Episódio 76- A ajuda está vindo?

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EP 76

-Coringa, eu tenho uma coisa para te mostrar. -disse, falando uma coisa que eu talvez fosse me arrepender pelo resto da vida.

-O que? -ele falou um pouco mais rápido, acredito que a curiosidade o despertou um pouco. Estava dando certo.

Eu comecei a tirar a blusa, e fiquei só de sutiã.

-Isso. -disse. Ele tentou abrir os olhos, mas não estava conseguindo.

Peguei um dos braços dele ( o que não estava em carne viva) e coloquei entre meus peitos. Ele segurou. Manteve a mão firme. Eu consegui sentir ele segurando. E era uma sensação estranha. Ninguém nunca tinha me segurado ali antes, mas era bom, sentia uma sensação de calor percorrer por todo o meu corpo.

-Por quê você nunca deixou eu fazer isso antes? -ele me pergunta e eu parei para pensar: "por quê eu nunca deixei?" E na hora eu me recordei: eu tenho vergonha do meu corpo, não posso deixa-lo ver isso!

-Eu não sei -minto.

-Vou me jogar de lugares altos de propósito agora. -ele disse eu queria dar um socão na cara dele. Não acredito no que ele disse.

-Retira o que você acabou de falar- disse séria e pela primeira vez, vi ele abrir o olho.

-Eu estava brincando, calma! -ele disse

-Retira, anda! -disse depressa, antes que ele fizesse eu me sentir culpada por estar falando assim com ele.

-Desculpa Bárbara Passos, eu não vou falar mais isso! -ele diz e eu fico feliz por ele ter lembrado meu nome. Significa que estava tudo bem.

Já estava sem esperanças, não tinha mais nada que eu pudesse fazer, e a adrenalina que percorreu tanto meu corpo quanto o dele, já havia desaparecido.

O que eu vou fazer agora? Pego o celular do Coringa e vejo que são 22h45.

Respiro fundo e me pergunto: Será que vamos ficar assim para sempre? Ninguém nunca sentirá nossa falta? E o Bruno?

Sou tirada dos meus pensamentos quando eu escuto um barulho vindo de longe...

BII, BOM, BII, BOM (tentei representar o barulho de uma ambulância, ignorem o meu autismo)

Não podia acreditar que a ambulância conseguiu nos achar.

-AQUIII, AQUI! -gritava, e consegui sentir o Coringa se remexer no meu colo.

Olho para ele e vejo que ainda estou só de sutiã. Visto a blusa correndo e volto a gritar:

-SOCORROOO! AQUI -gritava e conseguia ver que o Victor estava desconfortável.

-Meu bem, a ambulância chegou. Espere só um pouco- disse em um tom de voz meigo, acariciando o rosto dele com uma das minhas mãos. NEM PARECIA QUE EU TAVA GRITANDO IGUAL UMA JUMENTA.

-AQUIIIIII! -disse gritando pela última vez juntando todas as minhas forças, e se depois desse grito eles não escutassem, eu não sei o que eu iria fazer, pois já estava sem voz.

Fico olhando para cima, quando vejo uma escada brotar do nada.

ELES CHEGARAM! GRAÇAS A DEUS!

Três enfermeiros descem e colocam o Coringa em uma maca.

E eu fiquei pensando: "Como eles vão subir com ele assim?"

Até que do nada, a ambulância aparece no mesmo lugar em que estávamos e eu entendi tudo.

Os enfermeiros começaram a fazer curativos no Coringa e a me fazer perguntas.

- How long has he been like this? ( a quanto tempo ele está assim?) -ele me pergunta e eu já estava entrando em desespero. QUE MERDA. EU preciso aprender a falar inglês.

-Sorry. I do not understand English. (desculpe, eu não entendo inglês). -bom, essa era uma das únicas frases que eu sabia falar. Por que era a única que eu usava com mais frequência.

-Leave it to me. I talk to her (deixem comigo. Eu falo com ela)- um cara alto, e com uma voz que eu sabia que já tinha escutado de algum lugar que eu não lembrava de onde, para de fazer o curativo no Victor, faz um gesto para o outro continuar, e vem em minha direção.

-Olá moça! Eu sou o enfermeiro que te atendeu e o único que fala português aqui. -ele disse sendo muito gentil. Eu sabia que eu conhecia aquela voz de algum lugar.

-Ah sim. -disse em resposta abrindo um sorriso.

Ele ficou meio paralisado e eu fiquei meio sem graça, o que eu fiz de errado?

-Há quanto tempo ele está assim? – ele me pergunta parecendo que acordou de um sonho.

-Bom, ele estava conseguindo se comunicar comigo até agora pouco. Mas quando vocês chegaram, ele já não estava conseguindo falar.

-Bom, vamos para o Hospital Winnie Palmer, acredito que esse será um dos melhores para ele no momento. -ele disse, sugerindo o hospital que só pelo nome, parecia ser bem caro.

-Ok! Desde que seja o mais rápido possível está ótimo. -disse em resposta.

-Quer curtir o tempo com o namorado né? Está mais que certa! -ele diz e eu fico meio sem jeito. Primeiro, o que um enfermeiro tem a ver com a minha vida? Segundo, o Victor não era meu namorado. Mas eu me importava com ele tipo se ele fosse um.

-Pois é né. -disse dando um sorriso forçado, eu não iria dar satisfações para esse estranho.

-Bom, qual o nome dele? Já vou começar a fazer a ficha. -ele diz mudando de assunto, finalmente.

-Victor Augusto.

-Quantos anos?

-20 anos.

-Ele têm algum tipo de doença?

-Não pelo que eu saiba.

-Ok. Você nos acompanha? -ele disse entrando na ambulância. NÃO IDIOTA, PREFIRO FICAR AQUI NO MEIO DO NADA ESPERANDO MEU CHEFE ME LIGAR E DEMETIR EU E O VICTOR.

-Claro! -disse abrindo um sorriso e ignorando minha ignorância (kkkkkk que)

Babictor- Uma história de amor escondida por trás das câmerasWhere stories live. Discover now