Capítulo 10

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Pov Jamie

Quando ouvi Dak chamar-me, foi como se acordasse de um pesadelo onde estava preso e não conseguia sair. Foi como se o mundo de repente se tivesse tornado leve. Acho que só naquele momento percebi o peso que estava a carregar.

Não foi preciso dizer muita coisa sobre o nosso bebé, ela já sabia. Não sei como, nem quando ela se apercebeu disso, mas a realidade é que o que dizem sobre a ligação de uma mãe e de um filho começar no ventre é a mais pura das verdades. E acho que nós homens não percebemos muitas vezes o privilégio que é ter uma vida a crescer dentro de nós.

Sim de facto as mulheres têm essa "vantagem", e mesmo com a dor que sentem no parto no fim de tudo com o bebé ao colo sorriem como se toda aquela dor não tivesse sido nada.

Dak está a ser a minha rocha, ela está tão forte, tão calma. Assusto-me um pouco com isso, não sei se realmente ela está "bem" com tudo o que aconteceu, ou se simplesmente a ficha que perdemos a nossa filha ainda não caiu.

Depois do médico a examinar, deixam-nos os dois sozinhos. Falei que o meu pai tratou de tudo para o enterro da nossa pequena Lorie. Dak pede para me deitar ao seu lado, embora com medo de a magoar não consigo resistir àquele olhar. Acabamos os dois por ficar a olhar um para o outro, fazendo pequenas carícias na face um do outro, e assim adormecemos. Precisava de falar com o médico amanhã, esta calma toda da minha rainha não pode ser bom sinal.

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Na manhã seguinte quando acordo, Dakota dorme tranquila. Resolvo levantar-me com cuidado para não a acordar e vou tomar banho. Lembro-me que as meninas virão vê-la hoje, no entanto elas não sabem que a mãe acordou.

Ontem quando liguei a Jess, para lhe dar a boa nova de que Dak acordara, pedi que não lhes contasse, queria que fosse surpresa. Saio do banho, e vejo que o meu anjo de olhos azuis já está acordado, e a tentar levantar-se. Ela tem um sorriso lindo, como eu tinha saudades daqueles cristais lindos a brilhar, ela apenas sorri de volta. Chego perto de dela dou-lhe um beijo, sento-me ao seu lado e ficamos apenas a olhar um para o outro.

- Onde é a que a senhorita ia?- pego na sua mão e começo a dar-lhe mimos...- Não podes mexer-te muito Dak, ainda estás a recuperar.

- Eu acordei e não te vi, só queria...desculpa. Anda deita-te aqui comigo?- falo manhosa.

- Não acho uma boa ideia, o médico ontem já me apanhou aí deitado, e acho que não ficou muito contente. Para além disso, daqui a pouco chegam aí duas meninas que ainda não sabem que a mamã acordou.

- Não lhes contaste?

- Telefonei lá para casa, falei com a Jess. Pedi que não lhes contasse, achei que seria uma boa surpresa.

- Tenho saudades da minha princesa e da minha bonequita. Sinto-me tão culpada por elas terem passado por tudo isto, por minha culpa.

- Coqui, a culpa não foi tua. Por favor não digas nunca mais isso. Aconteceu e agora a única coisa que podemos fazer é levantar a cabeça e seguir em frente.

- Eu ouvi-te ontem, quando leste a carta daquela Fã...APMarques. Foi ela que me mostrou o caminho para voltar. Consegui sentir a sua dor, mas principalmente a sua força.

- Hummm. Bom saber que foi uma fã que te trouxe de volta, e não eu....- digo fazendo um bico.

- Foram as palavras dela, mas foi a tua voz. Não faças esse bico...

- Estou a brincar amor. Fico feliz que tenhas acordado, e se foi preciso uma carta de uma fã para isso...

Dakota diz que foi por tudo o que ouviu naquela carta que conseguiu "voltar". Ela diz que conseguiu sentir a dor pela qual aquela fã passou, mas principalmente sentiu toda a sua força para ultrapassar a perda. Que ao contrário do que aquela fã pensa muitas vezes não somos exemplo de nada, muitas vezes aprendemos nós muito mais com elas. 

Recomeçando uma Vida (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora