Capítulo 6

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Ponto de vista de Margot Johnson

– Dormiu bem? – alguém perguntou.

Nem precisei olhá-lo para saber que era o mesmo menino que eu havia encontrado na madrugada.

– Me deixa em paz. – respondi curta e grossa, acelerando meu passo em seguida. Será que eu não conseguiria ter paz?

– Calma, eu só quero ajudar. – respondeu ele já me alcançando e ficando ao meu lado.

– Recuso a sua ajuda.

Sério isso? Eu estava mesmo falando com uma alucinação? Eu estou louca, disso não tenho dúvidas.

– Você está assustada, posso perceber isso. Olha, será que não seria mais fácil você aceitar a minha ajuda e assim aprender a entender seus dons?

– É tudo coisa da minha cabeça. É tudo coisa da minha cabeça. É tudo coisa da minha cabeça. É tudo coisa da minha cabeça... – fiquei repetindo para mim mesma.

– Sabe como os espíritos te perceberam no cemitério? Você começa a respirar ofegante e o seu coração a bater mais rápido quando está com medo, assim como estava ontem e como está fazendo agora.

– É tudo coisa da minha cabeça. É tudo coisa da minha cabeça... – continuei repetindo para mim, ignorando o que ele estava falando.

– Não entendo o medo que você tem de mim... Eu te ajudei ontem, se eu quisesse te fazer algum mal, eu já teria feito. – disse ele como se fosse óbvio.

– Olha aqui, você não existe, é só fruto da minha imaginação.

– Se eu sou fruto da sua imaginação, por que você tem tanto medo de mim?

– Porque... Porque... – eu não tinha uma resposta para aquilo, aquele loiro me pegou com essa pergunta. Desgraçado. 

– Meu nome é Evan. – disse ele, e eu não respondi nada, então ele continuou. – Eu não sou como esses espíritos que ficam vagando na terra. Eu fui mandado aqui para te ajudar a ajudar esses espíritos. O Senhor sempre escolhe algumas pessoas e lhes cede esse maravilhoso dom para que elas o ajudem a resgatar essas almas perdidas. Quando algumas usam isso para ganhar dinheiro e não mais para ajudar, ele retira os dons dessas pessoas. Por isso existem tantos charlatães por aí que enganam tão bem, pois eles sabem como é ter poderes e ter acesso ao que tantos outros não têm... Acho que desviei o foco da conversa. – disse ele soltando um riso fraco. – Estou tentando apenas conversar com você, por que você não me dá uma chance de te ajudar?

– Porque eu não quero isso, não quero ver essas coisas, não quero esses dons. Eu só quero ser uma pessoa normal e levar a minha vida. – respondi com raiva.

Parei de falar assim que uma moto parou ao meu lado.

– Margot, está tudo bem? – perguntou Peter logo após tirar seu capacete e me encarar preocupado.

– Está sim. – respondi rapidamente. Ótimo, agora o Peter pensa que eu sou louca.

– Quer carona? – ele me estendendo um capacete, que eu logo peguei.

– Quero sim, obrigada. – respondi colocando o capacete em minha cabeça.

Subi na moto sem pensar duas vezes, eu queria me livrar daquele tal de Evan. Peter engatou a moto e eu dei uma ultima olhada para o Evan, este sorria para mim e para o Peter de um modo carinhoso.

Não demorou muito e já estávamos em frente a nossa escola. Peter parou a moto e estendeu a mão para me ajudar a descer. Apoiei-me e desci, tirando o capacete em seguida. Ele desceu e fez o mesmo. Mal tínhamos chegado e muitas pessoas já nos olhavam, umas até cochichavam. Senti-me exposta já me arrependendo de ter vindo. Peter aparentou ter percebido o que eu estava sentindo e me lançou um olhar amigável.

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