Ficar dentro de um barril não era um dos planos de Giselle para aquele dia. O desconforto era gritante e o balançar do caminhão, pior ainda.
Levantou a tampa vagarosamente, espionando o exterior escuro e ocupado por vários outros galões vazios.
Jason, o guarda noturno, estava sentando sobre um dos barris, roncando e indo de um lado para o outro devido o balançar do automóvel.
Ela levantou, abrindo a tampa. Colocou os pés para fora do barril com dificuldade e da forma mais silenciosa que pudera. Fechou o barril e se deslocou para as sombras no fundo da traseira.
– Tudo bem. - sussurou para si.
O balançar cessou, juntamente com o motor e o ronco do dorminhoco atrás.
Os passos foram escutados em direção a traseira que logo foi aberta.
– Caramba! - Jason forçou os olhos.
– Bom dia, princesa. - Stanley zombou. – Vamô descarregar.
Foram retirados os barris da traseira, sendo rolados em direção a torneira que ali havia.
– Seria bom se pudéssemos levar este aqui. - Jason deu um tapinha em um enorme galão enferrujado que parecia vazio.
– Se você tiver um guindaste. - Marlakey disse após acender um cigarro.
Aproveitando que os três se encontravam na frente do caminhão, Giselle saiu da traseira e correu até uma estrutura à cinco metros de distância. Na curva ela pôde ver a estrada levar para o portão do lugar, que agora estava trancando e repleto de famintos.
De cara ela reconheceu, sujo, abandonado, canos enferrujados e afins, mas ainda era a usina que todos que ali moravam conheciam. Era surpresa o lugar ainda estar funcionando. E pelo que parecia, Marlakey se esforçou o suficiente para manter o lugar em sigilo, pois qualquer um que ali passasse, não arriscaria contra a quantidade de mortos do outro lado da cerca.
Tirou uma folha do bolso da calça, depois um lápis pequeno e então anotou o endereço do lugar. Fez um rolinho e em seguida espreitou para o caminhão. A traseira ainda estava aberta, com os três ainda enchendo os barris. Logo, uma ideia veio em sua mente.
– O que tanto escreve aí, Daniel? - Stanley perguntou após vê-lo no ato.
– Minhas marcações, Stan. A mente é traiçoeira, te deixa na mão até na perspectiva. Quantos galões já foram?
– Sete.
A escrita de Malarkey foi interrompida pelos grunhidos que vinham de longe. Uma dúzia de famintos saíram de trás da estrutura, cambaleando até eles.
– Como eles... - o tiro dado por Daniel interrompeu a indagação de Stanley.
Marlakey atirou nos três primeiros da fila. Parecia irritado, descontando nos zumbis que iam em sua direção.
Stanley e Jason sacaram suas armas e foram ajudá-lo.
Giselle deu a volta pela estrutura, pegando as costas dos três defensores da usina. Ela deitou um dos barris, afim de esconder o papel debaixo do mesmo, mas um zumbi a surpreendeu, levando ela ao chão.
Giselle deixou sua mão sobre o pescoço do faminto, enquanto a outra procurava por algo no chão para se defender. Colocou a mão sobre a trava do barril, puxou a mesma, retirando a tampa de plástico. Deliberou um golpe na cabeça do zumbi.
– Ei! - Jason a viu.
Soltou a tampa e correu. Jason atirou na direção e a seguiu.
– O que ele tá fazendo? - Stanley indagou.
YOU ARE READING
O Outro Mundo
Science FictionDepois de um vírus se alastrar pelo mundo, Aldous viveu sozinho em sua casa pelo tempo que precisasse até tudo acabar. Era algo que ele pensava ter fim. Um derivado de Era Zumbi.