49_ Seu vôo sai as 13h!

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Naquela noite, depois de tomar um bom banho e tirar toda aquela maquiagem e o vestido eu me deitei na cama. Estava exausta, porém feliz.

Bem, acho que deveria contar ao papai isso. Agora que ele esta se preocupando comigo, acho que ele merece saber.

Peguei o meu celular e sai do quarto. Mel já estava dormindo, assim como os outros, pelo menos eu acho que estam dormindo né kk.

Fui até a sala e abri a porta. Sai na varanda e me sentei no degrau que tinha ali.

Disquei o número dele e liguei.

- Atende. - Falo baixo pra mim mesmo ao ouvir chamar. - Droga! - Ele não entendeu. Tentei de novo, mas nada. Resolvi tentar pela última vez. - Por favooor.

- Alô! - Ouço meu pai e sorrio.

- Oi pai! Liguei em hora errada?

- Claro que não filha. Aconteceu alguma coisa?

- Então, eu te liguei para dar uma notícia.

- Que notícia? É ruim?

- Não pai. - Rio. - É muito boa na verdade.

- Ah então conta logo.

Respirei fundo mais uma vez.

- Eu to namorando! - Falo mas ele não diz nada. Apenas predomina um silêncio horrivel. - Pai?

- Han, oi.

- Você ouviu o que eu disse? Estou namorando!

- Quem?

- Lembra do vizinho que eu disse que tocava bateria de madrugada e não me deixava dormir?

- Sei. - Meu pai estava falando diferente. Estava totalmente seco.

- Então, é com ele.

- Ah entendi. Era só isso?

Paro de sorrir. Ele não parecia feliz por mim, na verdade, parecia que tinha ficado muito decepcionante.

- Era sim. - Falo baixo.

- Desculpa filha, preciso desligar agora. - Ele diz e desliga sem nem ao menos eu responder.

Abaixei minha mão em que segurava o celular e olhei pro chão. Por que ele agiu dessa maneira? Será que ele não gostou de eu estar namorando? O que há com ele!

Por um momento ele pareceu o mesmo pai que foi durante toda a minha vida.

- Fê? O que faz aqui a essa hora sozinha? - Vejo Cold parado em minha frente.

- Ah... nada de mais. Eu só ... só tava falando com meu pai. - Sorrio fraco.

- Ah... e ta tudo bem com ele? - Cold se senta ao meu lado e eu encosto minha cabeça em seu ombro.

- Ta sim.

- Fê? Aconteceu alguma coisa? Você parece triste. - Olho pra ele e forço um sorriso.

- Não é nada não. É... só saudade. - Ele passa a mão no meu rosto com um olhar carinhoso de quem me compreendia.

Por um momento pairou um silêncio entre nós. Mas eu não ligava. Estava bom, era bom estar com ele, mesmo quando nenhuma palavra é dita.

Depois de uns segundos, o Cold resolveu quebrar o silêncio.

- Er... meu aniversário está chegando. - Ele sorri.

- Sério? É quando? - Sorrio pra ele.

- No domingo. - Ele me abraça de lado.

- Tem preferência de algum presente? - Pergunto sorrindo convencida.

- Contando que você esteja comigo, já estarei muito feliz.  - Ele me beija.

- Estarei. - Sorrio.

Encostei minha cabeça em seu ombro novamente e fechei meus olhos.

Espero que eu e ele nunca nos afastemos.

Depois de um tempinho ali, acho que o Cold percebeu que estava meio tarde.

- Fê?

- Hum? - Olho pra ele.

- Está tarde... é melhor entrar. - Ele se levanta. Me levantei em seguida e o abraçei. - Vê se não fica mais aqui fora a essa hora. É perigoso. - Ele diz segurando meu rosto.

- Ta bom, amor. - Sorrio.

- Ahhh fala de novo. - Ele sorri.

- O que? - Rio.

- Me chama de amor de novo.

- Ah Cold. - Rio.

- Por favooor. - Ele implora fazendo bico, coisa que não consigo resistir né.

- Ta, meu amor! - Ele sorri todo bobo e depois me beija novamente.

- Vai lá. - O abraço novamente e entro em casa.

Voltei pro quarto e vi a Gaya deitada na minha cama. Fui até ela e me dei ao seu lado. Rapidamente peguei no sono.

[...]

- FERNANDAAA!!! ATENDE ESSA MERDA DESSE CELULAR!! QUE INFERNO! - Acordo no susto como sempre com os gritos da Mel.

Percebo que meu celular está tocando, de primeira pensei que fosse alarme, mas me lembrei que hoje é domingo. Não tenho alarme aos domingos.

O peguei e vi que meu pai estava me ligando. As 6h da manhã, o que será que houve?

Atendi o celular ainda exitando e esfreguei meus olhos.

- A.. alô! - Falo e minha voz sai meia rouca.

- Fernanda? - Meu pai me diz. Algo está estranho em seu tom de voz.

- O.. oi .. pai. - Me enrolo um pouco devido o sono, não funciono muito bem as 6h da manhã.

- Tive que ligar essa hora porque vou pro trabalho daqui a pouco. Mas, eu só queria dizer que já comprei suas passagens.

- Minhas passagens? Que passagens?

- Suas passagens para o Brasil. Você vai voltar no vôo das 13h.

- O QUE? Como assim??

- Eu não quero que namore com esse garoto! Você nem o conhece direito Fernanda! Não seja atirada.

- Atirada?? Eu não sou atirada! Você sabe muito bem disso! Eu conheço muito bem o Cold e não vou desistir dele por que VOCÊ o julga sem conhecer!

- Você vai voltar hoje Fernanda! Não perca o vôo.

- Eu não vou pra lugar nenhum!!

- Olha como fala comigo garota mimada!

- Uma coisa que eu não fui é mimada por você! E eu não vou voltar! Eu lutei sozinha para chegar até aqui e não vou voltar simplesmente por que te deu vontade!

- O vôo sai as 13h e espero que esteja nele! - E assim ele desliga.

Não havia notado, mas a Mel estava prestando atenção na conversa. Olhei pra ela e ela me olhava preocupada.

- Ele quer que você volte?

- É. - Ponho o celular na cama ao meu lado. - Até parece que vou voltar. Eu cheguei até aqui sozinha e não é por vontade dele que eu vou desistir. - Falo e sinto uma lagrima escorrer ao conto de um dos meus olhos. Mel saiu de sua cama e veio até mim.

- Não fica assim Fê. Seu pai sempre foi dessas coisas. E ele não pode te obrigar a ir. - Ela se deita ao meu lado e eu encosto minha cabeça em seu ombro.

- É que eu... - Falo mas não termino a frase.

- Pensou que ele tinha mudado? - Assinto e ela continua com seu olhar preocupado. - Não fica assim. Ele deve estar num dia ruim.

- Ele está fazendo do meu dia ruim.

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Meu VizinhoWhere stories live. Discover now