Dezoito

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"Talvez devesse dizer 'abandone o campo antes do eclodir da tormenta', mas é q às vezes eu mesma quero banhos de chuva. E imploro furacões."-Elenita Rodrigues  

O raio de sol que bate no meu rosto me faz encolher,sinto uma dor no joelho no processo.Abro os olhos devagar,pondo o mão no rosto para cobrir a claridade, minha boca está seca e as costas doem quando impulsionam o corpo para cima,me sinto pesada de longe me sinto morta.

Minhas botas estão sujas de lama,assim como as roupas,mas há manchas de sangue seco pela minha pele exposta,além da minha perna esquerda está em um estado deplorável precisando urgente de cuidados,os cacos estão cravados na carne e o sangue preto colado.

Olho ao redor,a cabeça doendo quando a giro,parece mais que há uma bateria tocando continuamente.Até onde meus olhos alcançam só há mato e corpos,conto cinco com muita dificuldade.

Tento desesperadamente lembrar da noite passada,mas o latejar da cabeça só aumenta e o cheiro de sangue se torna enjoativo a ponto de eu querer vomitar.

Com magia faço surgir um copo de água e comprimidos para dor de cabeça,posteriormente um café da manhã que é posto para fora cinco minutos depois,pelo visto a primeira refeição da manhã não pode ser feita diante de corpos mortos.

Cravo meus dedos na terra preta, sentindo-a molhada,pisco lentamente enquanto decido o que fazer.Já se passam das oito e nada se move ao meu redor nem as lembranças retornam.

Fecho os olhos me permitindo sentir a brisa bagunçar meus cabelos desgrenhados,o espelho jogado ao meu lado revelou uma péssima imagem minha,preciso depressa de um banho.

Levanto segurando na árvore e firmando meus passos.Nada gira então ando até os corpos para checar a pulsação no pescoço, nenhum deles tem batimento cardíaco por isso levanto as mãos para que sejam engolidos pela terra e levados para outro lugar que não seja a minha frente.

Abro as asas indo em direção ao céu ardente,tanta luminosidade fere meus olhos,mas é necessário para que me localize.Estou um distante da cidade,escondida dentro de uma das pequenas florestas que cercam a parte mais afastada de Trevisol,mas ainda perto de casas de show proibidas para menores de idade.

Pouso de frente para um hotel fazendo uma pequena bolsa surgir nos ombros e uma imagem falsa de uma pessoas qualquer toma conta de mim, devo agradecer por poder causar essa ilusão apenas com magia e de ter esse poder.Ao pôr o pé direito para dentro o recepcionista me lança um olhar questionador.

-Bom dia,eu gostaria de um quarto.-Uma de minhas mãos pousa no balcão.

-Para passar todo o dia?-Ele questionou me analisando.

-Sim.-Respondo tambolirando os dedos.

-São cinqüenta reias.-Ele diz arqueando a sobrancelha.

-O quarto tem banheiro?-Pergunto encarando seus olhos castanhos.

-Setenta reias o de solteiro, noventa reias o de casal.-Ele diz desviando o olhar por breves segundos.

-Quero o de solteiro.-Digo abrindo a carteira e pondo duas notas no balcão.

-Segundo andar,quarto três.-O rapaz estica o braço para trás e pega um das chaves deixando-a cair em minha mão aberta.

-Obrigado.-Aceno.

-O horário do café da manhã já passou,tem que esperar pelo almoço caso não saia do hotel, e tem que pegar na hora de se servir.-Ele aponta o dedo esguio para uma porta a esquerda perto da escada.

-Obrigada.-Aceno mais uma vez saindo de perto dele e subindo as escadas.

Desvio de um casal na subida,as pernas nas cansadas do que quer que eu tenha feito doem a cada degrau subido.Um suspiro de alívio escapa dos meus lábios quando chego em frente a porta três.

Imperatriz em AscençãoWhere stories live. Discover now