Treze

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Planos diferentes
16 de Junho de 2020

A questão central da ida de Maria para a capital era sair de um relacionamento terrível e se curar da perda do seu filho. Os dois pontos eram feridas abertas em seu peito, e sangravam sempre que possível, fazendo a mesma perder o ar e desejar ser consumida pelo abismo. No entanto, depois de mais de um ano que chegou na nova cidade as coisas começaram a mudar.

Depois da viagem com Isabella para Portugal a convivência entre elas voltou a ficar aceitável, mesmo que as vezes a artista tivesse crises de ciúmes. O ateliê tinha crescido e logo a moça iria fazer uma nova exposição, tudo estava correndo bem, não tinha muito tempo para o relacionamento, consequentemente, não brigava tanto com Marcos. Márcia estava trabalhando ainda no escritório, ganhando o suficiente para mandar um pouco para os seus entes na sua cidade.

Nathan e Maria tinha um relacionamento saudável e bastante divertido, como já era de se esperar de alguém tão maluco e engraçado como ele. O rapaz trazia uma leveza para a vida dela que jamais tinha experimentado antes, era só aparecer em sua casa que o dia ficava mais colorido. Tinha realmente se apaixonado pelo tatuado afinal. Estava começando a aprender a como expressar aqueles sentimentos, respondendo sempre que possível, o deixando lhe tocar, escutando e acreditando em seus sentimentos, e, principalmente, fazendo planos.

Esse era um ponto bastante importante para Nathan, tinha sempre mostrado para ela que estava disposto em construir algo juntos, apartir do momento que tivessem namorado. Ainda que isso fosse complicado de aceitar, concordou quando o mesmo começou a falar sobre suas perspectivas de vida. Ele tinha metas grande, e a morena tinha medo de não cumprir todas, pois estava tentando ao menos juntar todos os seus pedaços antes de começar a verdadeiramente a viver.

A questão sempre foi que depois de quase um ano de relacionamento isso era colocado muito em pauta, ambos sabiam que uma hora aquilo ia gerar um tipo de conflito de opiniões. Nathan conseguia ser bastante paciente, mas apenas quando não se tratava de estaginar a sua vida, queria mudar de pais em pelo menos seis anos, ter algo mais palpável ali na cidade para ter a segurança para se tudo der errado em seus investimentos ambiciosos. Trabalhava mais de dez horas do seu dia, apenas visando ser ainda mais requisitado. Para ele, com seus trinta e um anos, não tinha como esperar mais, os passos para ter uma relação seria precisava ser dados ou iria se arrepender se a deixasse escorrer pelas suas mãos.

Foi então que uma noite de sexta-feira, quando os dois estavam deitados no sofá do apartamento da garota. Fazia calor aquele dia, e as portas da varanda estavam abertas, fazendo com que o um vento fresco entrasse por entre elas, tocando levemente o cabelo dela.

Os dois estavam em silêncio, presos em seus próprias bolhas de pensamentos. Nos dela se resumia em lembrar de momentos passados, de quando estava com a sua mãe e no dia em que foi pedida em namoro. Em contraponto, nos dele uma dúvida grande o fazia ficar ainda mais inquieto, tentando criar teorias, procurando respostas nas mínimas ações, tentando decifrar os olhos vazios. Maria demonstrava gostar dele tanto quanto si, era do tipo que não gostava de tanto carinho na frente das outras pessoas, tinha hábitos mais individualista quando se tratava em de questões no relacionamento, fechada e meio complicada de se entender. O tipo mais facinante para ele, que gostava sempre de ter pessoas interessante por perto, para desvendar ministérios e conhecer seus próprios mundos.

Ele respirou fundo, tocando gentilmente o cabelo dela, na altura da testa, os olhos da menina se ergueram, encarnado os seus e se perdendo ali por alguns segundos. Era a hora certa de falar o que tanto tinha ensaiado. Ou a coragem ia se perder de vez.

Juntando os pedaços | √Where stories live. Discover now