♕ Sob as sombras de Gyeongbokgung • 1 ♕

565 76 23
                                    


Clã Kim

O segundo na linha de sucessão ao trono, Namjoon

Sob as sombras de Gyeongbokgung

Capítulo 1

Por MinSue91


UMA...

Duas...

Três...

Calma e lentamente as pétalas pálidas desprendem-se de seu receptáculo, avançam em queda livre inconscientes da gravidade que as levará ao chão, junto de outras tantas partes de primavera que agora enfeitam o solo, estas pequenas partes que conto, repousam finalmente distantes uma da outra sobre tantos mais pedaços apodrecidos e esquecidos.

Em meio aos húmus que se forma, insetos trabalham incansavelmente. Pássaros de hábitos peculiares batem suas asas procurando abrigo, revogando alimento.

As águas do lago a minha frente estão paradas. As sombras das plantas e construções que o cercam formam desenhos sombrios e abstratos, mas que, ainda sim, são belos. É silencioso, todavia, ao fechar os olhos – o que por vezes faço – juro ser capaz de ouvir uma variedade de sons, posso assegurar sentir outra folha se desprender, ou, até mesmo, escutar o desabrochar lento e sutil dos botões que longe dos olhos curiosos amanheceram sendo flor.

Penso em como todos são alheios às pequenas coisas. E em como ainda sim, se julgam conhecedores de toda verdade sobre a vida e suas particularidades, assumem sobre amor e toda a filosofia romantizada com a qual circundam todo e qualquer sentimento humano e dão as costas ao que é real e verdadeiramente palpável.

•••

O odor do sangue arde outra vez em minhas narinas, os gritos desesperados misturam-se aos brados de loucos que avançam enfurecidos, percebo o céu começar a escurecer, tropeço no corpo amigo esmorecido no chão, o qual, agarra minhas pernas e pede socorro com os olhos moribundos. Vejo o pavor se apossar dos meus e me desvencilho, partindo na direção contrária. Quero ir embora. Não sei onde estou. Quero acordar!

Sinto o braço pesar e, enfim, reparo na espada suja em mãos, os nós de meus dedos esbranquiçados pela força que deposito na ação. Um estrondo e fecho olhos, talvez, isso me desperte, é outro pesadelo eu sei. Há silêncio e uma brisa fresca atinge-me o rosto, é o fim, a carnificina se desprendeu do ar.

Abro os olhos lentamente, contudo, lá estão os seus, vazios e lacrimejantes encarando-me. Sinto o líquido viscoso e quente escorrer pelos vãos dos meus dedos. Lá está, como em outras tantas noites em que adormeço, minhas mãos firmes como nunca foram sobre a espada atravessando seu tronco.

Desperto, desta vez reconhecendo o cenário que jurava há pouco observar, meus pulmões ofegam e odeio me sentir descontrolado dessa maneira, mais ainda, quando esses sonhos estúpidos ousam assolar-me. Levanto-me e volto os olhos para os céus como se as estrelas que agora brilham fossem a prova necessária para certificar-me de que tudo não passou de um maldito pesadelo. Tudo não passa de um maldito sonho, alucinações de mentes perturbadas. Definições das quais recuso-me a fazer parte. Evito o sono, pois o descanso me priva de tempo, e tempo é algo que muito aprecio.

Finalmente deixo os pensamentos de lado, calço as sandálias que há pouco dispensei e ajeito as mangas de meu hanbok, deixo o contemplador escondido junto às sombras e retomo a postura nobre que tanto prezo e ostento, todo o resto será enterrado com a escuridão que será dispersada ao amanhecer.

Empire • BTSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora