Odredište • Mario Mandžukić

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INÍCIO DA SEGUNDA PARTE.



Turin, Itália, Fevereiro de 2017.

Em passos largos e talvez confiantes, Giulia caminhava em direção ao hall da clínica, enquanto agradecia pelo dia cheio de clientes. Milene saiu da sua sala abanando o pescoço, pois já era início de Primavera  e o tempo custava a esquentar a cada passada de um dia para o outro. 

— Graças a Deus, hoje foi foda! 

— Nunca marquei tanto retorno. Isso está ficando muito bom. Acho que mereço uma ajudante. — Karen fez uma careta para Milene, que rolou os olhos em resposta.

— Você nem faz o serviço pesado! Eu não sinto os meus braços! — A italiana exclamou, enquanto Giulia sentava em uma das cadeiras confortáveis na parte de espera. 

— Não é uma má ideia, uma pessoa nova aqui. 

— Eu vou ver como anda o orçamento, posso até pensar nisso. 

— Mão de vaca vem de berço. — Giulia riu, enquanto Milene a olhava torto.

— Eu adoraria uma companhia! — Karen disse com ar tristonho.

— Vossa senhoria está tão solitária assim? 

— Sim, vocês ficam o dia todo presas com os clientes. Eu fico a ver navios!

— Para de drama, americana! — Giulia gritou, fazendo todas rirem. — Eu adoraria estar no seu lugar. 

— Vai nessa, — Murmurou brava, enquanto procurava alguma música interessante no spotify. 

— Está na fossa, por acaso? — Milene perguntou de soslaio, enquanto jogava a cabeça para baixo para arrumar o cabelo. 

— Estou abaixo disso. — Karen falou, enquanto fazia uma pausa dramática. — Meninas, eu preciso contar uma coisa para vocês.

— Olha a bomba vindo aí. — Giulia disse brincalhona, enquanto pegava o celular dentro do bolso da calça.

— Eu estou com uma pessoa, há certo tempo. E tivemos uma briga horrível.

— E você só fala disso para gente agora? — Milene exclamou, enquanto Giulia continuava parada, ouvidos atentos ao que a americana dizia.

— Eu fiquei com medo!

— Está namorando um terrorista? Algum membro da Kun Kuns Klan? 

— Claro que não.

— Então porque o medo? — Giulia complementou.

— Porque não é ele, é ela. 

Karen esperou por um choque das duas amigas, mas tudo que ouviu foi um som de indignação.

— Parabéns, chocou um total de 0 pessoas. — Giulia disse por fim, enquanto se levantava. — Acha mesmo que a gente nunca duvidou da sua sexualidade? O que eu não estou entendendo é essa sua cabeça de mula que ficou com medo de falar isso para nós!

— Karen meu amor, não precisava ter medo. Acha mesmo que isso ia afetar em algo?

— Cresci em um ambiente horrível, hostil demais para pessoas como eu. Quando engravidei de Suzie, juro por Deus que tentei entender que era apenas uma fase, mas nunca foi.

— Esconder isso é esconder sua essência. — Giulia murmurou, enquanto abraçava a amiga. — Eu entendo o seu medo, mas estamos em outro local, longe de sua família péssima. Você tem a gente agora e estamos com você em todas as ocasiões!