Quantos ômegas passavam por aquilo? Sendo atados e marcados a força, sem chance de defesa?

No final a justiça permitiu ao alfa levar a garota para sua casa, mesmo com os constantes apelos dela para que não o fizessem, pois ele era violento e a estuprava constantemente. A ômega foi obrigada a levar a gestação adiante e se submeter ao alfa até que a criança nascesse, somente então poderia ir embora, o que nunca ocorreu, pois ela não sobreviveu o suficiente para dar a luz.

A perícia concluiu que ela havia sido vítima de homicídio. Izuku seria o promotor do caso e deveria apresentar ao júri e ao juiz as provas aparentemente irrefutáveis de que a ômega havia sido submetida a tratamento desumano, ao passo que seu colega faria a defesa do alfa, alegando que ele agiu sob influência de sua natureza primordial e não era consciente de seus atos. 

O início foi aparentemente moderado, com ambas as partes expondo suas alegações sem muita comoção, contudo era óbvio que seu colega, também alfa, estava começando a perder o decoro por conta do modo tranquilo e certeiro como Izuku apresentava cada argumento. Ele parecia muito centrado e preparado para tudo, tendo sempre uma resposta ou contra-resposta pronta para rebater ou refutar qualquer argumento. Não era preciso ser um especialista para perceber quem estava comandando todo o jogo. 

— Por isso, meritíssimo, considerando todas as privações e constantes tentativas de libertação do cárcere privado ao qual foi submetida, fica mais do que claro que o alfa não agiu sob efeito de nenhuma outra influência que não fosse o próprio desejo. — colocou a pasta sobre a mesa, os olhos passeando pela bancada avaliadora e juri antes de se focar em seu colega de classe — Crime premeditado é o único que se encaixa ao contexto desse delito. 

— Impressionante o modo como conduz o caso e tenta nos convencer, senhor Midoriya, contudo devo lembrar ao júri que a perícia avaliou como um homicídio, e é a esse fato que devemos nos ater, pois ele foi cometido quando o alfa já não mais estava em domínio de sua consciência. 

— Então nos concentremos no homicídio, senhor Huaraka — não se deixou intimidar — O senhor alega que o acusado estava sob efeito de sua natureza, mas então eu levanto a questão: o que é necessário para ativar essa essência primitiva? O senhor é um alfa, sabe melhor do que eu como funciona para vocês, peço que me responda, por favor.

O olhar do alfa foi de pura incredulidade enquanto ele ensaiava um sorriso sem graça.  

— É sério isso? — moveu as mãos teatralmente. 

— Responda a pergunta do senhor Midoriya, por favor, senhor Huaraka? — o professor que fazia a vez de juiz solicitou com interesse. 

— Ele me parece muito confiante de saber a resposta, porque eu deveria responder? 

— Tudo bem, já que parece ser difícil para o senhor colaborar, eu mesmo o faço — prosseguiu, cutucando-o de propósito — Um alfa tende a perder o controle sobre seus pensamentos e se entregar ao lado animal nas seguintes situações: Há alguém o confrontando, ameaçando sua autoridade e espaço, representando um risco ao seu ômega marcado ou prole ou o incitando com feromônios agressivos. Agora eu pergunto: O que uma omêga, fêmea, aterrorizada, vítima de sequestro e estupro, com o psicológico atordoado e reinvindicada poderia fazer para suscitar esse tipo de instinto irracional e animalesco? — parou um momento, esperando que os demais absorvessem. Alguns múrmurios se elevaram enquanto cabeças se moviam em concordância — A resposta, meus caros colegas é: nada. Dadas as circunstâncias em que se encontrava era impossível a ômega ser capaz de provocar seu alfa a ponto de induzir tal estado mental. O máximo que ela pôde fazer foi implorar pela vida ou chorar em desespero sem conseguir verbalizar e isso deveria ativar outro lado de seu alfa, acordando seu senso protetivo. Por isso eu torno a repetir, o que houve foi minuciosamente premeditado. Provavelmente o alfa queria descartá-la como companheira e certo de que apenas a morte pode quebrar o vínculo, ele levou a cabo seu plano, alegando estar fora de controle para escapar da punição.   

AlvorecerWhere stories live. Discover now