Perdão

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Sakura segurava seus joelhos, os prendendo ao seu peito, e ainda chorava muito. Já passava das 10 da noite e ela fez questão de trancar a porta para manter seus pais longe. Como ela não tinha jantado, seu estômago a lembrava que estava vazio, fazendo um barulho que ecoava pelo quarto.

Mas foda-se, ela se sentia um nada. Ela não podia nem se mover.

Os olhos estavam vermelhos e inchados, fazendo com que sua visão ficasse embaçada. Mas mesmo assim, as lágrimas insistiam em cair. Ela ouviu uma batida suave na porta, o que a fez fechar os olhos com força e chorar o mais silenciosamente possível.

– Querida... por favor, fale conosco... – Sakura colocou a mão na boca, chorando ainda mais ao ouvir a voz da mãe. – Não gostamos de te ver assim... – Mebuki dizia, enquanto deslizava os dedos pela porta de madeira. – Sakura, me escute! Isso será bom pra você, ele é um bom homem e...

– VAI EMBORA! – A rosada gritou. – COMO VOCÊ PODE SABER O QUE É BOM PRA MIM? – Mais um grito desesperado. Sakura respirou e sentiu a garganta arder assim que o ar entrou. Se levantou, se apoiando na parede. – Cada coisa... cada coisa que me fez feliz vocês me tiraram: Ir para uma escola pública? NÃO! Trabalhar meio período? NÃO! Namorar o Gaara? NÃO! Ter meu próprio futuro... – A voz saia como um fio, até ser apenas um sussurro. – Não... – Mebuki arrumou a gola de sua camisa e voltou a deslizar o dedo pela porta.

– Eu sinto muito, por tudo... Sakura, eu só não podia te deixar sem nada com esse acordo. Pessoas como nós... pessoas como nós são odiadas, filha. Você sabe disso. Banqueiros estão entre as pessoas mais odiadas do mundo. Nós tentamos proteger você dessas pessoas, só isso. Ima gine só, você procurar um futuro só seu com o sobrenome Haruno? Pessoas são cruéis, Sakura e eles não se importariam com o que você teria a oferecer a partir do momento em que soubessem quem você realmente é! Sinto muito por te dar essa vida, sei que você merece mais que isso... – A voz da mais velha falhou e as lágrimas começaram a cair. – E... Eu espero que um dia possa nos perdoar...

A porta se abriu e Mebuki encarou Sakura. Os olhos da garota estavam vermelhos e inchados, e ela se recusava a encará-la de volta. Claro, Sakura havia a insultado antes, da pior forma e, na verdade, sua mãe só queria lhe ajudar.

– Eu acredito em você... – Sussurrou, ainda evitando os olhos da mãe. – Mas... eu estou com medo e... eu não posso fazer isso... – Os lábios da mais nova tremiam pelo medo. Mebuki sorriu minimamente e colocou a mão sobre o ombro da filha. Com a outra mão, levantou o rosto da mais nova para que lhe olhasse.

– Claro que pode, Sakura. Você é a pessoa mais forte que conheço.

– O que eu direi pra ele, mãe? – Os olhos da rosada se enchiam de lágrimas novamente. Mebuki suspirou. – Ele está me ligando desde que cheguei aqui. – A mais velha olhou para o quarto escuro da filha, notando que, sobre a cama, algo iluminava todo o cômodo. Outro suspiro, mais longo, foi dado.

– A verdade. – Sakura assentiu silenciosamente. Ela enlaçou os braços ao redor da mãe e enterrou seu rosto na camisa que ela usava, inalando o cheiro doce de seu perfume. Logo, se desfez do abraço. Mebuki então colocou uma longa mecha de cabelo rosa atrás da orelha de Sakura, sorrindo. – E, quem sabe, vocês dois não...

– Eu duvido muito. – Cortou Sakura, rapidamente, caminhando para dentro de seu quarto, fechando a porta lentamente. Ela pegou o telefone, que estava em sua cama, o desbloqueou e procurou por Gaara. Assim que o achou, começou a digitar.

A foto do ruivo preencheu sua tela, seguida de seu toque particular. Ele estava ligando.

Sakura... – Ouvir a voz dele doía tanto agora. Ela prendeu o ar, evitando que as lágrimas caíssem.

Atado pelo Orgulho (ItaSaku) {Em Revisão}Where stories live. Discover now