| Capítulo Sete |

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Saint

—Então a família de Chance o enterrou enquanto eu estava desacordado? Isso é uma puta sacanagem. -respondo triste, trotando pelo ringue ao redor de Marmadoc.

—Você levou três semanas para acordar, mal sabíamos nem se realmente acordaria. Entendo a frustração, mas não poderíamos te esperar pra sempre, Saint. -ele desvia quando eu lanço o meu punho coberto pela luva em sua direção.

—Ainda sim, isso não me entra na mente. Não fui ao velório do meu melhor amigo, porra. -não tive tempo para desviar do seu punho que se choca contra a minha mandíbula, deixando-me tonto. Sacudo a cabeça e volto a trotar.


—Mas depois que acordou esteve ocupado demais com a garota. -ele sorri.

—Foda-se. -vou para cima, acertando-o na sua costela, quando ele se inclina para absorver o impacto, dou-lhe dois socos na cabeça, o derrubando. Estendo o braço para ajudá-lo a levantar, Marmadoc aceita e logo está de pé.


Marmadoc começa a tirar as luvas e eu franzo as sobrancelhas em sua direção.

—Você já está cansado? -zombo.

—Talvez o problema seja você com tanta energia acumulada. -ele dá de ombros. —Você precisa de sexo, cara. -ele ri e passa pelas cordas, indo para o chão.

Tiro as minhas luvas também, revirando os olhos.

—Tchau, cara. -passo pelas cordas e dou-lhe um empurrão. Quando saio do ginásio com a minha bolsa no ombro, ouço a sua risada. Sigo para o estacionamento e tiro as chaves do bolso da minha calça moletom, Ao abrir a porta, jogo a minha bolsa esportiva sobre o banco do passageiro e as minhas luvas.


Sento-me no estofado de coro e penso no quanto eu sentia falta de dirigir e de tantas outra coisas. Inclusive sexo.

Penso nas palavras de Marmadoc e Pérola vem a minha mente. Balanço a cabeça me livrando desses pensamentos. Não posso ter uma ereção enquanto dirijo, rio de mim mesmo e do quão idiota eu pareço com toda essa mercado acontecendo.

Giro a chave na ignição e ouço o ronco suave do motor. Com cuidado, dou ré e saio do estacionamento. Dirijo pelas ruas observando as coisas à minha volta e penso em como tantas coisas mudaram. Ou talvez eu tenha mudado, não sei.

Minha mente voa para três anos atrás quando eu larguei a faculdade de administração e me alistei no exército, enlouquecendo meus pais, sorrio com a lembrança. Eu já era uma homem crescido e não queria viver às sombras do meu pai, então, fui em busca do meu sonho de ajudar pessoas. Pensei em fazer medicina, mas pensei não ser muito bom em lidar com mortes, sangue e mecher com coisas reais. Rio pensando em quão redondamente eu estava enganado. A minha experiência foi muito pior.


Doenças. Sangue. Mortes. Estupros. Tráfico de crianças.

Tudo de pior no mundo, eu vi com meus próprios olhos.

Penso em Chance e em como ele me dava forças, ali, naquele lugar esquecido pelo resto do mundo, ele foi meu alicerce, me mantendo são. Serei eternamente grato pelo melhor amigo que já tive.

BurnWhere stories live. Discover now