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– Deus, olhe pra você! Está linda! – Disse Ino, animada. – Não é, Sasuke?

– Hunf.

– Obrigada Ino. Também estou surpresa em como esse vestido ficou. – Sakura disse, analisando os detalhes feito à mão da peça.

– Se um dia eu casar, quero que me ajude a escolher o vestido! – A loira disse.

– E ai! – Naruto acenou, se aproximando. – Sakura, está na hora de abrir os presentes. Seu marido te espera.

O sorriso dela morreu ao ouvir aquilo.

Marido... de uma hora pra outra, ela passou a odiar essa palavra.

Ela passou pelos amigos sem dizer uma palavra, e eles também não disseram. Era fácil perceber que ela não estava em um bom momento, mas elogios e presentes foram as únicas formas que eles encontraram de animá-la.

E não funcionou, claro.

Isso era mais sério do que qualquer drama de ensino médio pelo qual eles tenham passado.

Quando ela chegou até Itachi, o encarou por alguns segundos e sua postura ficou mais séria que o normal. Ela enlaçou os dedos e olhou para a pequena multidão em frente a eles.

– Queria agradecer a todos que vieram ao meu casamento, e também àqueles que nos apoiaram nesse dia tão especial. Não poderíamos ser mais gratos. Vocês testemunharam nossa união e preciso muito agradecê-los. Obrigada! – Sakura os disse, naturalmente, como uma verdadeira atriz.

Fugaku pareceu ainda mais convencido, cruzando os braços e sorrindo, orgulhoso.

Os recém-casados se viraram para a mesa cheia de presentes. Sakura encontrou conforto naquilo, enquanto respirava fundo como se o ar nem quisesse chegar aos seus pulmões. Itachi lhe olhou preocupado.

– Podemos fazer isso depois se você não se sente bem. – Deslisou os dedos pelo braço nu da mais nova, que logo se afastou, sutilmente.

– E deixar sua família com raiva? Eu acho que já tenho muitos problemas. – Ela sussurrou, numa altura que somente ele a ouviu. Ele apenas assentiu com a cabeça e pegou um envelope.

– Dinheiro. – Disse e logo o colocou onde estava.

Sakura pegou uma caixinha vermelha, de veludo, com um laço dourado. Ela abriu hesitante.

Dentro dela estava as chaves de um Mercedes. – Talvez torne tudo mais tolerável. Sasuke. – Leu mentalmente a etiqueta e sorriu.

Itachi abriu uma pequena caixa, onde achou duas passagens de avião. Duas passagens para Islândia. Junto das passagens estava o cartão/chave de um quarto num resort em Reykjavik. Bom, esse provavelmente seria um ótimo presente de natal para seus pais, uma vez que Sakura provavelmente não iria com ele a lugar nenhum.

Ele leu os nomes na etiqueta e, más notícias, foram seus pais. O moreno pressionou os lábios.

Em outra caixa, Sakura encontrou um cartão presente da Gucci, dado por Karui e Choji. Novamente, ela sorriu. E por mais que ela não fosse materialista nem nada, ainda era uma garota e adorava comprar coisas lindas.

Outra viagem foi dada por Sai e Ino, mas dessa vez, era para o Egito.

Dos outros, receberam em sua maioria dinheiro. Naruto deu-lhes uma mansão em Los Angeles, um presente conjunto entre Hyuugas, Uzumakis e Harunos. Até mobília a mansão já tinha.

A rosada pensou que receberam demais e que ela jamais poderia agradecer a todos. Talvez ela devesse mesmo focar em coisas mais materiais. Talvez isso fizesse com que o tempo passasse mais rápido.

Talvez se tornar uma garota comum, que vive de compras e viagens não fosse tão ruim. E Ino pode ensiná-la como ser assim.

Ela sentiu seu pescoço machucar e ajeitou o vestido devagar. Itachi levantou sua taça de champanhe, chamando a atenção de todos.

– Isso é um brinde... – Todos levantaram suas taças, independente da bebida que tomavam. – Para minha adorável esposa, Sakura. E para a pessoa maravilhosa que ela é. O tipo de pessoa que está disposta a sacrificar-se para o bem maior dos outros. – Ele terminou, sugestivo.

Ela sorriu falsamente, tentando esconder o mal que a verdade lhe fez naquele momento. Ela se sentia ainda mais enjoada e ele percebeu. Ele a guiou para o centro da posta de dança enquanto "Thinking out loud" do Ed Sheeran começava a tocar. Ela relaxou, fechou seus olhos e se deixou levar pelo som da música. Ele envolveu a cintura da mais nova com um de seus braços enquanto sentiu a cabeça dela se aninhar em seu peito.

Sem perceber, os pés começaram a se mover enquanto ele a guiava.

##

Sakura se desfez de seu penteado, colocando os grampos sobre a penteadeira e se olhando no espelho.

Ela estava cansada.

Não se sentia bem, e seu casamento não era nem de longe o que ela imaginava quando criança. Ela se sentia uma sombra, um fantasma do que já havia sido um dia.

Itachi saiu do banheiro, vestindo apenas uma bermuda. Engraçado como ela não via graça nele, por mais atraente que ele fosse.

Afinal, atração não é tudo.

A tristeza, a loucura, o desgosto eram as únicas coisas que ocupavam sua mente. Sabia que era um desperdício de tempo pensar nisso, assim como sabia que Itachi estar aqui era um desperdício. Ele poderia estar em qualquer lugar, sem estar preso a ela, com alguém que realmente o fizesse feliz. E ela não entendia como ele não tinha a mesma repulsa em relação a ela.

Quer assistir um filme? – Disse, secando os cabelos negros com a toalha. Por mais que ele falasse com educação e até certa doçura, Sakura não conseguia suportar aquilo.

– Estou cansada. – Disse, colocando a cadeira no lugar, fazendo um barulho horrível.

– Não podemos continuar assim se queremos viver em paz, Sakura. – Ele disse, neutro.

– E quem disse que eu quero viver com você? A única coisa que me prende aqui é o fato de esta ser a casa dos seus pais, os mesmos que nos colocaram aqui achando que rolaria alguma coisa. Querem que a gente consume logo esse casamento, pra que ele fique menos falso.

– A pressão está em nós dois, Sakura. Se morar em outro lugar, eles vão saber. Todo mundo vai. – Disse ele, pegando no braço dela assim que a mesma passou por ele.

– Ah, ótimo. E qual o próximo passo? Vai me acorrentar na cama pra ter certeza de que eu não vou destruir sua reputação? – Ela respondeu irônica, se desfazendo da mão do mais velho.

– Não, eu confio em você. – O moreno respondeu, mas uma vez, neutro.

Sakura olhou do chão para ele.

- Seus pais precisam ter certeza que dormimos juntos? Preciso fingir e gemer alto? – Ele a olhou confuso.

– Não? – Respondeu, a encarando com dúvidas. – Quem disse que precisa fazer isso?

Ela o ignorou. Caminhou até a cama e se sentou, de costas pra ele.

– Ótimo. Vou dormir. E fique do seu lado da cama. Se tentar qualquer gracinha, eu juro que... – Ela fechou os olhos e massageou as têmporas.

Deitou logo em seguida, se mantendo o mais perto possível da ponta da cama. Itachi fez o mesmo enquanto apagava a única luz que iluminava o quarto. O que nenhum dos dois sabia, é que ambos ficaram encarando as paredes do quarto, por muito tempo, sem que conseguissem dormir. Os pensamentos da vida falsa que teriam de levar não os deixavam em paz.

Naquela cama, pareciam ainda mais separados. De corpo e alma.

(...)

Atado pelo Orgulho (ItaSaku) {Em Revisão}Where stories live. Discover now