+16 | CASO N° 44 | Bill Skarsgård - Dark Romance

16| I Will Pick You Up

Para melhor apreciação, leia com o fundo negro.

1842
Inicio do século XIX

Elizabeth

Meu coração partiu por ter que abandona-lo.
Não era o que eu queria. Minha intenção era tentar ajuda-lo, mas eu desisti do meu objetivo depois de falhar tantas vezes em fazer Heathan me ver como algo além de um pedaço de carne de fácil e absoluto acesso para assédios e desrespeitos morais. Por mais que eu quisesse continuar tentando, minha ética me diz que ele pode ser perigoso para as outras pessoas aqui e preciso mante-los em segurança, já que existem muitas mulheres e crianças nesse lugar.

Eu estava sem rumo hoje, preciso admitir. Já faz muito tempo que não me sinto dessa forma.
Nunca imaginei ter sentimentos como os que se agitam dentro de mim agora, pois sou uma pessoa que tenta ser muito racional. Eu não sou romântica, pairante, apegada. Talvez um pouco sentimental em algumas situações, mas só um pouco. E infelizmente acho que é isso que está me atrapalhando agora, pois estou com um enorme peso por ser obrigada a deixa-lo partir.
Mesmo que eu precise que ele se vá, meu coração me pede para deixa-lo.

Sempre que eu o vejo quando passo em frente a porta de seu leito, eu guardo essa parte do meu coração para mim. Ontem, entretanto, foi diferente quando tive que lhe dar tal notícia. Eu estava mais agitada e ansiosa do que eu deveria. A ideia de não ter conseguido fazer nada por ele me atormenta.

[...]

- Eu não quero ir...

- Mas eu não posso ficar com você...

- A questão não é essa enfermeira... você pode não poder ficar comigo, mas eu... tenho total e absoluta certeza de que posso ficar com você.

Heathan estava tentando me convencer de que não existiria nada no mundo que pudesse o separar de mim agora.

- Heathan, isso será melhor para você. - disse respirando fundo logo após.

- Você sempre disse que não desistiria de mim. - ele olhou nos meus olhos.

- Eu sei disso, mas infelizmente precisei acordar para a realidade. Você me mostrou que pessoas como você não mudam.

- Mas eu mudei enfermeira.

- Se precisa provar isso para mim, só me mostra que não é verdade.

Ele ficou em silêncio por um momento.

- Eu me apaixonei por sua presença, enfermeira. Sua voz, seus toques, sua risada... fazem com que eu não sinta tanta dor... e com que eu não ouça as vozes que me atormentam todas as noites.

Desviei o olhar. Eu não consigo encara-lo dessa forma.

- Só isso pode cegar alguém como eu. - Ele tentou tocar-me pelas grades da porta, mas me afastei bruscamente. - Se eu não te ver mais, posso me descontrolar e vir atrás de você.

Olhei em seus olhos por um instante, ele estava sério.

- Homens como você não podem ser amados, Heathan. Eu sinto muito.

Lhe dei as costas, sentia seu olhar queimando em minhas costas, mas ele não disse nada, absolutamente nada.

[...]

A hora havia chegado.
Os policiais haviam chegado e esperavam por Heathan na recepção do hospital junto a mim.

Dois de nossos enfermeiros estavam o trazendo, novamente com seus pés e mãos acorrentados. Ele estava de cabeça baixa e eu não conseguia ver seu rosto.
Assim que seus pés tocaram o chão da sala, senti todo o ambiente ficar pesado e sombrio.
Ele caminhou até os policiais pacificamente, não disse nada enquanto o revistavam, mas em um breve momento, ele finalmente olhou em minha direção.

"- Ele vai ser assim sempre.
Heathan é um completo psicopata... ele não precisa de tratamento, precisa estar a sete palmos abaixo da terra em um caixão bem fechado."

Ele sorriu para mim, de uma forma que eu nunca havia visto até hoje.

"- Me escute menina, desista de Heathan, ele não tem solução, não existe cura pra maldade que há no homem dentro daquela sala."

- Eu vou sentir tanto a sua falta... Elizabeth. - ele disse encarando friamente meus olhos. - Mas não se preocupe, por favor...

Ele parecia tentar conter a risada mas não conseguiu. Os guardas foram o puxando para fora enquanto ele ria.

"- Quanto mais cedo perceber isso, vai ser bem melhor pra você."

- Eu vou vir buscar você.