Capítulo 3

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Ponto de vista de Margot Jonhson

Parei em frente à Madison. Eu queria abraçá-la, queria tocá-la. Queria muito que aquilo fosse real, que ela fosse real, e que a pessoa que estava dentro do caixão a poucos metros da gente não fosse a minha irmã. Havia uma aura escura e sombria ao redor dela, a sua expressão era assustadora. Levantei a minha mão para tocá-la, mas acabei desistindo. Tinha algo de estranho nela.

Ao redor da gente, começaram a surgir alguns seres humanoides negros, os quais foram se aproximando dela vagarosamente. Comecei a entrar em desespero, eu queria protegê-la, não queria que eles a levassem.

– Não a levem, não toquem nela, saiam de perto dela! – eu falava desesperada tentando puxar a minha irmã. Eu conseguia tocá-la, por algum motivo eu conseguia tocá-la.

Madison não se moveu e aqueles seres continuaram a se aproximar e a nos cercar. Ela estava séria, parecia não estar com medo. Diferente dela, eu estava apavorada, não sabia o que fazer. Da última vez que eu vi aqueles seres, eu encontrei o corpo da minha irmã. Eles eram sinal de coisa ruim.

– Madison, por favor, vem comigo. – Implorei, mas ela nem olhou na minha direção.

Soltei-a, pois puxá-la não estava adiantando de nada, e comecei a rezar. Das outras vezes que vi seres ruins ou assustadores, rezar me ajudou bastante. Infelizmente, ver aquele tipo de coisa não era incomum para mim.

Eu não conseguia distinguir os seres negros, eles tinham formas humanas, mas eram como pessoas totalmente cobertas dos pés a cabeça. Eles não tinham rosto e nem uma forma perfeitamente definida, mas dava para distinguir um pouco os braços e as pernas, assim como o tronco e a cabeça deles. Eles também possuíam alturas e corpos variados.

Assim que eu comecei a rezar, um desses seres virou o que parecia a cabeça na minha direção. Meu coração acelerou mais ainda nesse momento e eu logo fiquei com ânsia de vômito. O que estava acontecendo? Ele que estava fazendo aquilo comigo ou era só o meu nervosismo? Madison não fazia nada, ou melhor, ela ria, ela estava rindo, mas do que ela estava rindo?

Um dos seres negros correu em minha direção e pulou em cima de mim. Gritei alto por conta do susto e caí no chão com tudo. O ser simplesmente sumiu na hora em que encontramos o chão. Olhei assustada em volta e todos os outros tinham sumido também, assim como a Madison. Eles a levaram, eles a levarem de mim! Eu a perdi, falhei com ela novamente.

Eu ainda estava atordoada com os acontecimentos dos últimos minutos quando senti alguém me puxando do chão. Olhei para trás e vi que era Peter, o namorado da minha irmã. Minha respiração estava tão ofegante e em meus olhos já estavam descendo lágrimas. Eu o abracei e ele retribuiu com um abraço forte e caloroso. Eu não contaria o que aconteceu, já bastava eu ter fama de estranha, não queria ter a fama de louca também. Por pior que fosse, eu sabia que era exatamente aquilo que estava acontecendo comigo, eu estava ficando louca.

– Eu sinto muito, eu... – disse ele quase como um sussurro.

– Eu também sinto.

(...)

Eu fitava a janela do carro olhando para a rua gélida e a paisagem sombria de outubro. Tudo parecia tão triste, meus pais não disseram nada desde o momento em que saímos do cemitério. Senti o carro parar e só aí me dei conta de que estávamos em frente a nossa casa. Assim que meus pais desceram do carro, eu fiz o mesmo. Minha mãe me puxou e passou o braço por cima dos meus ombros e eu envolvi a sua cintura. Os olhos dela estavam inchados de tanto chorar e com olheiras enormes. Ela me deu um olhar triste e eu retribui, e assim caminhamos até a porta que meu pai já havia aberto.

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