Reação

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  Acordei e não era dia.

  Olhei para os lados e não era o meu quarto.

  Olhei meu corpo e a roupa que vestia não era a minha.

  Onde eu estava?

  Minha cabeça estava latejando. Tentei respirar e estava difícil, me sentia incrivelmente forte e era como se meus músculos estivessem se recuperando de um cansaço causando por um esforço exaustivo. Eu podia sentir alguns deles se mexendo, se colando de novo. Era a sensação mais estranha que já tive.

  Sentei-me percebi que meu porte estava mais atlético. Mexi meus braços e vi com surpresa que eu tinha certa destreza no movimento, algo que nunca tive, visto que sempre fui um preguiçoso e não fazia exercícios, nunca tive flexibilidade. Levantei da cama num pulo.

- Wow! – Exclamei com a precisão e força das minhas pernas e... Eu tinha músculos definidos! Puta que pariu...

Que porra está acontecendo?” Me vi confuso. Achei que já não estava no meu corpo.

  Observei o quarto à minha volta. Os objetos antigos me surpreenderam. Ao que parecia, energia elétrica ainda era algo desconhecido, pois havia um candelabro no criado-mudo ao lado da cama onde eu estivera e um lampião a gás numa mesa ali perto. Os móveis não eram muito refinados e não havia decoração. Apenas a cama, o criado-mudo, uma mesa e um guarda-roupa. Tudo muito simples e limpo. Avistei um espelho no fundo do quarto e caminhei até ele estranhando meu corpo.

  A figura no espelho só tinha a minha cabeça. Era meu cabelo, meu rosto, meus olhos verdes... Mas e aquele corpo? Notei um cordão em meu pescoço e o puxei para ver o pingente que sentia por dentro da camisa. Era uma chave. A chave tinha a mesma cor do anel que coloquei no dedo ainda em meu quarto no Alasca, tinha os mesmos desenhos estranhos e emanava a mesma energia estranha, quase mágica.

  E aquelas roupas? Uma camisa amarelada com uma pequena abertura próxima ao pescoço e calças brancas bem coladas ao corpo. Olhei um pouco de costas e quase ri. Minha bunda ficava marcada com aquela calça.

  De repente, interrompendo minha auto-observação, a porta se abriu e uma mulher entrou no quarto com uma bandeja contendo um pão e um copo que parecia conter um suco.

- Erenzinho! Vim trazer um lanche pra você se recuperar melhor. – Disse ela colocando a bandeja sobre a mesa.

  Era estranho como eu nunca tinha visto aquela mulher, porém sabia quem ela era. Hanji Zoe, médica e futura comandante da Tropa de Exploração. Espera... Tropa de Exploração? Alguns flashs surgiram em minha mente. Novamente eu estava cavalgando ao lado de várias pessoas que vestiam algo verde... Era um manto! E aquele símbolo... Era o símbolo da tropa! Eu fazia parte. Eu era um soldado. Puta que pariu! Eu era um soldado. Consegui lembrar partes de um treinamento militar. Colegas. Lutas. Um refeitório que fora cenário de brincadeiras e discussões. Meus amigos. Armin? Armin era meu amigo! Uma garota... Mikasa.

- Eren! – Hanji me chamava, pulava e sacudia as mãos na minha frente.

- O-oi. – Gaguejei.

- Está com a cabeça no mundo da lua. Acho que exigimos demais de você. – Disse ela com o semblante preocupado. – Senta aqui, deixa eu te examinar de novo. – Ela me obrigou a sentar na cama.

- Não! Não precisa. É sério Hanji, estou bem. – De repente vi a figura de um homem. Estávamos brigando? Não, ele estava me treinando. Cabo Rivaille?

- Deixa logo eu te ver. Se não deixar eu chamo o Rivaille. – Disse ela em tom de ameaça. Estranhamente senti um arrepio na espinha com a menção do nome. – Bom menino. – Comentou ao me ver ficar tenso e relaxar em seguida. Ela pegou uma vela e aproximou a luz medonha dos meus olhos. – Tira a camisa. – Pediu a médica, porém o brilho que tinha no olhar era assustador e me recusei a tirar a peça roupa.

Até seu amor • EreriWhere stories live. Discover now