A fogueira esquentava os dois naquela noite fria.
Era visível apenas os cinco metros de distância do fogo, sendo o resto um breu total para ambos.
– Como estamos de comida? - Aldous perguntou com o queixo trêmulo.
– Nada bem. - aproximou as mãos do fogo – Os enlatados estão acabando. Aquela caixa se foi e nós nem percebemos.
– Jesus. Não me lembro de comer tanto assim.
– Vai dormir, Al. Vou ficar de vigia.
– Certeza?
– Absoluta.
Aldous deitou sua cabeça na mochila e se cobriu com a blusa.
[...]
Caminharam pela floresta a manhã inteira. Não queriam ter outra surpresa, embora tivessem tido sorte com a repórter, nem todos eram iguais.
– É um absurdo. - Al limpou o suor em seu rosto. – De manhã calor, a noite frio. Me sinto no deserto.
– Posso te fazer uma pergunta? - Walter estava mais à frente.
– Manda.
– Você estava no conforto de sua casa, tinha comida, água, uma cama descente... Por que largou tudo?
– Eu... - o grunhido do morto-vivo interrompeu sua resposta.
O zumbi desceu da estrada. O rosto tinha um enorme corte, levando o olho esquerdo até a orelha. Uma lâmina estava cravada na têmpora do caminhante.
Walter chutou seu joelho e em seguida furou sua cabeça com a faca.
– Não podemos ficar parados. - Aldous disse. Continuou seu caminho.
– Ainda vou querer minha resposta - o acompanhou.
– Pode deixar.
Dali mesmo Walter avistou uma casa de madeira perto do rio. Do lado da casa, havia um carro vermelho coberto pelas folhas e com o porta malas aberto.
– Al...
Mais grunhidos foram escutados. Olharam para trás, vendo um monte deles juntos.
– É um bando. - sussurrou.
– Fique agachado, assim não nos verão.
Ambos caminharam abaixados. Com o medo de qualquer um deles os verem, foram mais para dentro da floresta.
Aldous olhou por cima do ombro enquanto andava. Sem visualização à frente, ele tropeçou e caiu no pequeno morro. Foi rolando até o rio sujo.
O bater do corpo na água chamou atenção de alguns deles do bando. Entraram no matagal em direção ao barulho.
Walter desceu se agarrando no tronco das árvores próximas.
– Aldous? - viu seu corpo imóvel na água. – Al?
Ele mexeu a cabeça, mostrando sinal de vida.
– Ei. Pegue minha mão.
– Eles estão vindo. - ergueu a cabeça.
– Que seja. Venha. - sacudiu o braço.
Aldous agarrou o braço do amigo, o mesmo o puxou com toda a força. Tirou o amigo da água.
Os mortos começaram a rolar até lá embaixo assim que os viram. Um zumbi caiu na beira da água. Walt pulou o corpo, depois Aldous.
De repetente o morto foi abocanhado por um enorme crocodilo que saiu do rio. Da cabeça até o abdômen estava o morto dentro da boca do animal. O réptil o puxou para a água.
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O Outro Mundo
Science FictionDepois de um vírus se alastrar pelo mundo, Aldous viveu sozinho em sua casa pelo tempo que precisasse até tudo acabar. Era algo que ele pensava ter fim. Um derivado de Era Zumbi.