》03

44 8 7
                                    

- As visões voltaram – respondeu após um longo tempo em silêncio. Yugyeom sabia que os amigos tentariam ao máximo lhe ajudar, mas ele não queria coloca-los naquilo, não queria que eles se envolvessem em algo que nem mesmo ele sabia o que era. Tinha as suas suspeitas, mas quem as confirmaria? As suas lembranças borradas de quase dez anos atrás? Não, elas pareciam ainda mais borradas e confusas, sempre confusas. – Não exatamente como antes – voltou a se pronunciar. – Aparecem quando fecho os olhos para dormir ou no meio do sono. Sempre são borrões, preto e vermelho, ouço vozes, mas nunca consigo distinguir nada do que escuto e do que vejo, eu só... só... sei que tem haver com os meus pais.

- E quem os matou? – Bem perguntou. Nos últimos anos Ben perdeu a famosa delicadeza, coisa que Jim adquiriu magicamente, mas, raramente vista.

- Provável que sim, mas eu não sei. Só sinto um sentimento ruim e angustiante. É tudo muito confuso na minha cabeça. – Suspirou.

- Por isso voltou a desenhar? E a pinta? – a voz de James era calma.

- Sim. Desenhando e pintando me ajudava, mas não tem ajudado muito, já que não sei o que por no papel ou na tela. – Passou as mãos pelos cabelos escuros.

- E o envelope? O que diz? – James o encarou e Yugyeom sentiu seu corpo estremeceu.

Yugyeom pegou o envelope e o papel, onde estava escrito em hangul.

- Tic-tac já se passou muito tempo. Está na hora de voltar ao passado pequeno Yugyeom. E dessa vez erros não serão cometidos. Nos vemos em breve. – Olhou para Jim e Bem. Olhavam sem expressar nada em seus rostos. Os olhos verdes e vibrantes de Benjamin. Os olhos negros e profundos de James. Tão bonitos e tão assustadores.

- Quem enviou? – Perguntaram ao mesmo tempo.

- Não faço a mínima ideia. Não assinou e nem colocou o seu nome, apenas o meu como remetente. Se enviaram pelo correio. – Ele não podia negar que precisava da ajuda dos amigos.

- Precisamos ir até o Jinyoung. – Jim falou após um longo tempo em silencio. O ar gelado que pairava o cômodo, se tornou congelante.

- Não, melhor não. Ele não quer ver ninguém que tem qualquer relação com Dixton. – Ele sabia que aquela não era uma desculpa aceitável o suficiente para não ir atrás do dito feiticeiro.

- Você sabe muito bem que ele estava muito interessado no que houve no seu passado, eu tenho total certeza, que ele e Mark planejaram a nossa tortura dentro daquele maldito acervo. Seja lá o que tínhamos que achar, está com Jinyoung ou é algo relacionado a ele. – James ficou em pé e andou pelo quadro. – Eu não duvido nada que ele saiba de alguma coisa ou já tem noção do que acontece. Ele sempre teve cara de tédio e que sabia de tudo, só tinha má vontade de explicar.

- Ele espera que você o procure outra vez. – Bem disse o que Yug estava pensando. Ele tinha certeza que Jinyoung o aguardava, mas ele não queria ir até o feiticeiro, ele não queria resolver o que deveria ter ficado para trás.

Ele sabia que tinha que ir até o feiticeiro, que teria que por os pés outra vez no seu país natal, na sua antiga casa, quem sabe. Reviver, de forma nítida, memórias que deveriam ser esquecidas, enfrentar algo que ele nem sabe, ou se quer, presume que o fim pode vir a ser como o dos seus pais, mortos; só mais corpos em um crime na qual nem a policia vai se esforçar o suficiente para tentar - se quer - resolver.

O passado estava batendo em sua porta e ele não gostava nem um pouco da sensação que estava sentindo.

A campainha tocou soando por todo apartamento. O dono do espaço estava na cozinha, olhando o seu copo com leite girar dentro do micro-ondas. Ele virou o rosto na direção da sala lentamente. Viu o seu gato de pelos pretos e olhos heterocromáticos miar sob o sofá. O micro-ondas apitou quando estava chegando próximo a porta. Era sábado, não trabalhava e nem tinha ninguém para atormenta-lo me pleno sábado, principalmente antes do meio dia.

Arco-da-LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora