| Capítulo Dois |

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Saint

Seus olhos transmitiam todo o seu medo, mas, mesmo com todo aquele medo, eu ainda enxergava toda a sua garra.

A mulher de pele escura, longos cabelos castanhos e cacheados e lindos olhos, está sentada em um canto, com dezenas de crianças a cercando, como se para protegê-la. E eu me encanto mais uma vez.

—Todos bem? -a voz de Marmadoc chama a minha atenção, tirando-me de meu devaneio.

Eu percebo que as crianças parecem acuadas e confusas, então decido que a melhor abordagem seria em seu próprio dialeto.

—Todos bem? -eu digo passando os olhos rapidamente por todas as crianças, mas logo voltando à pequena mulher.

—Vocês conseguem nos entender? -Marmadoc usa o dialeto também.

—Sim... -uma pequena menina sussurra e um garoto ao seu lado lhe dá um pequeno empurrão, a fazendo ficar quieta novamente.

—Não precisam ter medo, somos do exército americano, vêem? -aponto para a bandeira costurada em meu braço. —Viemos em uma missão para tirá-los daqui e levá-los em segurança.

Vejo que seus rostinhos se transfomam com o alívio.

—Ah... -o suave gemido chama a minha atenção e eu arregalo os olhos, observando a mulher que se contorce. Seus olhos fecham inconscientes por alguns segundos.

—Crianças, se afastem, por favor. -relutantemente, as crianças se afastam.

—Trevor, encaminhe todos para o furgão e os leve para o abrigo temporário. -Marmadoc comanda e as crianças começam a seguir Trevor. Uma a uma, todas se vão.

Depois de ajudá-los, eu me volto para a mulher que ainda está sentada, mas parece quase inconsciente, seus olhos parecem nublados, confusos Meus olhos se arregalam e meu coração bate mais forte, em desespero, quando percebo a mancha escura e vermelha que se alarga na parte inferior do seu peito, à cima do umbigo

—Você consegue me entender? -chego mais perto e me ajoelho ao seu lado.

Levo a mão a parte lateral da minha calça e vejo seu corpo se retrair ainda mais.

—Calma eu não vou machucar você. -seguro seu ombro para que ela para de se mover e a pressiono ainda mais contra a parede.

Tiro o meu cinto. Seus olhos inconscientes se arregalam e eu percebo toda a força que elas faz para não apagar completamente. Ela se contorce.

—Agora eu preciso que fique quieta.

—Por favor, não... -sua voz é chorosa, como se eu realmente fosse machucá-la. Seus olhos transbordam em lágrimas que ela não solta. Seus dedos tremem quando segura meu pulso, tentando, inutilmente, me afastar.

—Vamos, Saint, não temos o tempo todo. O prédio já foi evacuado, mas temos tropas rebeldes vindo pra cá. -eu olho sobre o meu ombro e vejo Marmadoc já se virando para sair do porão novamente. Volto a olhar a mulher a minha frente.

—Calma, calma. Eu não quero machucar você. -ela me olha como se analisasse se pode ou não confiar em mim. Seus olhos vagam por todo o meu rosto e desce pelo meu pescoço onde vê algumas das minhas centenas de tatuagens. Ela se encolhe ainda mais contra a parede.

—Não tenha medo. Não quero machucar você, eu prometo. -agora eu seguro seus ombros com muito mais força e a seguro em seu lugar com mais pressão.

—Não, tire as mãos de... -percebo que a conversa acabou quando mais uma vez seus olhos rolam em sua cabeça e ela parece que vai desmaiar.

Seguro meu cinto e passo em volta do seu corpo.

BurnWhere stories live. Discover now