T1 C3: Do lado de fora

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A fogueira esquentava os dois naquela noite fria.

Era visível apenas os cinco metros de distância do fogo, sendo o resto um breu total para ambos.

– Como estamos de comida? - Aldous perguntou com o queixo trêmulo.

– Nada bem. - aproximou as mãos do fogo – Os enlatados estão acabando. Aquela caixa se foi e nós nem percebemos.

– Jesus. Não me lembro de comer tanto assim.

– Vai dormir, Al. Vou ficar de vigia.

– Certeza?

– Absoluta.

Aldous deitou sua cabeça na mochila e se cobriu com a blusa.

[...]

Caminharam pela floresta a manhã inteira. Não queriam ter outra surpresa, embora tivessem tido sorte com a repórter, nem todos eram iguais.

– É um absurdo. - Al limpou o suor em seu rosto. – De manhã calor, a noite frio. Me sinto no deserto.

– Posso te fazer uma pergunta? - Walter estava mais à frente.

– Manda.

– Você estava no conforto de sua casa, tinha comida, água, uma cama descente... Por que largou tudo?

– Eu... - o grunhido do morto-vivo interrompeu sua resposta.

O zumbi desceu da estrada. O rosto tinha um enorme corte, levando o olho esquerdo até a orelha. Uma lâmina estava cravada na têmpora do caminhante.

Walter chutou seu joelho e em seguida furou sua cabeça com a faca.

– Não podemos ficar parados. - Aldous disse. Continuou seu caminho.

– Ainda vou querer minha resposta - o acompanhou.

– Pode deixar.

Dali mesmo Walter avistou uma casa de madeira perto do rio. Do lado da casa, havia um carro vermelho coberto pelas folhas e com o porta malas aberto.

– Al...

Mais grunhidos foram escutados. Olharam para trás, vendo um monte deles juntos.

– É um bando. - sussurrou.

– Fique agachado, assim não nos verão.

Ambos caminharam abaixados. Com o medo de qualquer um deles os verem, foram mais para dentro da floresta.

Aldous olhou por cima do ombro enquanto andava. Sem visualização à frente, ele tropeçou e caiu no pequeno morro. Foi rolando até o rio sujo.

O bater do corpo na água chamou atenção de alguns deles do bando. Entraram no matagal em direção ao barulho.

Walter desceu se agarrando no tronco das árvores próximas.

– Aldous? - viu seu corpo imóvel na água. – Al?

Ele mexeu a cabeça, mostrando sinal de vida.

– Ei. Pegue minha mão.

– Eles estão vindo. - ergueu a cabeça.

– Que seja. Venha. - sacudiu o braço.

Aldous agarrou o braço do amigo, o mesmo o puxou com toda a força. Tirou o amigo da água.

Os mortos começaram a rolar até lá embaixo assim que os viram. Um zumbi caiu na beira da água. Walt pulou o corpo, depois Aldous.

De repetente o morto foi abocanhado por um enorme crocodilo que saiu do rio. Da cabeça até o abdômen estava o morto dentro da boca do animal. O réptil o puxou para a água.

O Outro MundoWhere stories live. Discover now