Em Chamas

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– Sakura? – Sasuke a chamou enquanto subia as escadas, a passos lentos. Ele olhou para cada canto do corredor notando que todas as portas estavam fechadas. Não ouvia nada por trás de nenhuma delas, apenas o silêncio. Um silêncio que o incomodava.

No fim do corredor, uma porta branca estava entre aberta e ele pôde ver a luz de uma lareira iluminar a escuridão. Devagar, ele caminhou até a tal porta e a abriu e a primeira imagem que viu foi a rosada sentada em uma almofada, de frente para a lareira e com lágrimas secas nos olhos. O olhar dela estava perdido, ela focava nas chamas e nem notou que alguém estava ali, ao seu lado.

Sasuke se sentou perto dela, de uma forma bem desajeitada e também observou as chamas.

– Olha, eu sei que a Ino não deveria ter dito aquilo... – Começou, virando o rosto para ela.

– Não culpe ela... – A rosada o respondeu, com um sussurro. – Não é ela, sabe? É toda essa situação. – Suspirou, o encarando de volta. – Acho que eu estava muito sobrecarregada e, sinceramente, um pouco chocada por meus amigos não me conhecerem tão bem... – Nesse momento, ela abraçou os joelhos.

– Acontece... mas, como estão as coisas por aqui? – O moreno voltou a encarar as chamas. – Seja sincero comigo, Sakura, afinal, somos uma família agora, não é?

Sakura riu, e seu riso tomou conta do ambiente, deixando Sasuke ainda mais confuso.

– Nos acostumamos um com o outro. Mas... – O sorriso foi morrendo aos poucos, até que os lábios de Sakura se pressionaram formando uma linha fina. – Mas ele sempre vai... e eu sempre estou preocupada...

O moreno se virou e a olhou com carinho.

– Tudo o que ele faz... os negócios, a família... ele faz por você. Mesmo que seu casamento seja uma farsa, eu conheço ele. Ele é meu irmão. Ele sempre coloca todos acima dele.

Ela sorriu.

– Porra! Acabei com o jogo e com a diversão toda, não é?

– Eles ficarão bem, tenho certeza.

– Bom, pra compensar isso tudo, podemos nos divertir na cidade amanhã, o que acha? – Perguntou sorridente.

– Eles vão gostar da ideia. Vou falar com eles.

– Sakura? – A porta se abriu e a silhueta de Itachi se revelou. Sasuke e Sakura o encararam enquanto ele os olhava de volta.

– E aí irmão? – Sasuke o cumprimentou, acenando com a cabeça.

– Sasuke... – Itachi estranhou o irmão ali, no quarto da sua mulher. A rosada encarou o cunhado que se levantou e acenou novamente, caminhando até a porta. Olhou para o irmão mais velho e saiu, fechando a porta atrás de si. Sakura se levantou.

– Não te ouvi chegar... – Disse, o encarando.

– O que aconteceu?

– Do que está falando? – Tentou esconder o que aconteceu minutos atrás, forçando um sorriso desajeitado.

– Sem essa, Sakura. Eu os vi lá embaixo com caras não muito boas e Sasuke aqui com você, tentando te consolar. O que eles disseram? – Ela abraçou o próprio corpo e virou o rosto, evitando o olhar do moreno. Ele era esperto, ela sabia que fingir não daria tão certo.

– Não aconteceu nada demais. Só precisava de um ar diferente. – Itachi a encarou firme, não acreditando em nenhuma palavra da mais nova. – Ah! Esqueci! Tenho que mostrar a eles seus quartos. Cacete! Onde eu estou com a cabeça? – Disse, batendo na testa.

– Karin cuidou disso. Eu vi assim que cheguei. Não se preocupe. – Ele se aproximou, colocando uma das mãos no ombro da mais nova. – Agora me fala... por que estava triste? E não adianta, Sakura, você não vai sair daqui enquanto não me explicar o que aconteceu!

Ela virou a cabeça e riu, contagiando todo o ambiente.

– Qual a graça? – Ele perguntou.

– Você leva as coisas bem a sério, não é, Itachi? – Ela respondeu rindo e o encarou.

– Eu não deveria? – Retrucou o mais velho, erguendo uma das sobrancelhas.

– Hmm... – Sakura continuava o encarando, com cara de dúvida. – Não. – Tentou se desvencilhar dele, mas com uma rapidez o moreno a segurou pelo braço, a puxando para mais perto e, em seguida, a ergueu como uma boneca, a carregando nos ombros. Ela riu histericamente.

– Me coloca no chão! – Continuou rindo enquanto ele andava de um lado para o outro.

– Não estou brincando, mocinha! – Disse, a colocando na cama e a encarando. – O que aconteceu? – Ela parou de rir e lambeu os lábios, encarando as orbes negras em sua frente.

– Já que você insiste... – Abaixou os olhos, mas logo o encarou de volta. – Bom, era sobre nós... Ino tirou algumas conclusões precipitadas, pensando em como ela teria agido caso... bom, não é nosso caso tá? Isso me lembrou que não é tão fácil quanto parece. Nós não tivemos escolha, não é? – Ela continuou encarando o moreno, que a ouvia atentamente. – É fácil pra quem está de fora, mas pra quem vive, bom, nem tudo são flores... – Se afastou um pouco, fazendo com que os cabelos encobrissem boa parte do rosto e de sua expressão.

Itachi colocou dois dedos em seu queixo e levantou seu rosto, olhando fundo em seus olhos.

– Vamos superar isso tudo e então, você estará livre... – Os olhos verdes tinham um brilho diferente.

– É... é isso que você quer? – Ela sussurrou. O moreno poderia jurar que havia decepção na voz da mais nova.

– É o que você quer... – Ele fez questão de lembra-la. Ela evitou por alguns instantes os olhos profundos e tentadores. Tocou a mão dele com carinho, ainda encarando o nada.

– Não tenho mais certeza disso. – Nesse momento, os olhos verdes se encontraram com os negros. Os segundos pareceram dias enquanto ela esperava uma reação do mais velho. Será que ela tinha ido longe demais? Será que tinha assustado ele? O que ele estaria pensando? Que ela era uma adolescente idiota e indecisa? Provavelmente. Mas ela precisava tirar aquele peso dos ombros. Ela não era boa em esconder as coisas e mais cedo ou mais tarde, ele perceberia.

Ele piscou algumas vezes, tentando apagar o choque que as palavras da mais nova o causou.

– Desculpe... eu não deveria... – Antes que ela terminasse, os lábios do Uchiha a calou. Ela pensou sobre o primeiro beijo deles por toda a semana, mas claro que não tinha dito nada a ele, apesar de achar aquilo um erro. Aquilo a deixou mais e mais ansiosa pois pensava que ele já tivesse esquecido e pela possibilidade nula de aquilo acontecer de novo.

Mas agora estavam ali, num beijo carinhoso e quente.

Ela sentia aquelas mesmas borboletas dançarem em seu estômago, apesar de jurar para si que somente Gaara poderia fazer aquilo. Ele puxou ela para mais perto enquanto aprofundou o beijo e ela logo agarrou na gola da camisa branca, com delicadeza e certa selvageria o fazendo cair sobre ela na cama e suspirou pesado. Ele estava agora sobre ela, com cada coxa de um lado de seu corpo, sentindo o calor da rosada.

Ela desabotoou cada botão da camisa sem descolar os lábios. Se sentia faminta por aquilo, precisava provar dele e não queria que fosse em outro momento.

Precisava ser ali.

Nesse momento, os lábios se separaram e ambos procuravam ar. Itachi abriu os olhos devagar, voltando a realidade.

– Agora não... – Sussurrou a encarando.

– Eles não podem nos ouvir... – Ela respondeu, provocando-o.

Ele se levantou e passou os dedos pelos cabelos longos e negros.

– Não... Eu quero fazer da forma certa. Você ainda tem muito o que aprender sobre mim e não quero que faça nada do que se arrependa depois. Você deve decidir... não vou te pressionar.

Um arrepio correu pela espinha da mais nova. Tinha mais coisas? E essas coisas eram tão graves assim a ponto de ele a rejeitar?

– Então... quando?

– Quando chegar a hora. Me desculpe, você deveria estar dormindo agora. – E assim, ele deixou o quarto, fechando a porta com delicadeza e deixando Sakura perdida entre pensamentos e conspirações que invadiam sua cabeça.

(...)

Atado pelo Orgulho (ItaSaku) {Em Revisão}Where stories live. Discover now