Capítulo 18

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A Anna encontrou uma área isolada e achou melhor todos nós treinarmos, para melhorar as habilidades e os movimentos.
-- E aí, é... Jason e... – Thomas tentou lembrar os nomes deles.
-- Valerie.
-- Isso! – Ele riu. – Nos mostrem do que são capazes. – Uma de suas sobrancelhas se ergueu.
De repente todo o ar ao nosso redor se tornou frio e uma nuvem se formou em cima de nós, em segundos flocos de neve estavam espalhados pelo chão e as terras e plantas foram cobertas por neve. Olhei a expressão de surpresos de cada um e provavelmente a minha estava assim também. Senti um arrepio em meus braços e depois um calafrio percorreu pelo meu corpo.
-- Já tá bom. – Ela estava com os braços erguidos, sua pele morena destacava na neve e seus dreads estavam com alguns flocos presos.
-- Por favor para! – Alice gritou. – Já entendemos! – Ela ficou envergonhada e a neve foi derretendo aos poucos, fazendo tudo voltar ao normal.
-- Desculpa. – Ela deu um sorriso tímido. – É isso que eu faço.
-- E você, Jason? – Thomas perguntou, tentando se aquecer.
-- Eu deixo as pessoas com raiva, felizes, tristes, ansiosas e todo tipo de sentimento que pode imaginar, mas eu prefiro a raiva.
-- Pode nos demonstrar? – Thomas estava com um sorriso de lado, esperando Jason mostrar sua habilidade.
-- Raiva não! – Anna disse, cruzando os braços e olhando pra mim. – Não vai gostar de ver o David com raiva.
-- Ok! – Ninguém viu nada acontecer, até Anna começar a rir, ela dava muitas gargalhadas.
-- O que está acontecendo? – Jéssica perguntou rindo.
-- Eu não sei. – Alice se apoiava nela, pois não aguentava de tanto rir. Depois todos estávamos rindo, mas eu ria por ver os outros rindo, pois Jason não fez nada comigo.
-- É isso que eu faço, não acho grande coisa, mas é isso. – Ele disse, falando comigo como se eu fosse alguém superior.
-- Está brincando? – Parecia que ele não tinha noção do que era capaz. – Você é incrível, assim como os outros.
-- Não mais do que você.
-- Cara, nós somos únicos aqui, somos especiais, cada habilidade é especial, não escolhemos quem ser ou qual habilidade ter. O meu não é tão legal assim, tenho muito medo, pois além de salvar, posso matar todos os meus amigos. – Paramos para refletir. – Ok, agora faz eles pararem de rir, estão fazendo muito barulho.
-- Tudo bem. – Assim, todos voltaram a ficar sérios, vi Alice tirando uma lágrima dos cantos dos olhos, tentando ficar séria, mas ainda sobre efeito do riso.
-- Não faz mais isso! – Anna quase gritou.
-- Ei, calma. – Tentei sossega-la.
Thomas deu um abraço nos dois e lhes deu boas vindas, treinamos até o pôr do sol, decidi treinar a sós com Anna, pois era mais seguro para os outros.
-- Preparado? – Apenas balancei a cabeça. – Pode me bater, lembra, eu me curo. – Os raios começaram a percorrer seus braços. – Outro lembrete, eles não vão pegar leve! – Quando ela terminou de falar um raio veio em minha direção e eu me joguei no chão, desviando do qual acertou um poste. Ataquei sem que ela percebesse e desferi um soco em seu estômago. – Essa doeu! Olha essa! – Seu pé bateu nas minhas partes íntimas e a dor foi insuportável, ela não ligou, apenas me deu um soco tão forte que me fez cair.
-- Qual é? – Limpei o sangue no canto da boca.
-- David, tem que entender que na primeira oportunidade eles vão te matar. – Naquele instante eu peguei um pouco de terra que estava abaixo de mim e joguei nela, que colocou a mão no rosto, logo em seguida eu pulei em cima dela, derrubando-a.
-- Quer que eu tire sangue? – Ela riu e bateu a cabeça dela contra a minha. Seus raios vieram até mim e eu pensei naquele campo de força, que em instantes, me protegeu, fiz o mesmo da primeira vez e lancei o raio de volta. Ela desviou. – Muito bom, aprendeu comigo.
-- Engraçadinho. – Outra raio e mais outro, consegui segura-los e lança-los de volta. – Quase me acerta.
-- Essa era a intenção! – Corri em sua direção e ela lançou raios em sua defesa, mas eu me joguei no chão, escorregando até suas pernas e a derrubando. Ela caiu em cima de mim. – Espera, agora eu cansei.
-- Certo. – Ela se levantou e me ajudou. – Agora quero que faça uma coisa. – Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e respirou fundo. – Quero que aprenda a controlar sua escuridão.
-- Como? – Eu não fazia ideia de como controlar isso.
-- Apenas pense na escuridão. – Ela chegou perto. – Vou te acompanhar. – Fiz o que ela pediu, fechei os olhos e pensei naquilo que havia dentro de mim, naquela força, naquela dor, naquela raiva. – Está funcionando. – Abri os olhos e vi aquela névoa escura me cercando, na minha frente estava Anna. – Tenta manter.
-- Ok, vou tentar. – A névoa era densa e parecia bem forte, fiquei admirando por alguns segundos.
-- Agora tenta lançar, igual eu faço com os raios. – Lançar? Só pode estar ficando louca. – Isso, lançar e se me chamar de louca mais uma vez eu faço cair um raio em cima de você. – Droga!
Ela se deslocou para a minha direita e ficou me olhando, esperando eu fazer o que ela ordenou. Olhei para uma árvore que havia a alguns centímetros de distância e lancei, era uma sensação boa, como se eu nascesse para isso. A árvore a minha frente começou a sentir os efeitos da névoa, suas folhas começaram a cair uma por uma, seu caule foi secando e se curvando, ela estava morrendo.
-- Isso é assustador. – Anna estava sem palavras, apenas escutou eu falando. Suas mãos se encheram de faíscas:
-- Agora você tem que acertar isso. – Ela lançou as pequenas faíscas no ar e ficaram flutuando a nossa frente. – Tenta lançar com menos precisão, pra que a névoa saia menor. – Tentei o que ela sugeriu e deu certo, consegui manipular pequenas porções de névoas e atirar cada uma contra as faíscas, mas isso foi uma péssima ideia, ao se encontrar com as faíscas, todas explodiram, nos derrubando no chão, acabei batendo minha cabeça e ficando tonto. Perdi a névoa. – Vamos tentar de novo.
-- O que foi isso? – Guilherme apareceu, com o resto do grupo o seguindo. – Escutamos um barulhão vindo daqui, vocês estão bem?
-- Só um pouco tonto, mas estou bem. – Respondi
-- Estou bem, mas agora David, tenta ter controle sobre a névoa, mas sem expor ela.
As horas se passaram e eu só melhorava ainda mais, Anna é uma boa professora. Consegui manipular a escuridão de todas as formas e os outros ficaram olhando, impressionados. Eu só tinha que pensar e concentrar, que tudo ia ficar bem, pelo menos era o que eu esperava. Agora eu só quero encontrar esse monstro que mandou pegar meu irmão e Sarah, eu só quero resgata-los, saber que eles estão bem, pois minha preocupação aumenta a cada dia.
Decidimos ir para a cidade mais próxima, para procurar água e comida, fomos no carro de Thomas, pois ele ainda tinha seu carro e havia escondido antes de me tirar da cadeia. Chegamos lá a noite, porque era mais longe do que pensávamos, ninguém falou nada o caminho todo e eu estava com muita fome. Como das últimas vezes, tentamos não fazer barulho, Thomas estacionou o carro e nos reunimos para ver o quanto de dinheiro ainda tínhamos, eu já tinha pouco e juntei com Anna, Thomas também tinha e nos deu.
-- Vamos ver o que tem para comer. – Fomos todos juntos até uma lanchonete pequena, compramos o suficiente para dividir e alimentar todos.
-- Vou no banheiro. – Avisei e sai, o banheiro era na esquina, entrei, fiz o que precisava fazer e na saída me deparei com aquela garota novamente. – Você está me seguindo?
-- Tecnicamente sim. – Ela estava encostada em um carro, com os braços cruzados, seu cabelo estava amarrado.
-- O que você quer de mim? – Perguntei. – Uns dias atrás tentou me matar, agora quer conversar?
-- Mas eu não quero conversar David. – Passei por ela, mas ela veio me seguindo. – Só vim avisar que sua hora tá chegando e você vai se arrepender de ter se envolvido nisso. – Ela deu um sorriso demoníaco. – Tchauzinho.
-- Cadê ela? – Anna surgiu, me assustando. – Por que não a matou? – Anna estava estressada.
-- Quem?
-- Aquela garota que tentou te matar, eu sei que ela estava aqui.
-- Sim, ela estava, veio avisar que minha hora está chegando e foi embora.
-- Nós vamos fazer isso juntos. – Ela segurou minha mão. – David, sabe que todos nós podemos morrer né? – Confirmei com a cabeça. – Não quero que pense que a responsabilidade é sua, pois todos estamos esperando de você, mas não éramos pra ter feito isso... Não éramos para estar fazendo isso. Somos um grupo, vamos lutar juntos, ninguém vai ficar sozinho. – Ela me abraçou, era daquilo que eu precisava, saber que eu nunca estaria sozinho foi a melhor coisa, eu tinha força pra lutar, nós temos força pra lutar.

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