Episódio 03

210 26 3
                                    

Enzo


— Estava pensando nele né? — uma mão pequena toca no "Encerrar a chamada" e pega o meu telefone.
Quando eu viro para soltar uns palavrões e matar o desgraçado, vejo que é o Alexei Jr.
— Oi coisinha! Saudades de tu! — ele me abraçou e eu soltei um ar aliviado.
— Oi Alexei. Invasivo como sempre né?
— Hahaha. Veio ficar aqui uns dias com o seu pai ou veio morar de vez? — fomos andando pelas as ruas em direção ao centro da ilha, onde meu pai reside.
— Vim ficar uns dias. Minha vó vai vir me buscar amanhã e me levar a Ilha Redonda.
— Eu tenho uma novidade para te contar! — me revelou todo animado batendo palma.
— Fala. O que é, Alexei?
— Meu pai decidiu ir se mudar para Ilha Redonda. Ele vai sair da Ilha de Santa Barbara!
— Sério? — fui sarcástico.
— Ué. Não tá animado que o seu primo favorito vá morar perto de você?!
— Não.
— Também te amo, Enzo! — me abraçou de lado e beijou minha bochecha. — Nossa relação é recíproca.
— Hahahaha. E as "namoradas"? — ele tossiu ao ouvir a última palavra que fiz aspas.
— Graças a Deus, não tenho nenhuma. Mas pretendentes tritões tenho vários. — lambeu os beiços.
— Ainda bem que sou hétero.
— Ainda bem que eu sou veadinho. — jogou purpurina ao alto chamando a atenção de quem passava por nós.
— Queria que você fosse heterossexual, igual a mim. Não seguir a tradição de nossas famílias. Ser "normal" igual a todos os humanos. — encarei o castelo ao longe e já estava suando de calor. Que calor infernal!
— Eu sigo o "curso normal das coisas". Eu sigo a luz que ilumina meu caminho. Não posso trocar a lâmpada do meu teto, sem que ela esteja queimada e não estiver mais gerando luz a mim. Eu amo homens-alfa. Eu quero ter uma família, ter muitos filhos. Mas não quero ser um peixe de rabo seco fora d'água. — ele acertou em cheio. Fiquei sem palavras.
— Você já tem um pretendente em mente para querer se destinar um ao outro?
— Tenho sim. Mas, porém, não sei se ele me quer. — seu olhar encarou o nada e pareceu refletir sobre ele.
— É claro que vai querer! Você tem quase dezessete anos de idade. Está quase na hora de se despertar!
— Eu tenho dezesseis anos e meio. Nós temos dezesseis anos e meio de idade.
— Tanto faz. Vai encontrar o alfa da sua vida e tenho certeza que ele vai te fazer feliz.
— Tomara.
— Posso saber quem é ele?
— Igor Levarien Karshall.
— Igor Banks Levarien Karshall?
— Ele mesmo.
— Nossa. Eu pensava que você queria o Julian Strauss Diamond Schimidt.
— Não! Ele tem cara de gostar de menininhas, igual a você. — ele gargalhou. Teve de parar, porque não parava de rir até se controlar.
— Ele tem cara de quem gosta de veadinhos, igual a você.
— Não. Eu prefiro os que tem rosto delicado. Você tem cara de quem gosta de um rosto mais rústico e corpo forte.
— Se estiver se referindo ao meu corpo, sim. Se for a outro homem, não.
Ele me parou no meio da rua e encarou no fundo dos meus olhos.
— Enzo, o que tiver de ser, será. Não adianta fugir daquilo que não quer ser. Se for, vai apenas seguir o curso normal da vida.
— Quando completar dezoito anos de idade, vou me casar com Ingrid e vou embora da ilha. Vou morar em São Paulo.
Quero cursar engenharia civil ou militar lá. Ou então entro para a marinha, igual ao tio Alexei.
— Sonhar não faz mal. É até bom.
— E você? O que vai fazer quando se despertar e completar os seus dezoito anos?
— Vou entrar na marinha. Já estou estudando para o processo seletivo deles lá em Santa Barbara. Vamos fazer nós dois lá?! — ele segurou-me pelo o braço pulando e fazendo bico. Era uma bicha muito poc padrão, como ele sempre diz para outros tritões. — Lá eles têm a graduação em engenharia mecânica, militar, eletrônica e eletromecânica.
— Vai querer fazer qual? — enfim, chegamos nos portões e eles foram abertos, entramos
— Ou Engenharia militar ou a eletrônica.
Entramos no castelo junto de alguns guardas presidenciais, passei por alguns corredores, subi escadas até chegar a meu pai.
Seus cabelos alaranjados estavam presos num coque samurai e sua barba estava cortada as pontas, deixando o rosto alinhado e bem bonito.
Seria mais ainda se tivesse meu pai ômega aqui, junto dele.
— Onde estava, Enzo? — ele me olhou com um olhar amedrontador.
Mas eu conhecia ele. Não era aquilo tudo.
— Estava andando um pouco por Fernando de Noronha, até que eu encontrei o Alexei Jr e viemos para cá. Ahm.... a vó mandou avisar que amanhã ela vem me buscar.
— Quantas vezes eu já te disse....
— Que eu não posso andar por aí, porque sou o herdeiro do trono Kareem e bla bla bla bla.
— E por que o Alexei Jr está fazendo aqui?
— Oxi! Sou seu primo. Esqueceu?!
— Sabes que...
— Douglas, para com essa implicância com o meu pai. Eu sou um Kareem e posso entrar aqui quando bem entender.
Meu pai revirou os olhos ao ver aquele rabinho arrebitado vir em minha direção, me puxar pelo o braço e me levar ao meu quarto.
Quando estávamos quase saindo, alguém chama Alexei e ele para no lugar, não se virando em direção a voz eu o chamava.
Quando vi quem era que estava chamando-o, arregalei os olhos surpreso.
Era o Igor.
Nossa. Ele era bem.... Digamos que na língua dos tritões-ômegas: “Gostoso pra caralho”.
— Não vai dar um oi ou falar comigo, Alex?
— Vamos embora, Enzo. — foi me puxando para fora da sala.
— Não vai falar com o seu pretendente?
— Claro que não!
— Tem vergonha. Você gosta dele.
— Não é questão de gostar. É só o jeito arrogante dele. Só porque é o mais gostoso daqui.
Saímos do campo de visão deles e fomos para o meu quarto.
Fechei a porta e já pedindo explicações.
— O que realmente tá acontecendo? — sentei do lado dele e o encarei.
— Eu.... Eu....
— Eu...?
— Disse que gostava dele ontem.
— Você é mais cabaço do que eu imaginava. — soltei a piada e me segurei para não rir da cara dele?
— Eu não!
— Você nem a virgindade da boca perdeu ainda! Imagina a das pregas?! Deve tá tudo apertada pra caralho, pedindo ansiosamente a rola do Igor né? — eu ri e senti o soco dele no meu braço e o vi ruborizar de vergonha.
Então, de repente, comecei a sentir um calorão subir pelas às pernas e ir até o meu pescoço.
— Parece que estou com febre, Alexei. — pus minha mão na testa e vi que eu estava queimando.
— É mesmo, Enzo. Vou chamar o médico e já volto. Fica aqui.

Karemi Yawopã (Série Hotel Cassindrina) (2ª Temporada)Where stories live. Discover now