T2 C6: Rebelados

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Ficar dentro de um barril não era um dos planos de Giselle para aquele dia. O desconforto era gritante e o balançar do caminhão, pior ainda.

Levantou a tampa vagarosamente, espionando o exterior escuro e ocupado por vários outros galões vazios.

Jason, o guarda noturno, estava sentando sobre um dos barris, roncando e indo de um lado para o outro devido o balançar do automóvel.

Ela levantou, abrindo a tampa. Colocou os pés para fora do barril com dificuldade e da forma mais silenciosa que pudera. Fechou o barril e se deslocou para as sombras no fundo da traseira.

– Tudo bem. - sussurou para si.

O balançar cessou, juntamente com o motor e o ronco do dorminhoco atrás.

Os passos foram escutados em direção a traseira que logo foi aberta.

– Caramba! - Jason forçou os olhos.

– Bom dia, princesa. - Stanley zombou. – Vamô descarregar.

Foram retirados os barris da traseira, sendo rolados em direção a torneira que ali havia.

– Seria bom se pudéssemos levar este aqui. - Jason deu um tapinha em um enorme galão enferrujado que parecia vazio.

– Se você tiver um guindaste. - Marlakey disse após acender um cigarro.

Aproveitando que os três se encontravam na frente do caminhão, Giselle saiu da traseira e correu até uma estrutura à cinco metros de distância. Na curva ela pôde ver a estrada levar para o portão do lugar, que agora estava trancando e repleto de famintos.

De cara ela reconheceu, sujo, abandonado, canos enferrujados e afins, mas ainda era a usina que todos que ali moravam conheciam. Era surpresa o lugar ainda estar funcionando. E pelo que parecia, Marlakey se esforçou o suficiente para manter o lugar em sigilo, pois qualquer um que ali passasse, não arriscaria contra a quantidade de mortos do outro lado da cerca.

Tirou uma folha do bolso da calça, depois um lápis pequeno e então anotou o endereço do lugar. Fez um rolinho e em seguida espreitou para o caminhão. A traseira ainda estava aberta, com os três ainda enchendo os barris. Logo, uma ideia veio em sua mente.

– O que tanto escreve aí, Daniel? - Stanley perguntou após vê-lo no ato.

– Minhas marcações, Stan. A mente é traiçoeira, te deixa na mão até na perspectiva. Quantos galões já foram?

– Sete.

A escrita de Malarkey foi interrompida pelos grunhidos que vinham de longe. Uma dúzia de famintos saíram de trás da estrutura, cambaleando até eles.

– Como eles... - o tiro dado por Daniel interrompeu a indagação de Stanley.

Marlakey atirou nos três primeiros da fila. Parecia irritado, descontando nos zumbis que iam em sua direção.

Stanley e Jason sacaram suas armas e foram ajudá-lo.

Giselle deu a volta pela estrutura, pegando as costas dos três defensores da usina. Ela deitou um dos barris, afim de esconder o papel debaixo do mesmo, mas um zumbi a surpreendeu, levando ela ao chão.

Giselle deixou sua mão sobre o pescoço do faminto, enquanto a outra procurava por algo no chão para se defender. Colocou a mão sobre a trava do barril, puxou a mesma, retirando a tampa de plástico. Deliberou um golpe na cabeça do zumbi.

– Ei! - Jason a viu.

Soltou a tampa e correu. Jason atirou na direção e a seguiu.

– O que ele tá fazendo? - Stanley indagou.

O Outro MundoWhere stories live. Discover now