Doze

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Histórias passadas e recomeços
19 de dezembro de 2019

Tudo nela ficou em chamas quando seus olhos focaram naquela cena, Ben beijando alguém depois de sumir por meses, não era exatamente algo que gostaria de ter visto. De todas as teorias que tinha criado para a sua partida repentina em nenhuma delas estava estar se relacionando com uma pessoa.

Nathan conduziu todos para dentro, de forma que ninguém tivesse voltado a sua atenção para a direção contrária. Sabendo que a tentativa tinha sido tarde demais para a cacheada, seus olhos estavam voltas para Ben assim como os seus mais cedo. Era quase impossível não encarar. Seu pescoço tinha ficado um pouco quente, tanto por presenciar a cena de beijo quente e avalassador do casal como por saber que Maria iria se sentir atingida por isso.

Ainda que tivesse sido algo surpreendente isso lhe acendeu ainda mais. Era como um sinal para dar mais um passo em relação a menina, não deveria se sentir culpado por querer a mulher que o amigo gostava. Afinal ele parecia estar tão bem quanto, vivendo um novo romance, mostrando como tinha esquecido todo e qualquer sentimento que tinha por ela, mais rápido quanto um rolo de verão. Era a resposta que precisava. Um obstáculo a menos no seu caminho.

Contudo, quando já estavam na parte de dentro do local se certificou de ficar ao seu lado, apenas para conseguir captar as suas expressões com mais detalhes. Ainda que era muito claro que iria tentar se desvencilhar de todos os seus pensamentos, a conhecia bem o bastante para saber que iria fingir uma plenitude inexistente.

—Você está bem.–perguntou, tocando em sua mão mais uma vez. Os olhos deles eram uma mistura de nervosismo e preocupação. Ele também tinha visto, e, levando em consideração tudo que pensava sobre os sentimentos deles dois, era evidente que tinha se atingido com isso.—Precisa de alguma coisa?

—Não, estou bem.–também ostentou um sorriso automático. Parte sua queria voltar para casa, o único lugar que consegia realmente pensar com clareza. Os olhos da sua amiga Márcia estavam nela quando concluiu:—Só um pouco cansada, o dia está meio estranho hoje.

—Deve ser o clima.–resmungou Isabella, bebendo mais dose de bebida. Seus olhos estavam meio vermelhos, como se tivesse acabado de chorar, mas nenhuma gota tinha sido derramada. Era apenas um resfriado começando a aparecer.—Meu corpo todo sente essas oscilações.

—Seria bom ir para casa e descansar.–sugeriu o seu namorado, sabendo que iria ser algo falho. Ela nunca lhe dava ouvidos e isso era recíproco. Márcia observava tudo em silêncio, sem esboçar nada além de um ou dois sorrisos cansados. —Vai acabar piorando.

—Eu não ligo para isso.–seus dedos estavam gelados, como se nenhum tecido grosso que estava usando fosse capaz de anular aquela sensação de congelamento. A artista voltou a atenção para sua funcionária:—Não vai mesmo me dizer o que está rolando entre vocês?

—Não tenho nada para falar.–disse o tatuado, colocando um bocado de batatas na boca. Tirando o riso das meninas. Os olhos afiados dela voltaram para ele, encarando muito desconfiada. O mesmo deu de ombros, mortrando indiferença a sua expressão.—Estou falando sério.

—Qual é, Maria.–ela pediu baixinho, como se só pudesse escutar. A menina balançou a cabeça em negação, sentindo o rosto todo ficar completamente vermelho. Isa deu um suspiro e cruzou os braços na altura do peito, estava curiosa ao ponto de ficar incomodada com todo aquele suspense.—Vocês não podem esconder algo assim da gente.

A questão era que nem mesmo eles sabiam o que tinha, era complicado entender o que sentiam, se era uma amizade muito forte ou um romance surgindo. Nathan ainda continuava a chamando para todos os cantos possíveis, e os dois ficavam boa parte do tempo livre juntos. Ela era a primeira pessoa que ligava pela manhã para saber se tinha dormido bem, e a última com quem falava quando iria dormir. Algo tão novo e inexperado que deixava as suas borboletas no estômago em festa, sempre que pensava naqueles olhos expressivos e no sorriso doce. Mesmo que tivesse algumas oscilações de opinião e prioridades. Como não poderia se apaixonar por alguém como ela?

Juntando os pedaços | √Where stories live. Discover now