Capítulo 22

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Acordei e alguns já estavam de pé, me levantei e olhei ao redor, tinha esquecido que estávamos no meio de uma praça e algumas pessoas passavam e nos olhavam.
-- Bom dia! – Alice falou comigo e depois voltou sua atenção ao que estava fazendo.
-- Bom dia, o que está fazendo? – Me aproximei e olhei para uma pulseira improvisada.
-- Quando eu era pequena minha mãe me ensinou a fazer uma pulseira da sorte, ela disse que quando eu estivesse com medo era pra fazer uma pulseira dessas. – Ela colocou uma mecha dos cabelos vermelhos atrás da orelha e eu pude ver uma lágrima no canto do seu olho. – Eu sei, isso é muito bobo, mas...
-- Não é bobo. – Limpei sua lágrima e a abracei. – Vai ficar tudo bem, vamos conseguir. – A apertei forte. – Não tenha medo. -- Naquele momento eu lembrei do meu colar, coloquei a mão no peito e não o senti.
-- Obrigada. – Ela me soltou e depois deu um sorriso rápido, voltando sua atenção a pulseira. Olhei rápido na bolsa e não vi nada, como eu fui capaz de esquecer ele?
-- Galera, precisamos ir, tem muita gente olhando. – Anna apareceu, avisando a todos.
Minutos depois todos estavam prontos, de mochilas nas costas e indo em direção ao perigo. Não sabíamos o que nos aguardava e nós  estávamos tentando não temer. Pedi um pouco de água para Anna, que abriu a mochila dela e me deu. Andamos por algum tempo, até pararmos para descansar. Depois que o grupo se sentou em uma calçada, eu fui falar com Anna:
-- Isso não é uma desculpa para demorar mais a chegar lá, não é?
-- Não David, só precisamos descansar, todos estão cansados e se chegarmos assim, vamos perder de primeira. – Olhei para Guilherme, que me encarava e depois encarava Anna.
-- Não podemos atrasar, cada segundo que passa é uma chance a menos para o meu irmão e para Sarah.
-- Sarah isso, Sarah aquilo, você só pensa nela David? Tem tantos outros aqui para se preocupar e você só fala da Sarah. – Ela falou um pouco alto.
-- Não Anna, os outros estão aqui, seguros e podem se defender, por isso não estou tão preocupado, já Sarah e não só ela, mas meu irmão também, os dois são pessoas normais e não tem como se defenderem, eles estão em perigos. Nós somos um grupo, temos uns aos outros, você que só pensa em si mesma.
-- Isso não é verdade...
-- Algum problema aqui? – Guilherme apareceu, entrando na nossa frente.
-- Não, nenhum problema. – Apenas disse isso e fui sentar do outro lado.
-- O que foi? – Ágata perguntou.
-- Não foi nada. – Respondi. – Só a Anna que está estressada.
-- Vamos galera, é melhor irmos. – Anna nos chamou e me encarou.
-- Vamos. – Dei um sorriso, provocando-a e ela me deu um murro.
-- Palhaço.
Andamos por mais um tempo, vi Alice, que passou a caminhada inteira conversando com o Thomas, Jéssica estava conversando com Jason, Ágata e Hugo não se desgrudavam, Valerie estava com Guilherme e eu estava ao lado de Anna.
-- Por que você é assim? – Ela me olhou.
-- É a minha personalidade, David, desculpa se ela te incomoda.
-- Não me incomoda. Só estou perguntando.
-- Eu sou assim porque preciso ser, eu fui criada assim. – Ela parou e olhou pra mim. – Meus pais me educaram e me treinaram para um dia eu proteger aquele que está na profecia, aquele que vai salvar nosso mundo.
-- Anna, eu só tenho a te agradecer, por tudo. – Voltamos a andar. – Sem você eu estaria perdido.
-- Correção: Você estaria morto. – Rimos.
-- Verdade, eu estaria morto. – Dessa vez eu parei. – Anna, eu posso ser o cara da profecia, mas você é a verdadeira líder, não eu. Sem você nenhum de nós estaría aqui. Nenhum de nós ia conseguir.
-- Eu sei, eu sei. Obrigada. – Ela riu. – Estamos perto, prestem atenção.
Chegamos em uma casa e Anna disse que esse era o endereço, ficamos esperando um pouco para ver se era uma emboscada, mas nada aconteceu. A casa era até bonita, parecia nova, seus dois andares ocupavam um grande espaço, uma cerca cheia de flores cercava a casa e sua entrada era convidativa. Decidimos entrar.
-- Uma piscina. – Anna disse ao meu lado.
-- Aonde? – Perguntei e ela apontou para uma direção.
-- Bem ali, muito grande. – Era realmente grande a piscina e bem em cima tinha uma varanda e uma porta que certamente dava em um quarto.
-- Essa casa é muito bonita. – Thomas comentou. – Tem certeza que é aqui?
-- Eu imaginei um lugar sombrio, sem vida, meio deserto. – Alice disse.
-- Eu imaginei um galpão abandonado e escuro. – Valerie disse. – Estou surpresa. – Anna pediu para fazermos silêncio, para não chamar a atenção deles.
-- Tem alguém aí? – Anna bateu na porta, mas ninguém respondeu. Minutos depois a porta se abriu sozinha. – Sabem que estamos indo direto para o perigo, né?
-- Vamos todos juntos. – Eu disse, criando coragem. – Vamos logo. – Entrei na casa e era tão linda por dentro, a fascinação nos cercou e ficamos encantados com tudo aquilo.
-- Sejam bem vindos na minha humilda casa. – A garota apareceu, descendo as escadas.
-- Bem humilde né? Elise. – Anna disse seu nome.
-- Como sabe...
-- Ela sabe mais do que você imagina. – Eu disse e ela arregalou os olhos. – Então, viemos aonde você queria e agora?
-- Não era eu que queria vocês aqui, era o meu pai. – Ela disse, jogando os cabelos lisos para trás e descendo as escadas mais uma vez, vindo até nós. – Mas eu não vejo a hora de colocar minhas garras em vocês e destroçar todos. – Seu sorriso foi macabro.
-- Chega de blá blá blá e nos diga aonde está o seu pai, porque viemos aqui para matar ele. – Seu sorriso foi ensurdecedor depois das palavras de Anna.
-- Vocês acham mesmo que vão conseguir matar o meu pai?
-- Achamos, nunca leu a profecia? – Anna debochou.
-- Cada palavra. – Ela olhava diretamente para Anna e depois passou a olhar para mim. – Não sei se você sabe, mas... – Ela pegou um papel e ficou de costas para nós, sem medo e assim, começou a ler: “O herdeiro das trevas, mais conhecido como o Salvador, terá de lutar contra o herdeiro da luz, e se, somente se ele vencer poderá enfrentar o verdadeiro dono da escuridão”. – Ela se virou, fechando o que parecia ser um pergaminho. – Gostaram?
-- E o herdeiro da luz é você? – Perguntei.
-- Não David, não sou eu. – Ela riu. – Logo, logo você o conhecerá. Agora, vamos brincar um pouquinho. – Ela passou a língua nos lábios e depois desapareceu.
-- Atrás de você! – Anna gritou para mim, mas acabei sentindo uma pontada na costela, o que me faz cair. – Para! – Ela derrubou Thomas.
-- Esses homens são todos fracos. – Apenas sua voz foi ouvida.
-- Para. – A voz de Hugo ecoou pela casa. – Apareça e se entregue. – Elise apareceu próxima a Jéssica e caminhou até mim, se ajoelhando e abaixando a cabeça. – Agora fique... – Algo atingiu a cabeça de Hugo, era um jarro de flores e Ágata começou a gritar de desespero, pois estava saindo sangue.
-- Ei você, para aí! – Jéssica gritou e o homem que acertou Hugo acabou caindo da escada, pois estava cego.
-- Muito boa. – Elogiei suas habilidades e pedi para Anna ajudar Hugo. – Eu vou subir.
-- David, precisamos ficar juntos, pode ser perigoso se nos separarmos. – Anna falou enquanto curava o ferimento de Hugo.
-- Não vou demorar, vou apenas ver se encontro meu irmão ou Sarah.
-- David, tome cuidado. – Anna tentava ficar calma, enquanto se concentrava com o ferimento.
Fui em direção as escadas e subi uma por uma, indo parar em um corredor, nele tinha vários quadros, havia a imagem de um homem, que parecia com o Enzo, em outros havia a imagem de uma família, aquela quadro parecia familiar, aquelas pessoas pareciam familiar, mas uma delas era o Enzo, então descartei a possibilidade de reconhecer aquela família. Vi quadros da Elise e de outras pessoas, também vi um quadro enorme da minha mãe, ela fazia uma pose delicada e sua expressão era muito feliz. O que um quadro da minha mãe está fazendo aqui? Acabei me deparando com uma porta e eu abri, acabei entrando em uma quarto, era o quarto que tinha a varanda, a qual era em cima da piscina.
-- David! – Um grito veio lá de baixo e eu ia voltar para o primeiro andar, mas a porta se fechou.
-- Vamos conversar apenas nós dois. --  Ela estava atrás de mim, Elise se livrou dos comandos de Hugo.

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