46 • A proposta

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Passamos ao lado dos garotos e Antoine sorriu para mim logo quando me viu. Aquele sorriso era diferente. Não era um sorriso malicioso, mas sim algo do tipo "E aí amigo, beleza?". Correspondi o sorriso e ele voltou a conversar com seus amigos.

O Nicholas do começo do ano jamais pensaria que veria esta cena em sua vida, mas o Nick de agora, enquanto ignorado pelos seus amigos, passou por tanta coisa que nem imaginaria o que mais poderia surpreende-lo.

— Vocês vão assistir nosso jogo de basquete na sexta, né? — Vinicius perguntou logo quando paramos em frente da sala das duas amantes que viviam um verdadeiro sonho de amor lésbico no ensino médio.

— Mas é claro! — Gabi deu um empurrãozinho no ombro direito dele! — Como poderíamos perder isso?

— Estou com a Gabi! — Dei um soco não muito fraco no mesmo ombro.

— Mas vocês gostam de me bater, né?

Gabi e eu rimos quando nos olhamos. Em seguida, nos despedimos e Vini e eu fomos até a nossa sala de Português, de mãos dadas.

***

Sexta-feira chegou e acordei animado para ir à escola, pois finalmente o dia de assistir Vinicius jogar havia chegado. Eu já tinha o visto treinando diversas vezes, então estava pronto para ver nosso time vencer facilmente os alunos da Escola Monttinegro, vulgo, nossa suposta maior adversária nos esportes.

Quando corri para a escada a caminho da cozinha, Joana que estava na porta de seu quarto, me disse que sairia de tarde para escolher o vestido que usaria em seu casamento e logo em seguida perguntou se eu não gostaria de ir com ela.

— Eu adoraria! — respondi. — O jogo do Vinicius vai ser agora de manhã e vamos ser liberados mais cedo. Você me pega no almoço?

— Perfeito, querido.

Fiz um lanche rápido e corri para pegar o ônibus. Já basta minha ansiedade me deixar agitado quando há um evento relacionado a mim, mas é o cúmulo ela me obrigar a sair quase meia hora mais cedo de casa para assistir um jogo que nem sou eu um dos jogadores.

De dentro do ônibus, Vinicius e eu trocávamos mensagens. Era uma mistura de eu dizendo que tudo daria certo e ele pegando palavras aleatórias que eu dizia e as transformando em cunho sexual; como quando eu disse que ele acertaria todas as cestas, e ele respondeu que a cesta da quadra seria fácil acertar comparado com outras que ele havia como objetivo. Acho que ele estava falando do meu cu, mas sei lá, sempre fui péssimo em entender frases de duplo sentido.

De certa maneira eu achava incrível conhecer a versão safada de Vini. Tenho de confessar que sempre tive uma pequena atração secreta por caras que conseguiam ser fofos e ambiguamente safados as vezes. Que adolescente não piraria com alguém feito Vinicius Alencar?

De repente, no ônibus enquanto conversava com Vinicius, comecei a sentir um calor dentro de mim, mas este era diferente. Eu não queria simplesmente beijar ele; eu queria ir além. Em cada novo buraco que o ônibus passava, eu automaticamente pulava no banco em que eu sentava. Não vou mentir; em cada novo salto que eu dava, mais calor eu sentia.

Um tempo se passou e quanto mais próximo da escola o ônibus chegava, menos calor eu sentia. Quando aterrissei no meu ponto, eu já não sentia mais nada.

Caminhei até a escola e fiquei vermelho quando vi que Vinicius me esperava na fachada. Ele estava encostado numa árvore e a jaqueta do clube que usava fez meus hormônios lembrarem do que haviam me causado no ônibus, mas desta vez eu consegui os controlar.

— Oi! — saudei tímido.

Ele me puxou tão rápido em sua direção para um beijo que eu não tive como impedir. Deixei com que nossas línguas se encostassem, pois eu queria de certa maneira cessar o tesão que muitas vezes reprimi por estar em público, entretanto, naquele momento eu não me importava mais.

O melhor ano do nosso colegial (Wattpad Edition)Where stories live. Discover now