Capítulo 4

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Ponto de vista de Margot Jonhson

Segui até a cozinha e abri a porta que liga a casa ao quintal dos fundos. A menina estava sentada no balanço fitando o chão. 

– Quem é você? O que está fazendo aqui sozinha uma hora dessas? – perguntei me agachando em frente à menina. 

Ela levantou o rosto e me olhou, ela era extremamente pálida e tinha grandes olheiras pretas ao redor dos olhos. Assustei-me com a aparência da garota e até pensei em levantar e sair correndo, mas algo me impediu.

– Eu preciso da sua ajuda, muitas pessoas precisam da sua ajuda. – ela falou e levantou do balanço.

A pequena menina seguiu em direção a rua. Eu não sabia porque diabos eu estava fazendo aquilo, mas eu fui atrás dela.

– Que tipo de ajuda você precisa? Talvez, eu não consiga ajudar, mas posso encontrar alguém que consiga. – falei.

A menina não me respondeu, nem ao menos me olhou, apenas continuou andando. Quando me dei conta, nós já estávamos muito longe da minha casa. A garota entrou em um lugar com muros altos e portões de ferro, e eu a observei por alguns segundos ainda tentando decidir se continuava a segui-la ou não. Aquilo tudo estava muito estranho, onde estavam os pais daquela menina? Quem era aquela menina?

Por fim, a curiosidade foi mais forte e eu passei pela pequena abertura que havia no portão do local. Um arrepio percorreu todo o meu corpo assim que eu entrei naquele local e eu logo entendi onde eu estava. Eu sempre sentia arrepios nesse tipo de local, acontecia com freqüência. Era um cemitério frio, sombrio e assustador. 

Lodo a minha frente, apareceu uma espécie de procissão, com pessoas com velas nas mãos andando em filas. Eu dei alguns passos para trás para tentar sair dali, mas ao olhar para trás, vi que passavam mais alguns pelo portão. Eu estava cercada por aquelas "pessoas". Eu não sabia quem eles eram, mas com certeza não eram realmente pessoas. Para fugir deles, corri para o meio das sepulturas.

A menina que me trouxe até o cemitério estava agora sentada em cima de um dos túmulos. Ela balançava as pernas e via a procissão passar sem demonstrar preocupação alguma. Caminhei até o local onde ela estava e olhei fixamente para ela, a qual cantarolava alguma cantiga. Ela não aparentava ter mais de dez anos.

De relance, olhei para a lápide que estava fixada no túmulo e lá havia a foto da menina e seu nome. Era ela, era a mesma menina, não tinha como negar. Na foto, seu rosto parecia realmente de uma criança, uma criança saudável e feliz. Ela possuía um largo sorriso que ia de orelha a orelha. A menina de agora, a que estava sentada no túmulo, ela parecia estar doente e não muito feliz. 

Virei-me para sair correndo, mas antes que eu pudesse fazer isso, uma garota parou na minha frente. Ela parecia estar com dor, parecia estar sofrendo.

– Me ajuda, por favor – a garota pediu.

Eu queria que aquilo fosse um sonho. Aliás, aquilo era um sonho e eu iria acordar a qualquer momento, eu sei disso. Assim como o sonho com o homem em meu quarto, esse aqui também terminaria e eu estaria a salvo na minha cama.

– Por favor. – a garota pediu novamente.

– Eu não posso ajudar você, eu não posso ajudar ninguém. Isso é um sonho, é um sonho! - eu afirmava enquanto sentava no chão do lugar e fechava os meus olhos. Aquilo não era real, aquilo não era real.

­– Ele me estuprou, me matou e me jogou em um valo. Eu queria pelo menos um enterro digno, meus pais estão desesperado. Por favor, me ajuda. – dizia a garota.

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