capítulo vinte e dois

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Saint

Você precisa se acalmar, querido. -as mãos da minha mãe tocam o meu ombro, empurrando-me para trás, em uma tentativa falha de me fazer sentar em uma das cadeiras de espera. 

—Não! -eu desvio dos seus braços e passo as mãos manchadas de sangue nos meus cabelos. Porra. Eu estraguei tudo. Como ela está? —Mãe! -eu digo quando sinto o aperto de um beliscão em meu braço. 

Ela me olha atentamente e suas bochechas rosadas. Seus cabelos desgrenhados como os meus e uma camisola. 

—Dominic, se você não me obedecer agora e se acalmar, vou mandar que enfiem um tranquilizador no seu traseiro tatuado. Agora, por favor, senta! -as suas palavras são um sussurro ameaçador e eu não duvido que ela faria o que disse.

O peso que parece de dez toneladas se aliviam um pouco quando eu me sento. O cheiro de médico e as cores claras por todo canto lembram-me os piores momentos da minha vida. Morte. A coisa que eu mais tenho medo. Não da minha, mas das pessoas que amo. O pensamento de perder Pérola e o suficiente para que as lágrimas dos meus olhos caíam como nunca antes. Meus ombros tremem em horror, assim como os meus dedos.

Eu não vou perder as melhores coisas que eu já tive em minha vida. Eu não aguentaria.

Eu só quero que ela abra os olhos e veja a grande surpresa que eu tenho para ela. Eu a quero ver sorrir.

Eu quero ser o motivo do seu sorriso.

Deus, por favor.

Sempre me pego orando quando mais preciso. Não consigo acreditar que eu estou aqui em um hospital orando pela vida da minha mulher e filha. Eu não mereço isso.

Tire-me qualquer outra coisa, Deus. Elas não.

—Ei, cara. -não preciso olhar para reconhecer Marmadoc. Os seus passos pesados se aproximam de mim e ele dá um leve tapa no meu ombro. —Vai ficar tudo bem. Eu concordo mentalmente.

Assim espero. 

*

As horas passam-se arrastando o meu desespero é cada vez maior. É incontrolável o sentimento de perda que me consome cada vez mais. Nenhum consolo das pessoas à minha volta é o suficiente para me fazer mais calmo.

—Parentes de Pérola Ayira? -eu me levanto o mais rápido que posso.

—E aí, doutor? -meu pai toca o meu ombro e o aperta em uma tentativa falha de conforto.

—Pérola está estável, mas precisa ficar em observação. -um peso que parece de mil toneladas sai dos meus ombros, e, pela primeira vez eu posso respirar mais calmamente.

—Eu posso vê-la?

—É claro, mas ela está dormindo por causa dos remédios.

—Vamos ficar aqui, querido. -a minha mãe diz, bocejando.

—Não. -eu olho para o meu pai que também parece abatido. —Pai, leva a mamãe para casa. Pérola e eu vamos ficar bem. Qualquer coisa eu ligo. -o meu pai se levanta, concordando. Liv também não protesta e me dá um abraço.

—Cuida dela, querido.

—Sim, mãe. -quando os meus pais ja tinham passado da porta, dirijo o meu olhar para a Jen que ainda está tensa. Ela revira os olhos para mim. Arqueio a sobrancelha.

—Não me olha assim. Preciso saber como está o meu sobrinho. Não vou embora. -Jen dá de ombros e permanece sentada.

—Jen...

BurnWhere stories live. Discover now