Capítulo 3

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Quando cheguei em casa, todos estavam em algum canto; papai provavelmente já tinha se recolhido, mamãe estava tomando banho, Lorrayne estava no escritório, provavelmente fazendo a contabilidade do Supermercado. Nossa família tinha uma rede pequena de supermercados, herdado pelo meu bisavô e que agora é do meu pai e no futuro deverá ser de Lorrayne.

Subo para o meu quarto e me jogo na cama, penso no dia de hoje e sorrio, fazia muito tempo que não me sentia assim, aos poucos voltava a me socializar sem medo do psicopata.

Pego o celular e mando uma mensagem para Lola.

Preciso de um emprego, a biblioteca fechou as portas!

Lola sempre me ajudava nesses apertos, ela tinha vários contatos, amava aquela mulher.

Tiro o casaco e quando vou pendurá-lo na cadeira algo do bolso cai no chão, me abaixo e pego o objeto, era um colar dourado com um pingente de sol, era muito feminino para Eduardo usar, será que era da namorada? Céus, onde fui me meter? Imagina se ela é uma louca ciumenta e decidi vir atrás de mim? Já basta de doido na minha vida. Mas porque estou me preocupando? Provavelmente nunca verei Santiago mais.

Bufo e coloco o colar sob a penteadeira com força e jogo o casaco em cima da cama.

­­­­­­No dia seguinte me levanto cedo e desço para tomar café com a família, coisa que raramente fazia desde que regressei.

— Preciso de um favor, filha. Preciso que vá ao banco e deposite o pagamento dos funcionários.

— Por que não faz pelo aplicativo? – Lorrayne questiona.

— Pois está fora do ar desde ontem, e é impossível atrasar os salários.
— Deixa comigo! – Concordo e dou um gole no meu café forte.

Sempre costumava ir ao banco resolver burocracias do estabelecimento.

Minha irmã e mãe se dispersam e eu sigo meu pai até o escritório, do cofre ele tira uma grande quantia de notas.

— Pegue o carro para ir, é perigoso ir de taxi! Quando chegar preciso que pague as contas, não me sobra tempo para essas coisas.

Comecei a fazer o trabalho ainda adolescente, então sabia resolver essas coisas de pagamento de guias, gerar notas fiscais e até ir ao banco, papai odiava ir ao banco, por isso sempre ia no seu lugar. Lorrayne era contadora e comandava aquilo a punho de ferro, fazia a parte ainda mais burocrática.

Ele sai e eu aproveito para me trocar e ir a agência.

Pego o carro na garagem, e sigo rumo ao banco. Tinha alguns anos que tenho habilitação, mas odeio dirigir, raramente o fazia.

Ainda faltava alguns minutos para o lugar abrir e mesmo assim, uma fila se formava. O homem a minha frente estava impaciente, olhava várias vezes o relógio no pulso e batia o pé freneticamente.

O homem baixinho, com cabelos penteados de lado e bigode, usava camisas chamativas e calça caqui. Vira para trás e puxa assunto.

— Um absurdo esse lugar abrir somente às 10:00, se abrisse às 07:30 metade dessa gente teria sido atendidas. – Expressa sua indignação.
— Concordo, esse horário é péssimo e provavelmente ficaremos aqui por cerca de duas horas! – Suspiro frustrada.

O homem me acompanha no suspiro e estende o pacote de biscoito de polvilho que comia.

— Aceita?

Pego um e levo a boca, era crocante e com um levo sabor de queijo.

— Obrigada! É muito gostoso! – Dou mais uma mordida.

— Fui eu quem fiz! – Se orgulha.

Um Romance Para Nós DoisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora