capítulo vinte e dois

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—Não, Dominic.

—Jen!

—Ok. Não, Saint.

—Por favor, já está tarde para você ir pra casa sozinha, mais tarde vai ser pior ainda. Você não precisa trabalhar amanhã?

—Não, Saint. -eu bufo. Porra.

—Eu posso levá-la para casa quando ela precisar, cara. -eu olho paro o esquecido Marmadoc sentado no canto da sala de espera.

—Não lembro de ter pedido. -Jen revira os olhos.

—Não lembro de ter dirigido a palavra a você. -ele retruca.

—A partir do momento que sou eu quem está em jogo, tenho o total direito de opinar.

—Foda-se, Jenevive.

—Foda-se você, Marmadoc.

—Ei, ei! Chega. Qual o problema de vocês? -eu fico chocado acompanhando a interação dos dois.

—Nenhum. -eles respondem em uníssono.

—Qualquer que seja ele, resolvam como adultos. Marmadoc, a leve para casa mais tarde. -eu dou as costas para os dois e sigo o doutor em direção ao corredor. Ao lado da porta do quarto tem um recipiente de álcool em gel que o doutor pede para eu usar nas mãos e braços.

Eu empurro a porta e, deitada naquela cama, encontro o meu grande amor. Pérola está claramente pálida e abatida. Seus lábios ressecados e seus cachos bagunçados, mas, mesmo com todas essas coisas, ela ainda é a coisa mais perfeita em que já coloquei os olhos.

—Ela sofreu um aborto espontâneo. -a voz do médico me puxa de volta para a realidade. —Com mais alguns minutos de demora, talvez nós não teríamos conseguido salvar o bebê.

—O bebê está bem?

—Forte como um touro. -ele sorri. —Batemos um ultrassom para confirmar. -eu suspiro aliviado.

—Ótimo.

—Sugiro que quando ela acordar vocês não retomem o assunto que estavam tendo. -eu franzo o cenho, confuso. —Ela fala enquanto dorme. Enfim, sem mais complicações ou gravidez dela pode se tornar complicada. Todo cuidado é pouco.

Eu que o diga.

Eu aceno concordando e o médico sai depois de mais alguns conselhos sobre os cuidados que Pérola e eu devemos tomar.

Observo a sua respiração calma e continuativa. Os seus longos cílios pousado sobre as maçãs do seu rosto. Depois de um turbilhão de momentos difíceis, eu suspiro, sentindo a calmaria me tomar. Eu me sento na poltrona e adormeço.

*

—Eu odeio hosptais. Saleh tih. -ouço os sussurros praguejadores de Pérola e acordo em um salto, a encontrando se desligando dos equipamentos que a monitoram.

—Não, Pérola. -eu toco a sua mão e ela se afasta, ainda tirando os equipamentos. —Eu disse não.

—Quantas vezes eu vou ter que dizer que você não manda em mim? Talvez eu precise desenhar.

—Quem sabe... de desenhos eu entendo, não é? -eu ergo a barra da minha camisa, expondo várias das minhas tatuagens. Os seus olhos correm desenibidamente por todo o meu tronco.

—Você é ridículo. -ela revira os olhos e se senta na cama.

—Por que?

—Está tentando me distrair com esse seu corpo. Saiba que não funcionou, eu ainda vou embora dessa droga de lugar.

—Pérola, por favor? -eu suspiro e ela me olha atentamente.

—Qual o nome dela?

—Porra, eu já disse que não estou traindo você! Eu jamais seria capaz!

—A minha irmã.

Alívio me consome por pelo menos saber que ela não desconfia de mim.

—Pérola...

—Não! Por favor, Saint. Eu estou te pedindo. Você vai me contar tudo sobre ela.

Nos minutos seguintes eu contei à Pérola sobre como eu encontrei a sua irmã. Inesperadamente, pedi ao Marmadoc, que ainda está ligado ao exército, para fazer uma pesquisa no banco de dados e procurar por qualquer coisa ligada à Pérola. Ele demorou mais que o normal, segundo ele, as pessoas nascidas em Gana, são quase inexistentes. É difícil encontrar quaisquer informações. Passaram-se semanas, talvez eu até tenha me esquecido. Então, Marmadoc me ligou dizendo que, por acaso ou não, os dados de Pérola tinham se cruzado com os de uma mulher que ainda vivia em Dubai, não em Gana. Fomos em busca de mais informações. Eu fiquei curioso, pois, pelo o que eu me lembro, Pérola tinha me dito que vários de seus parentes morreram depois que ela deixou a sua tribo. Por quê ela poderia ter quaisquer parentes em Dubai? 

Algum tempo depois veio a resposta. Pérola tinha uma irmã.

Eu fiquei em êxtase. Só consegui pensar em como a minha mulher ficaria feliz em rever um dos seus parentes. Então eu resolvi fazer uma surpresa. Peguei o primeiro avião para Gana, deixando Pérola em casa, pensando que eu estava indo para uma viagem de negócios em Miami. Porra, era o plano perfeito.

Seria perfeito, a menos que alguém deixasse escapar que eu estava em Dubai.

—Por Jah!

—Sim... meu Deus.

—Onde ela está? O que você disse sobre mim? Por quê não me disse nada, Saint? -as suas lágrimas caem suavemente pelo seu rosto e eu a aperto contra mim com força.

—Shh... está tudo bem.

—Eu vou vê-la. -ela tenta se afastar de mim e se levantar da cama. Eu a seguro em meus braços com mais força ainda.

—Por favor... -o seu choro é alto e doloroso. Eu me sinto mal por ter jogado uma tonelada de informações sobre ela, mesmo sanendo que não deveria. Quão difícil deve ser o sentimento de descobrir uma coisa tão importante, uma coisa pela qual você nunca teve, mas que sempre precisou?

—Calma, meu amor.

—Você vai me deixar vê-la? Por favor!

—Você precisa se acalmar pela nossa bebê.

Ele está bem. Eu sei disso.

Eu respirei fundo e o som da porta se abrindo chamou a minha atenção.

Então ali estava a minha surpresa. Uma surpresa negra e de longos cabelos alisados.

Devagar eu me afasto de Pérola. Os seus ombros ainda tremem suavemente e o seu choro ainda é audível.

—Pérola? -antes de levantar os olhos para mim. Ela os seca e soluça mais uma vez. Então, ela me olha. Os seus olhos correm por mim lentamente antes de observar a figura parada enfrenfe a porta.

—Olá, Pérola. -o seu sotaque é tão forte quanto o de Pérola. Os seus lábios tremem e os seus olhos estão mergulhados em um mar se lágrimas. As duas mulheres se encaram sem dizer sequer uma palavra. Os segundos passam-se lentamente. Elas observam uma a outra atentamente. Pérola parece travada.

—Pérola, essa é Dalilah. Sua irmã.

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