Capítulo 10

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Ponto de vista de Peter Cook

Eu me senti tão mais leve depois que me confessei, pensei que finalmente teria uma noite boa e calma de sono, já que havia tirado aquele peso das minhas costas... Mas a noite foi tão ruim quanto às outras. Dessa vez o sonho era outro e parecia mais real.

Em meu sonho eu estava dormindo, sim, eu sonhei que estava dormindo. Que originalidade do meu cérebro, e sentia alguém passando a mão por cima do meu rosto, acariciando-o. O toque da pessoa era frio, isso me fez levantar num salto. Olhei para o outro lado da cama e a vi lá deitada.

– Margot, o que faz aqui? - perguntei assustado e me afastando do toque frio dela. Seus olhos passaram de serenos para raivosos em segundos.

– Não sou aquela vadia! Sou eu, a única que sempre te amou, seu ingrato! - disse ela com raiva.

– Madison? - atrevi-me a perguntar.

– A única. - disse ela com um olhar superior.

– O que faz aqui? - perguntei.

Eu me comportei como se tudo fosse real, até porque no sonho eu tinha essa sensação. O estranho é que no sonho eu tinha o controle das minhas ações, ou pelo menos essa era a impressão que eu tinha.

– Eu? Eu vim te ver, meu amor. - disse ela, já mais calma.

– Madison, você precisa seguir o caminho da luz, ficar no mundo terreno só te prejudicará.

– Você não sabe de nada. Eu fico onde eu quiser!

– Eu falarei com o padre Jason e nós tentaremos te ajudar, é só você deixar.

– Não se atreva, eu vou para onde eu quiser! - disse ela já ficando irritada novamente. – Sabe, amor, eu descobri que é muito mais vantajoso estar do lado oposto ao que você quer me levar, e não pretendo sair dele.

– Não faça a escolha errada, sua alma pode sofrer pela eternidade.

– Você não sabe de nada.

– Deixe-me ajudá-la.

– A única coisa que você pode fazer por mim é aceitar o meu convite.

– Que convite?

– Venha comigo meu amor, para vivermos a eternidade juntos sem mais ninguém nos atrapalhar.

Ela esticou sua mão para mim em forma de convite. Olhei para a sua mão e não era uma mão humana, pelo menos não de uma viva. Sua mão era esquelética, não possuía pele e nem carne, era somente o esqueleto. Olhei para ela assustado e ela sorria.

– Não. - eu disse assustado me afastando dela na cama.

Ela ficou irada e foi avançando para o meu lado com aquela mão agora apontada para mim.

– O quê? - ela perguntou com ódio.

– Não. - Atrevi-me a falar novamente.

Ela rangeu os dentes e me atacou. Eu cai da cama, mas a dor que eu senti não foi de uma simples queda da cama, mas sim de uma queda de uns três metros de altura. Ao cair, ouvi meus ossos quebrarem e a dor tomar conta do meu corpo. Logo ela estava em cima de mim olhando-me com raiva.

– Serei até bem clichê, se você não for meu, não será de mais ninguém! - ela disse.

Depois disso eu acordei. Eu havia caído da cama durante o sonho e agora estava no chão. Respirei fundo, aquele sonho havia me assustado mais que os outros. Tentei me apoiar em minhas mãos para levantar, mas uma delas não respondeu. Ao passar pelo susto do sonho, a dor veio. Meu braço direito estava doendo muito. Levantei com dificuldade apoiado num braço só e fui atrás dos meus pais, algo me dizia que o meu braço podia ter sido machucado na queda da cama.

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