5| He needs me.

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1842
Início do século XIX

Elizabeth...

Senti um arrepio que percorreu cada centímetro do meu corpo, foi como se cada pedaço de mim soubesse as intenções obscuras por trás daquele largo sorriso no rosto daquele homem.
Meu corpo estava imóvel.
O silêncio reinou a sala ao ponto de eu poder ouvir o som das batidas aceleradas do meu coração.

Seus dedos percorriam os fios dos meus cabelos da raiz as pontas.

- você não vai gritar, enfermeira? - perguntou-me, enquanto seus olhos se desviavam para vir de encontro aos meus.

Eu não consegui dizer nada, não fui capaz de responder.
Estava assustada. O medo percorria as minhas veias junto ao meu sangue.
Eu queria chorar, mas não conseguia fazer com que nenhuma lágrima manchasse o meu rosto.

Sua mão se ergueu em direção ao meu rosto, e eu um gesto suave, ele tocou minha bochecha.
Seus dedos deslizaram como um carinho gentil até que sua mão estivesse próxima o bastante do meu pescoço... para que ele pudesse o agarrar com toda força.

- Quando eu lhe fizer uma pergunta, responda-me, maldita vadia. - disse de forma áspera, cuspindo as palavras contra o meu rosto.

- H-Heathan... - gaguejei seu nome quando senti a primeira lágrima escorer por meu rosto - está... m-me sufocando...

Olhei em seus olhos apavorada, segurando firmemente seus pulsos tentando afasta-los de meu pescoço.

Ele riu.

- Oh, que cena mais perfeita... implore-me, enfermeira.

Ele pareceu tão animado quanto uma criança quando acaba de receber um novo brinquedo.
Naqueles olhos verdes, cobertos por uma névoa escura, podia se ver felicidade afinal...

"Pena que sua felicidade só é vista quando ele causa dor a alguém."

Minhas mãos trêmulas, falharam ao segurar seus pulsos quando percebi que me faltava ar nos pulmões.
Minha vista se escurecia e o sorriso nos lábios de Heathan se tornava um vasto borrão, se misturando com as luzes na sala, as paredes, seus olhos...
Tudo estava embaçado.

O escuro tomou conta de tudo a minha volta.
Nada mais pareceu existir, além do medo que permanecia rondando a minha mente e o meu coração.


[...]

22 de junho de 1842
Início do século XIX

Minha cabeça dói.
Os meus olhos estão pesados, não consigo abri-los. Mas mesmo assim os forço a me mostrar onde estou.

A imagem turva a minha frente se torna nítida e consigo ver que estou em um dos quartos do hospital.
Olhei ao meu redor e não tinha ninguém.

Comecei a me levantar, me apoiando nas grades da cama onde eu estava.
Me sentei sobre o colchão áspero e duro, lembrando-me do que havia acontecido na noite anterior.

Olhei meu reflexo no vidro manchado das janelas em frente a minha cama e observei as marcas roxas em meu pescoço. As marcas claras das mãos de Heathan, quando ele as usou para tentar me sufocar.
A imagem da felicidade em seu rosto enquanto a vida se esvaia dos meus olhos. Jamais me esquecerei disso.

Toquei calmamente as marcas escuras na minha pele e senti um calafrio percorrer todo o meu corpo.

"Ele realmente iria me matar ou só estava brincando comigo, como um predador brinca com sua frágil presa?"

Não sei dizer, mas não importa.
Tudo o que quero saber é: o que aconteceu depois que desmaiei?

Com certa dificuldade, levantei-me de minha cama e caminhei em direção a porta. Após abri-la, olhei o corredor vazio antes de sair e fecha-la atrás de mim.

- Elizabeth!

Ouvi meu nome e me assustei quando senti uma mão tocar o meu ombro para chamar a minha atenção.

- Você está bem?

Era Amélie, uma das enfermeiras do hospital.
Me virei para ela.

- Você devia estar descansando. Passou por um trauma muito grande na noite passada.

Eu não sabia bem o que dizer, por um momento as palavras fugiram da minha boca.

- Ei, Elizabeth! Acorde! - ela estalou os dedos em frente aos meus olhos - volte para a cama até que um médico venha para atendê-la devidamente.

- O que aconteceu? - ignorei suas palavras, eu só queria respostas.

Ela suspirou profundamente.

- Você foi atacada pelo paciente 44. Mas um enfermeiro viu a cena e chamou por ajuda imediatamente.

Imagino como Heathan deve estar nesse momento, após uma noite de prováveis torturas.

- Onde o paciente 44 está agora? - fui direta.

- Isso não importa agora, Elizabeth. Você precisa voltar para a cama. Irei trazer um médico para avalia-la.

Suspirei profundamente e passei por ela seguindo o corredor.

- Elizabeth!!

Ela me chamou uma última vez antes que eu saísse da ala.

Heathan é um homem problemático.
Sua mente é tão doente quanto seu corpo ou sua vida. Mas ele é meu paciente, minha responsabilidade.
Na noite passada ele teve um surto, me atacou.
Não foi nada além disso... certo?

"Não..."

Eu sei que não.
Mas que tipo de pessoa eu seria se deixasse que os médicos desse hospício o torturassem?
Ele é meu paciente.
Sou eu quem deve cuidar dele.
E depois do que houve, mais do que nunca eu vejo o quanto ele precisa de ajuda.
Ele precisa de mim.

~"~

Voltei pessoinhas :3

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