Capítulo 19

4 3 0
                                    

Nós dormimos entre umas árvores, em um lugar onde ninguém poderia nos ver. Ao amanhecer Anna acordou todos nós e disse que precisávamos ir. Fomos até o carro e Thomas disse que haviam cortado os fios do carro, não tinha como consertar. Andamos pela cidade, tentando não chamar atenção. Passamos por algumas pessoas, que nos olhavam, mas não vaziam nenhum alarde. Anna parou em frente uma casa e fez o grupo parar.
-- O que foi? – Guilherme perguntou.
-- Não tem ninguém na casa.
-- O que isso tem a ver? – Guilherme perguntou, mas eu já tinha entendido a ideia de Anna e ela me olhou.
-- Quem tá afim de tomar um banho? – Todos se olharam, rindo.
-- Vamos. – Fui na frente, vi os outros me seguindo e em segundos, já estávamos dentro da casa.
-- Você é uma boa ladra. – Ágata comentou.
-- Gostei. – Seu irmão disse em seguida. A casa era grande, tinha dois andares e era bem iluminada.
-- Vou tomar banho! – Guilherme gritou.
-- Pode esperar! – Anna correu atrás dele.
-- Vamos logo! – Ágata puxou seu irmão e os dois subiram as escadas.
-- Primeiro as damas. – Thomas deu passagem para Alice, Valerie e Jason sumiram em um piscar de olhos, restando eu e Jéssica.
-- Quantos banheiros essa casa deve ter? – Ela perguntou. – Porque ela é enorme. – Ela olhava cada canto e cada objeto.
-- Vamos ver se tem comida? – A convidei e fomos até a cozinha, que por sinal era um compartimento enorme. – Olha o tamanho dessa geladeira. – Abri e me deparei com muita comida guardada.
-- David, olha aqui. – Fui até ela, que estava com um armário aberto a sua frente. Fiquei impressionado com a quantidade de comida que podia caber em um armário. – Devemos comer?
-- Acho que devemos. – Rimos e abrimos uns pacotes de salgados e biscoitos, pegamos uns refrigerantes na geladeira e começamos a comer. Se passou alguns minutos e Anna surgiu na cozinha:
-- O que vocês... Comida! – Ela quase gritou e fez com que todos escutassem, o resto do grupo chegou na cozinha, todos ainda molhados e com roupas novas. – Achei um bolo! – Ela colocou em cima de mesa, pegou uma faca e dividiu para que cada um se servisse.
-- Precisamos tomar banho Jéssica. – Avisei e ela concordou. – Vou para o banheiro de cima.
-- Eu vou para esse daqui. – Ela apontou para a direção que ia.
Subi as escadas e comecei a procurar o banheiro, achei e dentro havia umas toalhas, algumas dobradas e outras molhadas, já usadas. Tirei as roupas e entrei no box, não sei quanto tempo passei debaixo do chuveiro, pois era uma sensação boa, a água estava maravilhosa. Sai e peguei uma das toalhas que estavam dobradas, me enxuguei e procurei roupas limpas, mas não achei.
Enrolei a toalha em volta da cintura e fui tentar encontrar um quarto, para procurar roupas. Encontrei um no fim do corredor e entrei, fui direto ao guarda roupa e peguei uma calça e uma camisa preta, achei sapatos também.
-- Vamos? – Jéssica me achou, ela usava uma blusa que era um pouco grande e um short. – Uau, agora tá muito melhor. – Ela riu.
-- Me sinto mais leve. – Ri de volta e depois voltamos para a cozinha. – Sobrou comida para nós?
-- Vocês já comeram! – Anna disse. – Não vem que não tem.
As horas se passaram e nós decidimos descansar um pouco, pois tínhamos comida e roupas limpas. Ficamos assistindo TV e alguns de nós dormiram, como Alice, Guilherme, Valerie e Jessica, o resto de nós continuamos assistindo.
Passamos o dia sem fazer nada e eu acabei me sentindo um pouco culpado, pois não sabia como estavam Caio e Sarah. Decidimos que íamos passar a noite ali. Até Anna entrar em pânico.
-- O que foi? – Perguntei.
-- Estão chegando. – Ela pulou do sofá. – Os donos da casa estão chegando!
-- O que a gente faz? – Alice perguntou, preocupada.
-- Eles estão quase na porta! – Ela desligou a televisão. – Vamos arrumar as coisas e nos esconder, rápido! – Todos pulamos do sofá e nos espalhamos pela casa, eu fui para a cozinha guardar as comidas e bebidas, mas estava muito bagunçado, joguei os papéis e pacotes vazios no triturador, abri a geladeira e guardei os restos de comida e as garrafas que ainda tinham bebidas, as vazias eu joguei no lixo. Claro que os donos iam perceber que esteve gente aqui, mas que percebesse depois de já termos ido embora. Deixei a cozinha limpa e voltei para a sala para encontrar os outros.
-- Limpei os dois banheiros do segundo andar. – Alice desceu as escadas.
-- Limpamos um dos quartos. – Valerie voltou com Guilherme.
-- Limpamos os banheiros desse andar. – Thomas estava com Jéssica, Jason voltou, avisando que deixou as portas do fundo meio abertas.
-- Bem pensado. – Anna checou mais uma vez a sala. – Estão perto. – Com um estalar de dedos, Guilherme desligou todas as luzes da casa e nós ficamos no escuro, sem enxergar nada, apenas com o brilho da lua refletindo em alguns vidros. – Tentem se esconder, pois eles vão ligar as luzes. – Ninguém sabia para onde ir, todos estavam desesperados. – Se escondam! – Anna gritou e nos espalhamos pela casa novamente. Acabei me escondendo dentro de um guarda-roupas no segundo andar, em segundos a casa ficou toda em silêncio como se não houvesse ninguém. Um barulho ecoou pela casa, era a porta abrindo.
-- Meu amor, eu só quero tomar um banho. – A voz de um homem soou alto pela casa. – Estou exausto.
-- Pai, amanhã a gente tem que ir fazer compras, minhas roupas já estão velhas. – Uma garota falou dessa vez. Um brilho veio do andar de baixo, espero que estejam todos bem escondidos.
-- Minha querida, acabamos de chagar de viajem, resolvemos isso depois. – Dessa vez foi uma mulher que falou e o brilho só aumentava, eles estavam ligando as luzes de todos os compartimentos. Alguém entrou no quarto que eu estava, ligou a luz e ficou mexendo em algo. Até uma das portas do guarda-roupas abrir. Me senti sendo puxado, atravessei a parede, antes da outra porta ser aberta, vi Thomas a minha frente, com o dedo indicador sobre os lábios, pedindo para fazer silêncio.
-- O homem está aqui em cima e as outras duas estão na cozinha, alguns já conseguiram sair da casa, só falta você e Valerie, que eu não sei aonde está. – Ele sussurrou para que só eu ouvisse. – Temos que ir. – Fomos rápido, tentando não fazer barulho.
-- Amor, você mexeu nas comidas? – A mulher perguntou.
-- Não, ainda não comi. – A mulher o chamou e Thomas começou a me puxar. Acabamos entrando em um banheiro, Thomas me segurou e nós passamos pelas paredes, saindo na lateral da casa, corremos até os fundos para encontrar os outros.
-- Aonde está a Valerie? -- Jéssica perguntou.
– Não a achei.
-- Ela está debaixo da cama de um quarto no primeiro andar. – Anna disse, apontando a direção. – É aquele ali.
-- Ok, vou lá. – Thomas começou a andar até a parede e todas as luzes da casa se apagaram. Ele olhou para trás.
-- É uma distração, você chegará lá mais rápido. – Guilherme disse. – Ninguém vai te ver. – Quando ele terminou de falar, Thomas ficou de frente para a parede e a passou, como se fosse uma fina camada de papel se rasgando ao contato dele. Demorou um pouco, mas Thomas conseguiu voltar com Valerie e nós aproveitamos a distração para correr, correr para bem longe. Aqueles momentos de conforto foram maravilhosos, agora nós tínhamos que levar a sério toda essa história, porque era a vida do meu irmão e de Sarah que estão em jogo e o nosso futuro também.

EscuridãoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora