5.0 Passado pertubado

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Lili

-Eu nunca falei sobre isso com ninguém. Nem sei por onde começar-Cole diz.

-Quer tomar um banho primeiro?

-Não, amor. Tudo bem, você esperou tanto por isso.

-Exatamente, se eu esperei uma semana para este raríssimo e exclusivo momento, posso esperar alguns minutos enquanto você toma banho.

-Não, pequena. Vamos logo com isso-Ele diz sentando-se na cama, e me puxando junto.

-Bem.. primeiro de tudo, eu queria te dizer que.. eu sou.. casado.

-Oi?-Digo num tom surpreso, incrédula.

-Não, calma. Só nos papéis.

-Breeline?

-Ela não quis assinar os papéis de divórcio mas, enfim.

-Por que você pediu divórcio?

-Vai deixar eu contar?-Eu apenas chacoalho a cabeça em sinal positivo feito um bonequinho.

-Bem, eu e Bree nos conhecemos em uma balada na Alemanha, eramos bem novos, ela tinha 16 anos, e eu na época estava para fazer 17. Enfim, a gente criou um vínculo de amizade, que acabou virando paixão. E, não vou mentir para você, eu realmente fui apaixonado por aquela mulher, perdidamente. Não deu 1 ano dês de que tínhamos iniciado um relacionamento, e ela engravidou.

-Você é pai?-Digo arregalando os olhos, e ele me fita com a expressão fechada-Ta, vou calar a boca.

-Enfim, obviamente que minha mãe e a mãe de Breeline arranjaram um casamento, e eu não tive como escapar. Não que eu não fosse assumir minha responsabilidade, mas creio eu que não era necessário um casamento, nós poderíamos continuar vivendo juntos sem essa de casamento e blá blá blá. Enfim, Bree teve a criança, era uma menina. Uma menina linda, morena dos olhos escuros, assim como a mãe. E, nossa, Lil. Eu amei tanto aquela garotinha..

-Amou?

-Então.. quando ela fez 3 anos, Breeline e eu estávamos na Müller, e ela com meu pai, aí quando me ligaram do hospital Herzzentrum, que é o hospital no qual temos plano e enfim, papai bateu o carro e Lucy ficou presa nas ferragens. Ela precisou de sangue, e foi aí que descobrimos que ela não tinha o sangue compatível, nem comigo, e nem com Breeline. Minha filha estava prestes a morrer e eu não podia fazer nada-Ele dá uma pausa e tenta segurar as lágrimas, mas elas já escorrem por seu rosto.

-Se não quiser mais falar, tudo bem..

-Não, agora eu vou até o fim-Ele diz e suspira-Acontece que eu não era o pai da Lucy, o pai dela era um amigo que eu e Bree tínhamos em comum, um holandês que conhecemos em nossa viagem a Itália. Eu fiquei destruído quando soube, nunca mais queria saber de Breeline. A minha filha morreu, porque não achamos um doador a tempo, e o verdadeiro pai dela não chegou a tempo. Eu me senti tão humilhado, tão.. destruído quando soube disso, sabe, Lil.. talvez este até seja um dos motivos para eu me fechar tanto, aí você apareceu e..-Cole para ao ver meus olhos marejados.

-M-me desculpa, eu não sabia que.. eu não..-Digo murmurando pela minha voz chorosa.

-Lil, eu amava a minha filha, mas acho que de certa maneira aprendi a conviver com isso. O meu maior medo era de perder você por ainda estar casado oficialmente.

Eu o abraço forte. Meu Deus, Cole passou por um turbilhão de emoções psicológicas, e está aqui, e eu fiquei insistindo para que ele me contasse, achando que ele era um idiota com a ex mulher ou algo assim.

-E a sua mãe-Digo após me acalmar um pouco mais-Como ela ainda pode querer que.. que você retome com Breeline?

-Mamãe não sabe que Lucy não era minha filha, ela pensa que sua "neta" faleceu por causa do acidente, que ela apenas não resistiu. Eu não tenho coragem de contar a ela, não tive coragem de ao menos tentar salvar a minha filha.

-Do que você tá falando, Cole?

-Lil, talvez se eu tivesse.. se eu tivesse sido mais rápido, se eu tivesse sei lá, doado sangue para ela, vai que isso funcionava..

-Meu Deus, Cole, você não..

-Ou se eu tivesse trazido logo Alex, ou até mesmo ter ficado em casa com ela, Dylan disse que cuidaria de tudo naquele dia, mas eu fui teimoso, se eu não tivesse.. eu.. minha pequena estaria aqui hoje, ela estaria viva, comigo, Lil, ela estaria..

Cole desaba em chorar e eu o abraço, ele afunda seu rosto em meu pescoço, como se estivesse se escondendo, se escondendo do mundo e de seu perturbado passado.

-Amor, mesmo que você fosse a pessoa mais poderosa deste mundo, infelizmente você não podia salvar Lucy, era pra acontecer. Eu sinto muito, mas não se culpe, você é a pessoa que menos tem culpa nesta história toda, nada do que fizesse iria adiantar.

Posso sentir que Cole respira com dificuldade,e soluça de desespero. Falar sobre isso não é fácil para ele, agora, só agora, eu sei.

-Eu tinha muito medo de perder você após contar isso e..

-Shh, eu tô aqui, meu amor. Eu tô aqui..-Digo e ele me aperta mais ainda contra si.

Eu achava que ele precisava de mim, achava que ele precisava que eu o protegesse e, bem no fim, eu é quem preciso dele, e eu é quem quero protegê-lo, virou meu propósito, eu preciso disso para viver.

A Bad Bitch For You, Baby - SprousehartOnde as histórias ganham vida. Descobre agora