38 • O teste de Gabriela

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A determinação de Gabi me deixava muito contente, pois era visível em seu olhar a esperança de algo possível de ser conquistado.

Até então ela não havia nos mostrado como dançava, apenas Amalie havia visto e garantia sempre que estava muito bom, já Gabriela rebatia dizendo não estar legal o suficiente.

— Vocês vão me assistir, né? — ela perguntou receosa de possíveis respostas negativas.

— Mas claro que sim! — todos dissemos em coro.

Gabi deu um sorriso e tomou mais um gole de seu suco.

***

Na aula de Inglês — a penúltima antes do almoço — pedi para que fosse ao banheiro, e quando concedido, levantei depressa.

A sala de Inglês era bem perto dos banheiros, portanto não demorei nem um minuto para chegar. Quando terminei o que tinha ido fazer, saí para que pudesse tomar água no bebedouro, mas tive que aguardar uma garota terminar de encher sua garrafinha.

A garota vestia uma saia acima dos joelhos e a jaqueta do Clube de Esportes, se não fosse pelo cabelo encaracolado, eu jamais poderia imaginar ser...

— Ah, você — Caroline disse quando se virou para trás e me viu.

Fiquei sem entender muito bem o porquê de ela ter falado aquilo, nunca havíamos trocado nem uma só palavra.

Caroline era do tipo de garota que com seu olhar hipnotizava qualquer um que ousasse o cruzar. Seus lábios eram grossos; talvez fosse por isso que quando falava, levava os garotos a um outro mundo, menos eu.

— Com licença? — perguntei.

— Você é aquele amigo do Vinicius, né?

Assenti e deixei com que ela continuasse.

— Sabe, às vezes acho que ele está mais apaixonado por você do que por mim... antes de vocês voltarem a se falar ou seja lá o que é isto que vocês fazem, ele só falava sobre você e tudo mais — Ela revirava os olhos e fazia questão de demonstrar desgosto com a situação.

— Bom, eu não sei o que dizer, Caroline... eu só queria tomar água.

Ela deu um passo para o lado e com a mão permitiu com que eu pudesse chegar ao bebedouro. 

Caroline ficou parada ali, apenas me observando de certa forma empinar a bunda para que pudesse tomar água. Foi um pouco constrangedor. Ela continuou o diálogo.

— O Vinicius é gay?

Me engasguei com a água e tentava recuperar o ar, pois água saia do meu nariz enquanto eu tossia sem parar. Caroline começou a dar leves tapas nas minhas costas. Depois de um minuto, finalmente podia dizer alguma coisa.

— Caroline — eu respirei fundo e olhei fundo em seus olhos, — acho que vocês dois devem conversar, então só assim vai saber.

— É... — ela permaneceu pensativa por um momento, — faz um tempo mesmo que não sentimos mais o calor de antes.

Caroline — uma das líderes de torcida, vulgo namorada do meu melhor amigo — estava na minha frente se abrindo com alguém — vulgo eu — do qual nunca havia conversado antes na vida.

Sempre idealizei na minha cabeça nossa primeira conversa; era sempre a mesma coisa: ou eu a imaginava olhando feio para mim, ou esbarrando em mim, ou cochichando sobre mim com alguma de suas amigas, entretanto, o que estava realmente acontecendo era, de longe, o que eu passei meses me preparando para enfrentar.

Coloquei a mão em seu ombro.

— Sabe... acho que nenhum ser humano merece ficar junto com alguém que não corresponde mais os sentimentos, Carol.

O melhor ano do nosso colegial (Wattpad Edition)Onde histórias criam vida. Descubra agora