T2 C4: O click de babel

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Se passaram dois dias após e mortal decisão que Aldous havia tomado para salvar o amigo. A partir daquele dia ele não foi mais o mesmo, agia estranho. E não era só ele, grande parte das pessoas ali mantidas se revoltaram ao descobrir o assassinato de seus amigos. Temiam pela vida, isso era óbvio, mas um senso de justiça estava se formando aos poucos entre os prisioneiros.

Aldous pensava sobre tudo aquilo enquanto esperava na fila da água. Tudo foi interrompido quando escutou a mulher resmungando para o guarda da torneira.

– Isso não está certo.

– Você pegou toda a água, dona. - o guarda retrucou com fúria.

– Mentira, eu não cheguei no limite. - mostrou o galão quase vazio.

– Então me diga o porquê da água não estar saindo. - abriu a torneira, caindo apenas um pingo d'água.

– Impossível. - um velho da fila se pronunciou – Ela é a terceira esta manhã. Não pode ter acabado tão rápido.

– Fica fora disso.

– Ou o quê? Vai atirar em mim como fizeram com nossos amigos? - todos na fila fizeram um alvoroço, concordando com o senhor.

– Calados! Calados! Merda! - atirou para o alto. Todos ficaram quietos.

– O que está havendo? - Marlakey parou do lado da fila.

As pessoas se afastaram quando ele se aproximou.

– Chefe, creio que a água tenha acabado.

Marlakey olhou para o enorme tubo que saía do chão.

– Não. O poço está cheio, checamos ontem.

– Olhe. - abriu a torneira.

Ele se agachou para visualizar, esperando ver algum entupimento ou algo assim.

– Tudo bem, pessoal! - ficou de pé - Eu lamento pelo que aconteceu. Iremos checar novamente. Talvez seja um problema no encanamento, nada demais.

– E como ficamos? - o mesmo velho perguntou.

– Vocês voltem para seus afazeres e quando a água estiver novinha em folha, nós o chamaremos. - sorriu amarelo.

Todos se entreolharam, não muito confiantes.

– Não se preocupem. Forneceremos água do nosso poço assim que feito o trabalho. Será nosso pedido de desculpas.

Começaram a falar entre si, parecendo empolgados.

– Está bom pra nós. - disse o velho.

– Ótimo. Stanley. - sussurou para ao guarda. O mesmo o seguiu.

Andaram para longe da multidão, parando em frente a porta da biblioteca.

– Fique de olhe naquele rabugento, ele é bem folgado.

– Pode deixar, chefe. A propósito, aquilo que disse é verdade?

– Precisamos de gente, Stanley. - deu um tapinha no ombro dele e se retirou.

——

O grunhir de um morto-vivo era irritante. Walter caçava ele por todos os túneis do esgoto. Havia ficado lá como punição, sendo sentenciado a limpeza total do subterrâneo por uma semana.

O som parecia próximo. Ao virar para o corredor da esquerda ele viu o zumbi preso na grade que levava para outro túnel, provavelmente a saída.

– Te achei. - fincou o pé de cabra na cabeça da criatura, o que não foi o suficiente para apagá-la. Afundou o objeto até que o morto paresse de reagir.

O Outro MundoWhere stories live. Discover now