24 • A casa de Thomas

1.8K 228 168
                                    

Nesta noite não sonhei com nada, o que é difícil quando o contexto do meu dia anterior fora novidade a todo momento.

Achei que eu acordaria com cheiro de café ou algo do tipo espalhado pela casa, mas não, não cheirava a simplesmente nada.

"Será que vovó não faz mais o café da manhã?", pensei ainda meio tonto por ter acabado de abrir os olhos pela primeira vez na manhã.

Olhei para o criado mudo ao lado da cama, ergui meu celular e ainda eram oito horas da manhã. 

"Eu estou de férias, dormi tarde ontem, estou deitado no colchão mais confortável que eu conheço e acordei às oito da manhã?", pensei.

Não aceitei tal fato e fiz de tudo para voltar ao sono. Eu nunca havia conseguido retornar a dormir uma vez que eu já tivesse aberto meus olhos, portanto, o máximo que eu conseguiria obter desta tentativa seria fazer com que o tempo passasse sem que eu percebesse.

Tal momento era perfeito para raciocinar sobre coisas da minha realidade. Ficar olhando para o teto branco de madeira com minhas mãos cruzadas sobre a barriga pareciam ideais para a ocasião.

De início, não me veio nada à mente, mas quando olhei pela janela e vi a casa da frente, lembrei na hora de Thomas. Ele possuía uma beleza exótica, um corpo atraente e uma personalidade exclusiva. Eu queria conversar mais com ele e conhecê-lo melhor, sem segundas intenções, obviamente.

Olhei para o lado e novamente vi meu celular. Lembrei do quão bom era ligar a internet pela manhã e receber as notificações que havia perdido durante a noite, mas, esta era uma nostalgia da qual eu só poderia ter acesso quando retornasse à cidade grande de novo.

Eu não tinha nada para fazer, isto era fato, então por um instante, pensei que se eu levantasse e fosse à janela, talvez pudesse ver Thomas se trocando, se exercitando ou qualquer outro tipo de coisa que costuma acontecer em filmes americanos quando se é possível ver o vizinho pela janela. Ver uma boa barriga não significa necessariamente ter interesse no dono dela, mas usufruir da vantagem de possuir dois olhos saudáveis nas órbitas do crânio.

Levantei e corri até a janela, sentei numa espécie de sofá em sua frente e tudo o que eu vi foi uma persiana fechada na janela dele, pelo menos por alguns segundos, porque logo em seguida ele as levantou. Levei um pequeno susto com medo de que Thomas me visse o observando, mas por sorte, isto não aconteceu.

"Pronto, agora só falta você tirar a camisa garotão", pensei lambendo os lábios sem perceber.

Quando foquei mais ainda meus olhos, notei que ele já estava sem camisa e estava se aquecendo para, por coincidência, fazer algum exercício em seguida.

— Admirando a vista, querido? — vovó surgiu na porta perguntando.

Eu me assustei e caí do sofá. Minha respiração acelerou assim como meus olhos tentando encontrar algum ponto específico para onde olhar.

— V-vó! A s-senhora acordou cedo!

— Mas não é isso que avós são conhecidas por fazer, Nick?

— É... t-tem razão  — eu ri concordando.

— Vai continuar jogado no chão ou vai descer comigo para me ajudar a preparar o café?

Percebi no mesmo instante que eu estava com uma perna em cima do sofá e o resto do corpo largado torto no chão. Finalmente sentei e em seguida levantei.

— Te ajudo sim, claro! Vamos lá.

Amélia usava com um roupão de seda rosa que parecia fazer parte de um conjunto de vários outros com cores distintas um do outro. Eu usava um pijama curto azul marinho com gaivotas desenhadas na camiseta e no short. Devido à pressa e nervosismo, eu estava sem a pantufa de coelhos que eu não usava há tempos, mas que a viagem me inspirara a colocar dentro da mala.

O melhor ano do nosso colegial (Wattpad Edition)Where stories live. Discover now