje. — Informou.

— Eu sei. Eu acompanhei. — Retrucou, voltando sua atenção novamente para as telas.

Um silêncio significativo se instalou, até Isran voltar a falar.

— Tenho tentado te falar isto o dia todo mas… Eu não vou para Aries. — Kinara parou de digitar, com o dedo pairando sob o teclado.

— Por quê? — Perguntou, virando o rosto para encara-lo.

— Eu estive com a minha mãe hoje mais cedo. Parece que meu pai está muito doente. O mordomo dele ligou para avisar. Ele disse que meu pai proibiu que contasse para nós mas Darma está muito preocupado, teme que meu pai morra assim como meu avô, meu bisavô e outros que vieram antes deles. Parece que ninguém da nossa linhagem viveu mais do que cento e trinta anos, e ele já tem cento e vinte e nove.

— Oh, Isran, tu nunca tinhas me falado sobre isso.

— Porque acabei de descobrir, até agora não consigo entender porquê ele não me contou nada, ou para a minha mãe. Desde que soube, é difícil não pensar no pior.

Doze Tronos Do ImpérioWhere stories live. Discover now