– Não ligue para nenhum deles. – disse ele e eu assenti em resposta.

Entramos no prédio em que funcionava nossa escola e nos dirigimos para a nossa sala de matemática, a qual seria a primeira aula. No caminho, várias pessoas nos pararam para desejar pêsames ao Peter e, consequente, a mim quando me notavam ao lado dele.

Toda aquela situação era horrível, todos ali sabiam do ocorrido e me olhavam com uma mistura de curiosidade e de pena. Se não fosse pelo Peter, nem sei como teria sido. Ele estava ao meu lado e sei que ele estava partilhando da mesma dor que a minha, o que de certa forma me confortava.

Quando entramos na nossa sala, os amigos do Peter foram em direção a ele. Achei melhor sair e deixá-los a sós. Sentei-me no lugar que sempre sento, tirei meu material de matemática da bolsa e comecei a fitar a porta esperando que o professor aparecesse. Mas, antes que o professor chegasse, uma certa assombração passou por aquela porta e veio para o meu lado.

– Oi. – ele disse sorrindo. Muito cara de pau. – Não precisa me responder, pois sei que vão te chamar de louca, já que eles não podem me ver.

Eu escrevi no meu caderno e mostrei a ele:

"Vai embora, some daqui!"

Ele leu e sorriu.

– Boa ideia! – ele disse sorridente. – Margot, eu não posso deixá-la sozinha, pois você corre perigo. Eu estou aqui para te proteger e é isso que eu farei, caso você queira ou não.

Bufei e comecei a olhar para o sentido oposto ao que ele estava.

– Você é engraçada sabe... Muito teimosa. Olha, eu estou cuidando de você desde quando te encontrei naquela rua... Aconteceu algo com você? Você até dormiu melhor porque eu não deixei nenhuma criatura ruim ficar no seu quarto.

Continuei ignorando o Evan, mesmo que ele me passasse certa paz. Olhei para o Peter e ele estava entre a cadeira que a Madison costumava sentar e a que ele costumava sentar. A Madison sentava ao meu lado direito e o Bernardo ao lado direito dela. Ele parecia confuso e sem saber onde sentar. Sem a Madison, aquela cadeira possivelmente ficaria vazia entre nós.

– Acho que você deve chamá-lo para sentar ao seu lado. – Evan disse, mas eu o ignorei novamente.

Eu desviei o olhar, não queria influenciar na escolha dele, até porque eu não sabia onde eu queria que ele sentasse. Mesmo que eu quisesse o apoio do Peter na escola, que ele ficasse próximo a mim, não sei se eu estava realmente preparada para ver outra pessoa ocupando a cadeira da Madison. Eu nem lembro há quanto tempo ela sentava ao meu lado direito em todas as aulas. Mas, ao mesmo tempo, ver aquela cadeira vazia também era doloroso, lembrava-me da ausência dela na minha vida agora, lembrava-me do que tinha acontecido com ela.

Por fim, ele sentou na cadeira da Madison e soltou um sorriso fraco para mim, o qual eu retribui da mesma forma.


Ponto de vista de Madison Johnson

– Jared. – gritei irada quando o encontrei.

Jared era um demônio de poder médio. Ele estava sentado na sua espécie de trono e não demonstrou reação alguma ao me ver gritando por ele, apenas bebeu mais um gole do seu vinho e esperou que eu continuasse.

– Como assim os seus subordinados não conseguiram mais entrar no quarto da Margot? – perguntei com raiva. – Eu estava no quarto do Peter cuidando do sonho dele e imaginando que os seus estivessem fazendo o mesmo com a minha irmã, mas, quando eu chego aqui, dizem-me que ela saiu durante a madrugada e quando voltou, eles não conseguiram mais entrar no quarto dela.

Jared bebeu mais um gole do vinho e encarou o nada novamente pensativo.

– Deve ter algum espírito a ajudando. Meus criados não podem com espíritos. – ele me respondeu. – Quem sabe até um anjo... – continuou ele pensativo. – Só saberemos quando o encontrarmos.

– E o que faremos agora? – perguntei.

– Se for apenas um espírito, você consegue dar conta. É só lembrar-se o porquê de você sentir tanta raiva, ódio, rancor e desprezo, e isso te deixará mais forte. Caso seja um anjo, então eu entro na jogada e o tiro do seu caminho. Mas claro, não esqueça o nosso combinado, ok?

– Já disse que farei tudo o que você quiser assim que eu conseguir a minha vingança.

Ele sorriu para mim da mesma forma assustadora de sempre.

– Ótimo. Mandarei meus criados ficarem de olho na sua irmãzinha e descobrirem o que está acontecendo. Agora saia que eu tenho mais o que fazer. – ele disse e depois apontou para a saída.

Não falei mais nada, apenas saí. 

MóbileWhere stories live. Discover now